Conheça os encantos de Nan Madol, uma das maravilhas do mundo antigo, praticamente desconhecida.
Ao longo da história, muitos mistérios foram resolvidos. A humanidade sempre procurou resolver os mistérios da Natureza, constatar as suas leias. No entanto, muitas pessoas também contribuíram para deixar uma série de mistérios que se prolongaram no tempo, permanecendo por desvendar.
Nan Madol é uma cidade perdida que merece ser descoberta. Conheça os encantos de Nan Madol, uma das maravilhas do mundo antigo, praticamente desconhecida.
Nan Madol, a misteriosa cidade perdida no Oceano Pacífico
Contexto
A Oceânia é o menor dos continentes. Este continente encontra-se no hemisfério sul, sendo composto pela Austrália e pelas ilhas do Pacífico. Por aqui, situa-se o maior agrupamento de ilhas do planeta.
Há cerca de 10 mil ilhas que permitem a formação de 14 países, nações que se encontram espalhadas por três grandes regiões do Pacífico. São elas: Micronésia, Melanésia e Polinésia.
Estas regiões raramente têm espaço mediático. Só acontece quando se encontram ameaçadas de serem engolidas pelo mar (como Tuvalu ou Kiribati, por exemplo). A ilha de Pohnpei está neste continente. Esta ilha da Micronésia tem um grande mistério…
Localização de Nan Madol
Nan Madol encontra-se presente na ilha Pohnpei, onde fica Paliquir, a capital da Micronésia. É no meio do Oceano Pacífico que Nan Madol está situada, a 2,5 mil km de distância da Austrália e a 4 mil km dos Estados Unidos da América.
A Ilha de Pohnpei
Caraterísticas
O clima local é tropical. Pohnpei é considerado um dos locais mais húmidos do nosso planeta. A população local é de 74.685 habitantes. A base da economia de Pohnpei é a pesca e o turismo (principalmente).
Atualmente, esta ilha é a capital da Micronésia. Os Estados Federados da Micronésia, como também é conhecida a Micronésia, são uma federação insular composta por quatro estados. Esses quatros estados são chamados de Chuuk, Kosrae, Pohnpei, e Yap e há ainda 607 ilhas que se estendem pelo arquipélago das Carolinas.
A população local é formada por uma mistura de melanésios, polinésios e filipinos. Esta população é considerada uma das últimas culturas nativas da Oceânia a desenvolver-se.
O atual território fazia parte do protetorado das Ilhas do Pacífico, das Nações Unidas, encontrando-se sob administração tutelar dos Estados Unidos da América. No entanto, em 1986, o país assegurou a sua independência. Desde esse momento que preserva um Tratado de Livre Associação com os Estados Unidos da América.
O português Diego da Rocha
Foi um português o primeiro europeu a chegar às Carolinas. O seu nome era Diego da Rocha. Esse feito aconteceu em 1527. No entanto, o nome ‘Carolinas’ deve-se a um espanhol. Esse nome foi dado pelo almirante Francisco Lazeano, em 1686.
Alemães e espanhóis disputaram a sua posse até ao século XIX, que acabou em mãos da coroa espanhola. O Protetorado das Ilhas do Pacífico, das Nações Unidas, é reflexo da mudança geopolítica, após a Segunda Grande Guerra.
Características de Nan Madol
Nan Madol é uma série de 92 ilhas artificiais. Estas ilhas encontram-se espalhadas por uma área de 200 hectares. É uma cidade muito antiga, com muita história, com muitos mistérios, com muito para se descobrir.
Nan Madol é um arquipélago artificial que foi construído com recurso a enormes blocos de basalto sobre um recife de corais ao sudeste de Pohnpei.
Ruínas
As ruínas de Nan Madol foram descobertas há cerca de 100 anos. As ruínas de Nan Madol incluem tumbas, banhos e templos. Até hoje, é desconhecida a forma como esta cidade foi construída.
Também se desconhece como Nan Madol se encontra localizada no meio do oceano. É possível saber que esta cidade prosperou nos anos de 1200 e 1700, tendo sido uma cidade muito importante na Micronésia, política e religiosamente. No entanto, há muitos mistérios por resolver.
O mistério
A cidade de Nan Madol é um conjunto de mistérios. Por isso, revela-se um perfeito quebra-cabeças para os estudiosos e historiadores. Por exemplo, como os locais fizeram para construir esta cidade presente no meio do Oceano Pacífico? Como conseguiram locomover as pedras até meio do mar?
Foi necessário recorrer a centenas de blocos gigantescos de pedra basáltica, que chegam a pesar 50 toneladas. Por isso, ninguém sabe como foi construída esta cidade. Não se sabe o modo como foi erguida, nem o motivo da cidade ter sido construída, nem por que se decidiu construir uma cidade no meio do oceano…
As pedras
Os investigadores não encontraram indícios de roldanas ou de outras ferramentas na ilha. A ausência desses elementos permitiu reforçou o caráter misterioso destas ruínas.
Um arqueólogo de Pohnpei ao Smithsonian defendeu: “Não sabemos como trouxeram as colunas para cá. Muito menos sabemos como as ergueram para construir as paredes. A maioria dos pohnpeians se contenta em acreditar que usaram magia para montá-los.”
As lendas
Segundo os locais, há um enigma muito interessante nesta ilha. Os habitantes da ilha defendem que o local possui túneis submersos que guardam diversas riquezas e artefactos antigos.
Ora, as lendas ajudam a atrair a atenção de diversos investigadores. No entanto, essa teoria nunca foi efetivamente comprovada. Há ainda a lenda de que as pedras da construção de Nan Madol são consequência de magia negra.
Maldição
Os habitantes das proximidades dizem que Nan Madol é amaldiçoada. Esta cidadela é também conhecida como Soun Nan-leng (que, segundo os micronésios mais antigos, significa “Recife no Céu”).
O facto de se desconhecer como foi construída, torna o lugar alvo de acusações sobre ser um espaço assombrado. A hipótese de que magia (negra) foi usada no processo de construção da cidadela é muito popular entre os locais.
No entanto, os arqueólogos localizaram diversos sítios de pedreira possíveis na ilha principal. Os diversos cientistas não vão nessa hipótese de feitiços. Eles defendem a tese de que o basalto chegou a este local com recurso a diversas jangadas que trouxeram o material do outro lado da Micronésia.
História
A construção de ilhotas artificiais terá começado por volta dos séculos VIII e IX. Contudo, as estruturas megalíticas só foram construídas no período do século XII ao XIII. Portanto, terão sido construídas quase em simultâneo que a construção em pedra da Catedral de Notre Dame, ou Angkor Wat, Camboja.
A ilha de Pohnpei (atualmente, sede da capital da Micronésia) foi dominada por estrangeiros em 1100, aproximadamente. Estes estrangeiros estabeleceram a dinastia de Saudeleur. Estes homens dominaram a região por cerca de 500 anos.
Os historiadores defendem que esse momento da história não foi muito agradável para as 25 mil pessoas que viviam por lá nessa época. Os Saudeleur tinham etnia e cultura diferentes. Por isso, passaram a oprimir o povo e a respetiva religião.
Por volta de 1600, um grupo chamado Isokelekel colocou um fim a essa dinastia, deixando a capital, Nan Madol, intacta. Surgiu assim o domínio dos chamados Isokelekel, outro grupo de conquistadores. Eles dominaram e oprimiram o povo local por séculos, até ao momento da chegada dos europeus no século XIX.
A descoberta
Segundo dizem os historiadores da ilha, após a descoberta da América e de se ficar a conhecer o Oceano Pacífico, os europeus ficaram surpreendidos quando constataram que, naquele imenso oceano de 180 milhões de km² (uma quantidade que representa o equivalente a um terço da superfície do planeta), havia milhares de pequenas ilhas.
Segundo o independent.co, Nan Madol foi descrita como a Oitava Maravilha do Mundo pelos primeiros exploradores europeus. Os europeus ficaram incrédulos com a quantidade de ilhas e por descobrirem que muitas delas se encontravam habitadas.
De onde teriam vindo essas pessoas? Terá sido da Ásia, da América do Sul, de onde? Até à atualidade, a colonização das ilhas do Pacífico ainda se discute.
Reconhecimento internacional
Em 2016, a cidade Nan Madol foi considerada uma das maravilhas do mundo antigo, tendo sido classificada pela UNESCO como Património Mundial.
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A construção da cidade
Além de servir a alta classe dos Saudeleur, Nan Madol foi construída com o propósito de abrigar líderes políticos e religiosos. Desta forma, inicialmente, Nan Madol terá abrigado a casta de elite governante da dinastia Saudeleur. Era uma sede de poder político e cerimonial.
Como meio de controlo dos seus súbditos, a dinastia Saudeleur conseguiu unir os clãs de Pohnpei’. A maioria das ilhotas servia como área residencial. No entanto, algumas das ilhas serviam para fins específicos, como preparação de alimentos, produção de óleo de coco ou construção de canoas.
Nan Madol é formada por diversas ilhas de pequenas dimensões e por várias formas geométricas. Ela é formada por 97 blocos individuais de formato geométrico, blocos que se encontram separados por estreitos canais de água.
Foram erguidos palacetes em várias ilhas. Alguns atingem 8 metros de altura. Os canais rasos estão presentes entre as ilhas e construções. Eles funcionam como Veneza numa versão ainda mais encantadora, num aspeto tropical.
Noutros tempos, a população de Nan Madol era provavelmente superior a 1.000 numa época em que toda a população de Pohnpei mal chegava a 25.000.
Neste local, não há fontes de água doce ou possibilidades de cultivar alimentos. Por isso, todos os seus suprimentos vinham do continente.
O templo real
Nandauwas é o templo real. Esta ilha serviu como necrotério real. Esta é a peça central de todo o complexo. Este templo encontra-se cercado por uma muralha. Esta muralha tem 7 metros de altura e 5 de largura.
Diferentes funções
Cada uma das ilhas era destinada para uma atividade diferente, nomeadamente:
- Construção de canoas;
- Casa de banho;
- Local de reuniões;
- Local de festividades;
- Templo real Nandauwas.
- Outras…
Os Saudeleur
Os Saudeleur não deixaram nenhum tipo de inscrição ou runa nas ruínas da cidade. Por isso, o trabalho dos historiadores e arqueólogos ficou muito dificultado. Há ainda muitos mistérios que envolvem o arquipélago que se encontram sem resolução.
Curiosidade
A cidadela de Nan Madol serviu de inspiração para R’lyeh, lar do Cthulhu. O escritor H.P. Lovecraft inspirou-se na cidadela de Nan Madol para criar a cidade fictícia de R’lyeh, que o autor usou no conto O Chamado do Cthulhu (1928). R’lyeh era o lar da criatura mística que ficou conhecida como Cthulhu.