Um castelo com mistério, traição e, até, uma maldição. Conheça um castelo com uma história de arrepiar: a maldição do Castelo do Rei Wamba.
As Portas de Ródão servem de entrada para uma estória verdadeiramente incrível sobre uma maldição que assolou o belíssimo Castelo do Rei Wamba, assim como a região envolvente.
Além da sua história enquanto posto de vigia, este edifício ficará associado para sempre a uma lenda única que, até hoje, faz crer que este seja um local amaldiçoado. Se nunca ouviu falar deste local, fica a conhecer tudo sobre a história e mitos associados a este castelo.
A maldição do Castelo do Rei Wamba nas Portas de Ródão
Um castelo com mistério, traição e, até, uma maldição
Nas Portas de Ródão, há um castelo que subsiste à passagem dos séculos e já assumiu diferentes nomes. Entre as designações que já lhe foram atribuídas estão as de: Castelo de Ródão, Castelo do Rei Wamba e Castelo da Vila Ruivas.
Este castelo acabou por funcionar mais como uma torre de vigia, algo que lhe permitiu desempenhar um papel crucial, dada a sua posição única, do ponto de vista da estratégia militar.
Nesse sentido, no século XII, D. Sancho I cedeu a torre aos Templários (no seu lintel ainda está gravada a cruz dos Templários, presente na antiga porta de entrada que era no nível superior). Por essa altura, a torre serviu para vigiar os mouros. Séculos mais tarde, a torre viria a servir como posto de artilharia, nas invasões francesas.
Características
A torre tem uma planta de formato retangular e possui 2 pisos, sendo a entrada feita pelo piso térreo. A entrada neste edifício proporciona uma “viagem no tempo”, visto que toda a sua construção, em pedra e barro, é uma herança de outros tempos.
O acesso ao segundo piso é feito pela bela e útil escada metálica. As demais janelas em formato de vigia permitem ter acesso a uma paisagem magnífica e completa sobre toda a zona envolvente.
A escolha do rei Wamba
Foi em Idanha-a-Velha que Wamba se tornou rei. Segundo a lenda, foi a escolha de um rei visigodo (que outros defendem que era suevo) que levou Wamba ao trono, o que foi um tanto ou quanto intrigante.
Na sequência da morte do seu antecessor, Wamba foi, então, designado. Contudo, o novo rei, procurando um poder incontestado e pretendendo legitimar a sua escolha, queria ter uma confirmação divina em como ele era realmente o homem certo para se sentar no trono.
O sinal divino pretendido seria a revitalização da vara que o rei tinha na mão. Por isso, plantou essa vara num olival e ela reverdeceu, o que lhe permitiu reinar entre 672 e 680. Segundo consta, a vara ainda lá está…
O rei Wamba
Mas quem foi, afinal, o rei Wamba? Sabemos que o rei Wamba era visigodo e ordenou a construção deste castelo que fica nas proximidades de Portas de Ródão. Este rei partilhava o seu castelo com a sua bela mulher, filhos e restante corte.
Reza a lenda que, além do rei, havia outro homem com protagonismo nesta estória. Um rei mouro que morava do outro lado do rio Tejo. Esse homem ter-se-á acabado por apaixonar pela esposa do rei e estava decidido em resgatá-la e retirá-la da alçada do rei que a tinha bem protegida no interior do castelo. Por isso, o mouro traçou um plano…
O plano
O rei mouro concebeu um plano ousado e ambicioso que visava a construção de um túnel. Esse túnel passaria por baixo do Tejo. Contudo, os seus cálculos não foram os melhores e a saída não ocorreu no local esperado, mas sim num sítio designado por Buraca da Moura.
A esposa do rei Wamba era uma mulher bonita e que passava muito tempo sozinha, enquanto o rei se tinha de ausentar para tratar dos afazeres do reino. Foi essa circunstância que permitiu que ela desenvolvesse uma amizade com o rei mouro que governava do outro lado da margem do rio Tejo.
A amizade desenvolveu-se e a esposa do rei cristão revelou coragem suficiente para lutar pela própria felicidade e pelos seus sonhos, independentemente das consequências das suas ações.
Diferentes versões
Existem versões distintas para o desenvolvimento desta história, sendo elas:
– A rainha e o rei mouro conseguiram fugir pelo túnel. Contudo, o rei Wamba conseguiu trazê-la de volta, pois disfarçou-se de mendigo e, assim, obteve informações até descobrir onde estava a sua mulher e o rei mouro.
– O rei cristão foi confrontado com a saída do túnel e constatou que a sua esposa estava encantada pelo mouro.
– E a estas somam-se mais umas quantas versões.
O Castelo do Rei Wamba (vídeo)
Vídeo de: Antoine Gaspar
A punição
Apesar das diferentes versões, o final da estória permanece invariável. A esposa é punida por se deixar encantar pelo mouro e por trair o rei Wamba. Assim, o rei cristão pune o amor proibido lançando a rainha por uma das escarpas das Portas de Ródão. Contudo, diz-se, que a rainha ainda teve tempo de proferir uma maldição que ficou para a história:
“Adeus Ródão, adeus Ródão,
Cercada de muita murta,
E terra de muita puta,
Não terás mulheres honradas,
nem cavalos regalados,
nem padres coroados”.
Consequência
Conta-se que o corpo rolou por vários sítios, sendo que por onde passou nunca mais cresceu mato…