Língua Portuguesa: o português do Brasil, Angola e Moçambique
Vamos analisar o português falado no Brasil, em Angola e em Moçambique. Conheça melhor a língua portuguesa falada para lá do continente europeu.
Cada país lusófono apresenta uma língua com características próprias que, apesar de terem o português como raiz e denominador comum, possuem variações e particularidades que os tornam únicos e distintos uns dos outros, em termos de comunicação e de expressão quer oral, quer escrita.
Hoje, analisamos três casos em específico, ou seja, o português falado no Brasil, em Angola e em Moçambique. Fique a conhecer algumas expressões e palavras importadas, bem como traços característicos de cada uma destas variantes da língua portuguesa. Conheça mais sobre a língua portuguesa falada para lá do continente europeu.
Língua Portuguesa: o português do Brasil, Angola e Moçambique
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Uma das marcas características do português do Brasil é o uso feito do tempo verbal gerúndio, algo menos comum nos restantes países lusófonos. Por exemplo, em vez de “Estou a comer a sopa.”, no Brasil o mais habitual é dizer-se “Estou comendo a sopa.”.
Palavras importadas
- Tupiniquim: “moqueca”, “mingau” e “catapora”;
- Kimbundu (Angola): “maconha”, “bunda” e “cafuné”;
- Espanhol: “alambrado”, “tablado” e “hombridade”;
- Italiano: “bandido”, “baderna” e “capricho”.
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No que respeita à sintaxe, o português de Angola assemelha-se ao de Portugal, recorrendo a formas que se aproximam muito das usadas no nosso país. Ao contrário dos brasileiros que usam mais frequentemente as formas “você” ou “senhor(a)”, os angolanos empregam o “si” e o “consigo” mais recorrentemente, assim como os portugueses.
Palavras importadas
- Kimbundu: “monandengue” (criança), “muxima” (coração) e “ginguba” (amendoim);
- Umbundu: “ombela” (chuva), “akaya” (tabaco) e “atilili” (pipoca);
- Cokwe: “katapi” (amendoim), “ndungue” (coração) e “samahonga” (pensador);
- Kikongo: “sukadi” (açúcar), “malavu” (cerveja) e “esamunu” (profecia).
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Neste país, a língua portuguesa sofreu algumas alterações, nomeadamente gramaticais, fruto das influências das línguas e dialetos locais. Por exemplo, o verbo “nascer” é usado como na língua changana: “Meus pais nasceram minha irmã”. O mesmo acontece com a frase “Nos disseram que hoje não há aula” que fica “Nós fomos ditos que hoje não há aulas”.
Palavras importadas
- Gitonga: “mapilapila” (intrigas), “macuti” (folhas de palmeira) e “mati” (água);
- Changana: “molwene” (meninos de rua), “machimbombo” (ônibus) e “brada” (amigo ou irmão);
- Cinyungwe: “amuna” (homens), “moto” (fogo) e “ufa” (farinha);
- Emakhuwa: “mirette” (remédio), “murrutthu” (cadáver) e “otthapa” (alegria).
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“Meus pais nasceram minha irmã” também é errado em Moçambique. Algumas pessoas falam assim pela tradução directa das línguas locais mas continua a ser errado e não é aceitável na linguagem formal.
Não entendi se o artigo considera as palavras importadas como oficiais da língua portuguesa em Moçambique mas são apenas expressões específicas das línguas locais. Se eu sou Changana, é muito pouco provável que eu entenda as expressões de Nyungwe, salvo algumas que são bem populares em todo o país. Acabei até por aprender algumas convosco.
Por quê tanto alvoroto “por pouca
farinha”? Quem “faz” a lingua é o povo (“Zé Povim”, como se diz aqui). Se assim não fora ainda estariamos a discutir agora em Latim…