O percurso de vida de D. Maria I pode explicar o seu fim de vida, insano e conturbado. Ao contrário daquilo que se possa achar, a vida de rainha não era fácil e implicava muitos esforços. D. Maria I foi rainha de Portugal e dos Algarves e acabou a vida insana e incapaz de governar, fruto das muitas provações pelas quais teve de passar.
Por debaixo dos vestidos pesados e pomposos e das perucas grandes e volumosas, adornadas por coroas e véus, escondia-se uma mulher frágil que acabou a vida refém dos seus pensamentos e alucinações.
Extremamente religiosa, D. Maria passou grande parte da sua vida atormentada com a ideia do inferno, para o qual temia ir, após morrer. Descubra mais sobre a vida e saúde desta rainha portuguesa.
D. Maria I, a rainha de Portugal que passou de piedosa a louca
Comecemos, então, pelo princípio. Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana era apenas uma jovem quando foi escolhida para continuar o legado da Casa Bragança.
Ela era uma das quatro filhas de D. José I, o Príncipe do Brasil, e Mariana Vitória da Espanha. Aos 25 anos, foi prometida em casamento, tendo casado com o seu tio, Pedro de Bragança, com 42 anos. A cerimónia real teve lugar na Real Barraca da Ajuda, em 06 de junho de 1760. O casamento entre os dois foi feliz e deu 6 frutos.
Ambos estiveram no trono por 17 anos, tendo começado o reinado em 1777, ano da morte de D. José I. Pedro de Bragança tornou-se, assim, D. Pedro III, Rei de Portugal e dos Algarves, enquanto D. Maria I assumiu o posto de Rainha consorte.
A louca
Foi por volta de 1792 que D. Maria I foi considerada insana, deixando de ser conhecida como a rainha piedosa, mas sim como a rainha louca. O seu dia a dia era repleto de medos e surtos que se agudizaram, à medida que os anos passaram e que a rainha não tomava a medicação.
O seu filho, D. José, Duque de Bragança, acabou por assumir as funções da mãe, enquanto o estado de saúde de D. Maria I se agravava, deixando quase de dormir e passando as noites a andar de um lado para o outro do palácio.
Após as mortes do seu marido e filho (1786 e 1788, respetivamente), a sua demência agravou-se, de modo que começou a ser tratada com camisas de força e banhos de água fria. Incapaz de se libertar do luto, a rainha proibiu todo e qualquer tipo de festa ou cerimónia no palácio.
Viagem para o Brasil
A saúde frágil da rainha punha em risco o trono e, por isso, a Família Real Portuguesa decidiu ir para o Brasil, para o Rio de Janeiro, em meados de 1808.
Porém, nem assim a insanidade da rainha deu tréguas, aumentando o número de crises e de surtos. Em 1815, D. Maria I ainda foi nomeada Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tendo morrido no ano seguinte. Posteriormente, o seu herdeiro direto, D. João, tornou-se rei.
Além de ter ficado conhecida como a rainha louca, D. Maria I ficou ainda conhecida como “Maria vai com as outras” pelo facto de que ela se fazia sempre acompanhar pelas suas damas. Esta expressão é até hoje usada, tendo como significado pessoa que se deixa influenciar e imita os comportamentos ou opiniões dos outros, sem questionar.
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