As casas e ruas em pedra guardam histórias e segredos por descobrir. Sortelha, uma das mais belas aldeias do mundo fica no Centro de Portugal.
Sortelha é uma das mais belas aldeias do mundo e das mais antigas vilas portuguesas. É uma das aldeias mais bonitas de Portugal, a aldeia histórica de Sortelha, situada no concelho do Sabugal, e que foi recentemente considerada uma das mais belas aldeias do mundo. As suas ruelas mostram o casario antigo e o altaneiro castelo, com o pelourinho manuelino e uma igreja renascentista. Há muralhas para visitar e vistas que se estendem até à Serra da Estrela.
Situada no alto de um monte elevado, a mais de 760 metros de altitude, numa região muito acidentada, de cariz granítico, Sortelha é uma povoação ornada com penedos e barrocos, onde as casas encostam e assentam.
Uma das mais belas aldeias do mundo fica no Centro de Portugal
Esta disposição das casas, expostas ao sol, explica o cognome de “lagartixos” dado aos seus habitantes.
É uma aldeia em granito, com ruas e vielas tipicamente medievais, fechadas por um círculo de muralhas, vigiado por um sobranceiro castelo do século XIII.
Sortelha continua a ser certamente uma das mais belas e antigas povoações do nosso País, cujo traçado pouco se alterou nos últimos 500 anos.
À época da Reconquista cristã da península Ibérica, Pena Sortelha, como então era chamada, constituiu-se em defesa da região fronteiriça, disputada entre Portugal e Castela.
A partir de 1187, D. Sancho I (1185-1211) tomou medidas para repovoar o lugar, e foi o seu neto homónimo, D. Sancho II que concedeu foral à vila (1228), época provável da edificação do castelo.
A cerca da vila seria beneficiada por D. Dinis no século XIII que, a partir da assinatura do Tratado de Alcanises (1297), fixou as fronteiras para além das terras de Riba-Côa.
No século seguinte, foi erguida uma nova cerca por iniciativa de D. Fernando. No século XV sabe-se que o alcaide do castelo era Manuel Sardinha, sucedendo-lhe Pêro Zuzarte.
Em 1510, D. Manuel I (1495-1521) renovou o foral da Vila, mencionando que os seus habitantes não estavam obrigados a dar hospedaria aos grandes e pequenos do reino, se essa fosse a vontade do povo de Sortelha.
Esse soberano também iniciou uma campanha de obras no castelo, dentre as quais subsiste a emblemática manuelina sobre a porta.
Vídeo de: Carlos Pais
Em 1522 Garcia Zuzarte tornou-se alcaide-mor. Nesse século ainda, o nobre D. Luís da Silveira, guarda-mor de D. Manuel I e de D. João III (1521-1557), adquiriu o castelo, tornando-se seu alcaide, conferindo-lhe D. João III o título de Conde de Sortelha.
Texto de Júlio Gil, retirado do livro “As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal” – Editorial Verbo
“Ao redor a pedra granítica domina a paisagem, dando pouco lugar a limitadas manchas de centeio e pequenos soutos apertados por barrocos. Lá para baixo os, os verdes do vale estreito.
Sobre uma escarpa vertical, dominador, romântico, o castelo. Aqui não há grandes casas – mesmo as brasonadas são de dimensão modesta e tocante simplicidade, perfeitamente integradas num conjunto de excecional valor decorativo devido ao indiscutível valor desta gente.
Em cada momento se encontram motivos de graça e espírito – uma porta, uma pequena escada, um brasão, um altar, o Pelourinho…Da praça entramos diretamente no castelo, numa sequência de identidades que não permite entender-se quem inspirou a quem, tal a harmónica integração de formas.
À beira do Pelourinho – com um arco no capitel, relacionado talvez com o topónimo Sortelha, que significaria “anel”-ergue-se um sino sobre o beirado da Junta de Freguesia, velha casa da Câmara, deliciosa e sóbria arquitectura de reduzidas dimensões, parapeito lajeado na varanda de entrada, lojas semienterradas, miúdas vidraças nas janelas de guilhotina.
Domina o encantador largo para o qual também se volta outra antiga fachada de idêntico carácter. A austeridade arquitectural da igreja matriz contrasta com o seu precioso tecto múdejar e mais com o decorativismo barroco do altar-mor.
Se tudo na povoação é espantosamente sóbrio e severo, acrescentando ainda por mais sobriedade e severidades neste cerco de fragas mulltiformes – onde nem faltam perfis que estimulam a identificações, caprichos graníticos -, tudo é também paradoxalmente terno, acolhedor, lírico”.
Texto de José Saramago – Viagem a Portugal
Editorial Caminho, 1981 “De Belmonte (*) vai o viajante a Sortelha por estradas que não são boas e paisagens que são de admirar. Entrar em Sortelha é entrar na Idade Média, e quando isto o viajante declara não é naquele sentido que o faria dizer o mesmo entrando, por exemplo, na Igreja de Belmonte (*), donde vem.
O que dá carácter medieval a este aglomerado é a enormidade das muralhas que o rodeiam. A espessura delas, e também a dureza da calçada, as ruas íngremes, e, empoleirada sobre pedras gigantescas, a cidadela, último refúgio de sitiados, derradeira e talvez inútil esperança. Se alguém venceu as ciclópicas muralhas de fora, não há-de ter sido rendido por este castelinho que parece de brincar”.
(*) Refere-se à Igreja de Santiago, panteão dos Cabrais
Texto de Alexandre Herculano – Apontamento de Viagem, 28 de Agosto de 1853
Círculo de Leitores. “Visita à vila contida dentro da cerca. Calçada que sobe por entre ela do arrabalde: à direita rochedos enormes sobrepostos uns aos outros; à esquerda despenhadeiros para um valeiro profundíssimo, entra-se a porta da cerca: à esquerda fica o castelo edificado sobre picos de rocha: é um pequeno recinto de forma oblonga: a vila fica em anfiteatro para a direita numa altura superior ao castelo: o muro que a cerca é torreado e vem prender com o do castelo: o agregado de penedias sobrepostas umas à outras em que este assenta é semelhante a um pão de açúcar: tem penedos de mais de três braças de alto.
Sobre a porta um balcão com um buraco para lançar matérias inflamáveis, etc. Ficamos no arrabalde: à noite tomo notas. Na ombreira de uma das portas da cerca a medida de vara e côvado”.
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