Portugal tem muitas atrações que não têm a popularidade que deveriam ter. É o caso da Lapa de Santa Margarida. Uma preciosidade!
O nosso país tem uma beleza singular. Há diversos monumentos fantásticos. Em Portugal, há castelos, igrejas, santuários, pontes, palácios, estátuas, museus, entre outras construções que deslumbram tudo e todos.
São construções reconhecidas pela sua singularidade, não só por portugueses, como pelos muitos estrangeiros que visitam o nosso país. A beleza natural de Portugal é formidável.
Existem diversas atrações naturais que nos fazem abrir a boca de espanto, maravilhados. Há montanhas, vales, quedas de água, piscinas naturais, lagoas, falésias, grutas, entre outras atrações naturais.
A Lapa de Santa Margarida: uma gruta natural de encantos profundos
A Lapa de Santa Margarida corresponde a uma gruta natural que fica situada na base da Serra da Arrábida. Aí existe mesmo um pequeno altar.
Para chegar até lá, tem de seguir por um caminho estreito e percorrer mais de 200 degraus, para alcançar o nível do mar.
Dentro da gruta, existe um altar cristão, repleto de imagens, velas e fotografias. Ali esteve a imagem de Santa Margarida que, por isso, dá nome a esta gruta.
Gruta da Figueira Brava
Ali bem perto também existe a Gruta da Figueira Brava. Ambas ficam no sopé do maciço da serra da Arrábida, na encosta sul, entre a Praia de Alpertuche e o Portinho, em arribas escavadas pelo mar.
A história da Lapa de Santa Margarida
A história desta cavidade da Arrábida não é recente e, por isso, já no século XIX, Joaquim Rasteiro escrevia que:
“A lapa de Santa Margarida, junta ao mar. Tomou o nome da capella d’esta vocação, que tem dentro. E de bom accesso, muito vasta; robustas colunas naturais parecem sustentar a cobertura dos rochedos”
Outro escritor e historiador de renome, Alexandre Herculano, também se pronunciou sobre esta gruta, dizendo:
“abre-se em dois arcos na rocha, um que dá sobre o mar, outro que dá para fragas. Entra-se pelo que dá sobre o mar, até onde vos puder internar o vosso barquinho, como fazem os pescadores do Cabo quando vão ouvir missa ou levar oferenda à Santa da Lapa. De repente arqueia-se sobre vós a gruta silenciosa, cheia de uma frescura e de uma suavidade inalteráveis, sepultada num silêncio religioso que o roçar das ondas parece não interromper. Recorta-se irregularmente em caprichosas estalactites o côncavo da Lapa.”
Outra descrição foca-se nas estalagmites cristalinas presentes no interior da gruta, assim como nas imponentes colunas:
“Em alguns pontos, foram subindo do solo as colunas vítreas (…) tanto cresceram que puderam fundir-se com as grandes massas de carambina pendentes da abóbada (…) Abraçaram-se e fizeram colunas que três homens não poderão abranger com os braços.”
Perspetiva espeleológica
Esta é uma cavidade Cársica, localizada no maciço da Arrábida, o qual possui vários biocalcarenitos miocénicos. A sua entrada é feita pela falésia natural, que fica voltada para o oceano. Aí existe uma grande sala.
No século XVIII, na zona central, foi construída uma pequena Capela. Mais tarde, em 2011, um grupo de espeleólogos fez o levantamento topográfico do local.
Perspetiva arqueológica
Os arqueólogos consideram que esta foi uma gruta com ocupação no período Paleolítico, com restos de fauna e materiais líticos. Nos anos 40, foram feitas escavações por G. Zbyszewski e H. Breuil, assim como o estudo e a classificação dos fósseis do terraço.
Na sequência estratigráfica, havia areias e pedras, ricas em conchas, assim como restos de fragmentos de ossos trazidos pelo homem.
Alguns exemplares recolhidos são: um biface Abbevilense; um artefacto de forma ovóide em quartzo, um biface ovóide em quartzo, um fragmento de artefacto em quartzo e talhado.
Conclusão
A Lapa de Santa Margarida é um lugar incrível que pode e deve visitar na Arrábida. A gruta, virada para o mar, tem como som de fundo as ondas e é iluminada pela luz natural que dá brilho à pequena capela.
Por isso, se for até à Arrábida, não hesite em visitar este espaço fascinante e que, certamente, o irá maravilhar e surpreender pela positiva.
A nave da gruta é muito alta, a clareira natural deslumbrante e a pequena capela em madeira um recanto de silêncio e de paz.
O teto beneficia das diversas tonalidades das rochas, além das estalactites de que já falámos. Cuidado com o piso, pois é arenoso e irregular, devido às rochas de calcário.
Além da luz que entra na gruta, as águas cristalinas do estuário do Sado garantem a este espaço um brilho único.
Aqui foram gravadas algumas cenas de um filme de Manoel de Oliveira, “O Convento” (1995), com Catherine Deneuve, John Malkovich e Luís Miguel Cintra.
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