Descubra um local que ficou conhecido como a lha dos amores por estar associado a uma lenda encantadora. Conheça a ilha paradisíaca do rio Douro.
O nosso país tem muitos locais fascinantes. Alguns destinos tornaram-se ainda mais interessantes por terem ficado ligados a lendas. No concelho de Castelo de Paiva, podemos conhecer um local com a magia de estar relacionado com uma lenda que sobreviveu a diversas gerações.
Trata-se de um pedaço de terra de pequenas dimensões que tem o nome de Ilha do Outeiro. Descubra um local que ficou conhecido como a lha dos amores por estar associado a uma lenda verdadeiramente encantadora.
Ilha dos Amores: a ilha paradisíaca do rio Douro
Localização
Existe um pequeno pedaço de terra no concelho de Castelo de Paiva que está ligado a uma lenda fascinante. Este local encontra-se a menos de 60 quilómetros do Porto. Tem apenas 140 metros quadrados e 29 metros de altitude.
Este pedaço de terra é conhecido como Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo e situa-se no lugar onde o rio Paiva e o rio Douro se encontram. Neste local, nasceu a lenda de um amor secreto. Esta ilha ficará para sempre eternizada como a Ilha dos Amores.
A lenda
Os habitantes de Castelo de Paiva partilharam entre si e com quem queriam uma lenda encantadora. Ela sobreviveu até aos nossos dias, tendo sido transmitida de geração em geração.
Segundo reza a lenda, houve um romance proibido entre um jovem lavrador e uma nobre fidalga. Trata-se da história de dois jovens apaixonados. Eles viviam um amor secreto. Na época, os casamentos entre pessoas de classes sociais distintas não eram permitidos. Por isso, os jovens encontravam-se às escondidas…
Num determinado dia, um nobre pediu a mão da jovem em casamento. O pedido foi aceite pelo pai da noiva. O pai da jovem acedeu prontamente. Tratava-se de um casamento por conveniência, tal como era comum naquela época histórica.
Naturalmente, o lavrador ficou com o coração destroçado ao saber da notícia. Só o pensamento de perder a sua amada se revelava extremamente doloroso. Segundo a lenda, o jovem decidiu tomar medidas extremas num ato de loucura.
O jovem apaixonado viu o nobre a passear à beira-rio. Por isso, não hesitou e matou o noivo da sua amada. Posteriormente, atirou o corpo do nobre ao rio para tentar apagar qualquer vestígio do crime. No entanto, como sabia que as investigações o indicariam como principal suspeito, decidiu refugiar-se na pequena ilha deserta. Uma ilha que ficou conhecida como Ilha dos Amores…
O jovem camponês aproveitou o tempo em que se encontrava na ilha, para idealizar um plano. Ele queria raptar a sua amada. Tinha o objetivo de levá-la consigo para a ilha para que pudessem viver o seu amor.
A tentativa de “rapto” foi realizada. No entanto, quando o casal se encontrava a atravessar o rio formou-se uma tempestade. Os jovens iam em direção ao tal esconderijo numa pequena e singela embarcação que não aguentou as condições climatéricas. O rio engoliu a barca onde os dois se encontravam. Eles já estava perto da ilha…
Segundo a lenda, terá sido o espírito do nobre a vingar a sua morte. Desta forma, nasceu o nome Ilha dos Amores. O encanto desta lenda ajudou a tornar este pequeno pedaço de terra bastante procurado.
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Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo
Atualmente, a pequena ilha é uma atração. A lenda continua a despertar o interesse das pessoas mais curiosas. Por isso, a Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo continua a servir de cenário a alguns amores. Este espaço territorial tem até sido palco de casamentos.
Este lugar é uma atração antiga, com muita história. Neste local, há vestígios arqueológicos que permitem comprovar que no local se encontra atratividade que vem desde a pré-história.
Ao longo da história, a ilha teve uma grande importância estratégica. Este pequeno pedaço de terra foi importante devido à sua localização. Esse papel preponderante aconteceu sobretudo durante a época romana e na Idade Média.
Existe um documento que remonta ao ano de 1107 que faz referência ao primitivo porto de Paiva. Neste local, também se encontraram vestígios de uma torre defensiva do século XII.
No período medieval, este pedaço de terra que ficou conhecido como a Ilha dos Amores, devido à lenda foi um local de culto. Este território chegou a ter uma capela dedicada a São Pedro.
Atualmente, ainda podem ser observadas as ruínas desta ermida na ilha. Este templo terá sido construído nos finais do século XII. A ermida foi descoberta em 1998, após terem sido realizadas escavações arqueológicas no local.
Durante as escavações, os arqueólogos ainda encontraram elementos interessantes no interior da ermida, destacando-se fragmentos de uma peça de cerâmica importada de Sevilha, que remonta ao século XVI. Esta peça foi reconstruída.
Neste pequeno pedaço de terra, foram encontrados outros vestígios interessantes, além das ruínas da antiga Ermida de São Pedro. Por exemplo, encontraram-se as ruínas de um castelo que ali foi erguido e que está na origem do nome da ilha. Além disso, o concelho de Castelo de Paiva (onde se situa esta ilha) tem este nome por causa desse mesmo castelo.
Nos arquivos nacionais da Torre do Tombo, presente em Lisboa, também foi encontrado um documento que refere o momento em que D. João I doou esta ilha a um nobre. Esse momento aconteceu no século XV, referindo-se à ilha como “ermo”, o que permite-nos concluir que não era habitada. Neste documento, também se encontra referências à Ermida de São Pedro.
Curiosamente, se explorarmos a ilha, podemos dirigir-nos ao ponto mais alto da ilha. Deste local, é possível avistar três concelhos, nomeadamente: o concelho Castelo de Paiva, o concelho de Marco de Canaveses e o concelho Cinfães.
Esta ilha encontra-se no meio dos rios, sendo um pedaço de terra que é um verdadeiro oásis, com plantas rasteiras e árvores altas e imponentes. Neste local, encontram-se várias espécies, como carvalhos, oliveiras, freixos, juncos e tamargueiras, entre outras.
A ilhota encontrava-se ligada à margem direita do rio Paiva, antes da construção da barragem de Crestuma-Lever. Durante algum tempo, era possível realizar a travessia a caminhar pelo areal, especialmente no verão.
Contudo, na atualidade, o melhor método de chegar à Ilha dos Amores é por via de canoa ou com a ajuda de algum barqueiro local, fazendo a travessia a partir da Praia Fluvial do Castelo, que se encontra na freguesia de Fornos.
Este é um espaço bastante procurado por jovens adeptos da prática de desportos náuticos. Muitos jovens chegam a acampar por aqui durante o verão. Neste local, encontram-se infraestruturas que tornam a frequência do local bastante agradável. A experiência é memorável, com a presença de uma piscina ao ar livre, existindo ainda um bar, um pequeno areal e espaços de sombra.