Isabel de Bragança foi a fundadora do Museu do Prado. Esta mulher, Rainha de Espanha e mulher de Fernando VII, mostra o valor da mulher portuguesa!
A mulher portuguesa é muitas vezes desvalorizada, mas não faltam exemplos que revelam o seu valor e o seu caráter. Muitas vezes, para verem o seu valor reconhecido, pode existir nelas a necessidade de sair do país. Tal acontece na atualidade (embora menos) e aconteceu no passado.
Por exemplo, há uma mulher portuguesa que é desconhecida pela generalidade dos portugueses que foi de grande importância para Espanha e para os espanhóis. Esta mulher portuguesa foi a fundadora de um dos mais importantes museus do mundo! Quer saber mais sobre ela?
Isabel de Bragança: a Rainha portuguesa que fundou o Museu do Prado em Madrid
Maria Isabel de Bragança
Maria nasceu em Queluz, a 19 de maio de 1797, tendo sido filha do rei D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Bourbon. Após ter-se casado com D. Fernando VII, seu tio, Maria Isabel de Bragança tornou-se rainha de Espanha.
O seu casamento foi realizado no dia 28 de setembro de 1816, tendo sido a segunda mulher de D. Fernando VII. Como aconteceu com muitos outros casamentos reais, este casamento teve como objetivo o fortalecer das relações entre duas nações, Portugal e Espanha.
Os seus gostos
Segundo os biógrafos de Maria Isabel de Bragança, esta mulher portuguesa era uma apaixonada pelas Belas Artes, tendo sido Académica de Honra e Conselheira da Real Academia de Belas Artes de São Fernando, em Madrid.
A morte
A rainha teve uma morte trágica, pois Maria Isabel de Bragança faleceu no dia 26 de dezembro de 1818, na sequência de um parto. Foi em Aranjuez que o momento aconteceu, na sequência de uma cesariana desastrosa.
O museu do Prado
A portuguesa figura na Galeria de retratos do Museu do Prado. Maria Isabel de Bragança tem um retrato no museu datado de 1829. Este retrato foi pintado por Bernardo López Piquer (filho Vicente López, um outro grande pintor do país vizinho), 11 anos depois da morte da rainha.
A obra de Maria Isabel de Bragança
O retrato Maria Isabel de Bragança consiste numa obra a óleo, sobre tela, com as dimensões 258 x 174 cm.
Na execução da obra, Bernardo López Piquer usou um retrato de um busto como modelo, uma peça datada do ano do casamento da rainha. A obra foi realizada em formato oval, sendo da autoria do pai do pintor, Vicente López.
A iconografia da obra
Neste retrato existe uma iconografia especial. Maria Isabel de Bragança é representada como fundadora do Real Museu de Pintura e Escultura do Prado. Na imagem, Maria Isabel de Bragança aponta com o braço direito para um local visível através de uma janela, com a mão esquerda revela alguns planos da construção do museu depositados sobre uma mesa, em pergaminhos ou papéis.
De acordo com Pedro de Madrazo, autor do catálogo dos quadros do Museu Real (documento datado de 1854) “foi a rainha Maria Isabel de Bragança quem sugeriu ao Rei a ideia (da criação do Museu), por “escitacion” de algumas personalidades amantes das Belas Artes, ideia que o Rei acolheu com verdadeiro entusiasmo”.
Versões do quadro
O Diretor Adjunto de Conservação e Investigação do Museu do Prado, Gabriele Finaldi, que é crítico e historiador, assinalou que há diferenças entre a obra inicial e final. Pois, o esboceto prévio realizado por Bernardo López, num trabalho executado a óleo, apresenta umas diferenças em relação ao quadro final que se revelam interessantes.
Na obra é possível ver que as folhas estão colocadas sobre a mesa, sendo assim mostradas plantas do edifício, enquanto no retrato final o que está representado na obra são alçados das salas (do Museu), onde surgem quadros já colocados. Gabriele Finaldi defendeu que “seguramente há que interpretar este detalhe como testemunho de um interesse bastante mais que superficial da rainha pela museologia do Prado.”
Curiosidade
É conhecida uma repetição autografada por Bernardo López, em aguarela, tendo sido assinada pelo pintor em 1928. Esta obra esteve exposta na Galeria Guillermo de Osma, em Madrid, em 1997.
A importância do quadro
Gabriele Finaldi, sublinha a importância desse retrato num recente catálogo dedicado a uma exposição sobre “O retrato Espanhol no Museu o Prado de Goya a Sorolla”. O crítico e historiador considera a obra uma “imagem emblemática para a História do Museu do Prado”. Por ter falecido um ano antes da inauguração do museu, Isabel de Bragança não teve o prazer de assistir à sua inauguração que tanto fez por criar.
Assim, Maria Isabel de Bragança serve como exemplo das grandes mulheres portuguesas, pessoas de garra, capazes de grandes conquistas. Um exemplo de mulheres que merecem ser mais reconhecidas pelo país, pelos portugueses!