Fique a conhecer algumas das estórias que foram diversas vezes repetidas como acontecimentos verdadeiros, mas não o eram. Somos um país muito pequeno?
As fake news (notícias falsas) são um conceito novo, um neologismo, usado para nos referirmos a notícias que são fabricadas. As fake news não têm por base a realidade. No entanto, são apresentadas como estando factualmente corretas.
A atualidade política lida atualmente com esse problema, mas, no passado, também ocorreram “notícias falsas”, inverdades e mitos que passaram pela população como factos reais. Aliás, no passado, os efeitos revelavam-se ainda mais devastadores para o conhecimento do povo.
Em tempos, a história, com a comunicação verba do passa a palavra, possuía poucos elementos escritos a confirmarem-se como fontes credíveis. Ao longo da história do nosso país, diversas pessoas acabaram por contribuir para a criação de ideias feitas, que por uns tempos eram apresentadas como parte da História do nosso país.
Conheça as grandes mentiras que ficaram para a História de Portugal
É comum sermos vítimas da repetição. Quando as mentiras são frequentemente repetidas, elas assumem um carácter pernicioso, pois são tidas como verdadeiras.
Ora, isto permite comprovar o pensamento de George Orwell. O melhor cronista da cultura inglesa do século XX chegou a defender “se todos aceitam a mentira, a mentira entra na história e torna-se verdade” (1984 – George Orwell).
Muitas são as grandes mentiras que passaram por verdade. Algumas até encaixaram perfeitamente na cultura popular (ou até entraram em manuais da especialidade). São tidas como momentos da História do nosso país.
Mentiras da História de Portugal: Somos um país muito pequeno
Até podemos reconhecer com facilidade que o nosso país não é grande, mas isso não implica que Portugal seja pequeno. Existe quem tenha usado a suposta pequenez nacional como desculpa para a má gestão crónica. Essa imagem forçada foi usada pelos governantes, mas foi uma má desculpa.
Na verdade, Portugal ocupa o 23º lugar numa lista de 53 países da Europa, estando incluídas nações que se estendem para a Ásia. Essa comparação permite-nos confirmar que não devemos tomar conclusões precipitadas.
Portanto, não tendo Portugal uma grande dimensão, não tem uma dimensão reduzida e, por isso, será melhor identificar o nosso país como uma nação com um espaço territorial médio. Pode ser comparado com muitas nações, como a Hungria, por exemplo.
A ideia de que Portugal é um país minúsculo vingou e tratou-se de um equívoco que ficou entranhado. Naturalmente, que os países mais próximos do nosso apresentam outras dimensões. Provavelmente, esse facto ajudou a que essa ideia tenha sido formada.
Os nossos vizinhos espanhóis apresentam uma área cinco vezes e meia maior que a área de Portugal. A França também se encontra perto do nosso país, sendo uma nação que ainda é maior que Espanha. Existem outras nações famosas e potentes, como o Reino Unido, a Alemanha ou a Itália. Todas são nações superiores a Portugal.
Portugal não é menor do que muitas nações europeias de relevo, nomeadamente a Suíça, Holanda, Bélgica, Áustria, Croácia, Bósnia, Dinamarca, República Checa, Irlanda, Sérvia, Macedónia, Estónia, Letónia ou a Lituânia.
Portugal é um país maior do que alguns Estados reconhecidamente pequenos, nomeadamente o Luxemburgo, Chipre, Andorra ou as ilhas Faroé. Existem alguns estados que são mesmo minúsculos. Portugal é bem maior do que o Mónaco, Malta, Liechtenstein, San Marino e o Vaticano.
Se a comparação for feita não na dimensão, mas na população do país, Portugal ocupa um honroso 14º lugar entre os países que são considerados europeus, exclusivamente. O nosso país surge no 26º lugar da lista, quando se compara a média de habitantes por quilómetro quadrado.
Portanto, independentemente do critério a que se recorra, podemos verificar que Portugal é um país europeu médio. A conclusão mais adequada tem de ser essa: o nosso país nem é grande, nem pequeno.
O facto de Portugal ter sido um país que possuiu o Brasil, Angola, Moçambique, entre outros territórios, seguramente contribui para a construção dessa imagem mental. Portugal até foi uma nação enorme, quando se encontrou ligado a essas nações enormes. A perda desses países que nos pertenceram noutra época ajudaram a que Portugal tenha ficado substancialmente mais reduzido.
A propaganda salazarista até chegou a defender a vastidão geográfica do nosso país. O mapa chegou a apresentar as colónias portuguesas com a legenda “Portugal não é um país pequeno.” No entanto, apesar de o tempo ter passado, a ideia da pequenez manteve-se.
A insistência na suposta dimensão reduzida do nosso país tem uma explicação. Terá sido por se subentender uma escassez de recursos. Portugal ser um país pequeno serve de desculpa à falta de iniciativa dos cidadãos e à inépcia dos governantes.
Portugal tem sido um país tradicionalmente governado em “cadeia de comando”. Nunca existiu realmente iniciativa. A nossa nação foi sempre governada à maneira de um quartel. O comum dos cidadãos sente um afastamento com quem os governa. Facilmente os designa como “eles”, os que seguram o leme do barco.
Ao aceitarmos a ideia de que Portugal é um país pequeno, esquecemos que o nosso território foi enorme no passado. Além disso, também esquecemos que Portugal, na verdade, é idêntico a muitas nações europeias ou até maior do que muitos países da Europa. Nações que são famosas, poderosas e bem-sucedidas (tais como a Suíça ou a Holanda).
Se se recordar a Inglaterra (excluindo o Reino Unido, sem a Escócia, Gales e a Irlanda do Norte), verificamos que tem apenas mais um terço, se tanto, da área portuguesa. No entanto, em termos de população, podemos constatar que corresponde ao quíntuplo da nossa.
Existe ainda uma maior riqueza, nomeadamente em ferro, carvão e petróleo. No entanto, os ingleses também têm de lidar com a agrura do clima e a pobreza agrícola do seu solo.
A comparação com a Holanda permite-nos perceber que Portugal é um país fantástico. A Holanda é um país quase “inexistente” fisicamente, uma vez que se encontra sobre pântanos. Trata-se de um país quase inteiramente fabricado pelo Homem. Além disso, tem sobre si um céu escuro como breu.
Portugal não é um país grande, mas tem uma grande riqueza: as pessoas, o clima, a gastronomia, a cultura, a beleza natural, as atrações. Uns até podem considerar que não é um país de grandes proporções, algo com que podemos concordar, mas é indesmentível que temos um grande país! Tal comprova-se com o sucesso no turismo. Todos nos querem visitar. E muitos estrangeiros até escolhem o nosso país para gozar a sua reforma dourada…