Perceba o impacto que esta conquista teve no rumo da nossa história quando há 510 anos, Malaca era conquistada por Portugal.
Os Descobrimentos e as conquistas dos portugueses são marcos muito relevantes na História de Portugal que mudaram, de forma inquestionável, o curso do nosso país. Chegar mais longe e “dar mundos ao mundo” foi uma verdadeira missão para vários portugueses que, com os seus achados, conseguiram criar novas rotas do comércio, muito vantajosas para o reino português. Saiba mais sobre este tema e particularmente sobre a conquista de Malaca.
Há 510 anos Malaca era conquistada por Portugal
Ao longo de todo o século XVI, Malaca funcionou como um dos principais centros de comércio do Ocidente e do Oriente. A partir dali era possível negociar com a China, Japão, Egipto, Arábia e Índia. De lá, o comércio era, inclusive, distribuído pelo Oceano Índico.
O primeiro contacto de Portugal com Malaca ocorreu em 1509, com a expedição de Lopes de Sequeira. Posteriormente, foi Afonso de Albuquerque que foi até Malaca, mais exatamente em 1511.
Quem foi Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque nasceu em 1453, em Alhandra, e faleceu em 1515, em Goa. Devido às suas viagens, ficou conhecido por ‘Leão dos Mares’ ou por ‘César do Oriente’. Foi fidalgo militar e Vice-Rei e Governador da Índia Portuguesa.
Os seus dotes como estratega foram enaltecidos, assim como a sua postura isenta, não aceitando subornos, nem traições. Há quem defenda que Afonso de Albuquerque recorreu à miscigenação para conseguir proteger a posição nacional, uma vez que Portugal não teria homens em número suficiente para preservar o império.
Assim, é indubitável que Afonso de Albuquerque foi um dos navegadores mais relevantes da história do país, criando um verdadeiro império em todo o Oceano Índico. Para tal, encerrou todas as passagens navais para o Índico, construindo várias fortalezas e fechando o oceano a otomanos, árabes e hindus.
Foi um exímio lutador nas batalhas, mas também um diplomata, quando a história assim o exigiu. Esteve presente em diversas expedições, como a da Índia, de Goa, a de Ormuz, a do Golfo Pérsico, entre muitas outras. Também manteve vários contactos diplomáticos com reinos, como os da Etiópia, Índia, Reino do Sião, Pérsia e China.
Foi ainda o primeiro a navegar no Mar Vermelho, próximo do estreito Bab-el-Mandeb, e o segundo a fundar uma cidade na Ásia.
Por tudo isto, o rei D. Manuel I acabou por o nomear Vice-Rei e Duque de Goa.
A conquista de Malaca
Foi em 1511 que os portugueses conquistaram este território, dos mais distantes, estratégicos e lucrativos. A partir de lá, Portugal conseguiu dominar o comércio das especiarias.
Apesar de não ter recebido muito apoio, Afonso de Albuquerque avança com uma expedição rumo a Malaca. Da frota portuguesa constavam 900 portugueses, 200 mercenários hindus e aproximadamente 18 embarcações.
Malaca era uma cidade muito rica e protegida pelo sultão Mahmud Shah, que se fazia acompanhar de 20 mil homens e de mais de 2000 peças de fogo. Porém, a armada de Albuquerque conseguiu fazer com que o sultão se rendesse e soltasse os portugueses que havia feito prisioneiros, na sequência de outra expedição.
Ainda assim, o sultão contra-atacou e os portugueses tiveram de recuar para se reorganizarem. Além dos seus homens, o sultão recorreu à imponência de um conjunto de elefantes que nem assim demoveram os portugueses do seu objetivo. Fernão Gomes de Lemos e os seus soldados conseguiram fazer os elefantes recuar e vencer, assim, o confronto.
A batalha estava ganha, mas não a guerra. Portanto, em agosto, os portugueses voltaram ao ataque, desta feita com o apoio de alguns mercadores que pediram proteção a Afonso de Albuquerque para que não fossem saqueados pelos portugueses durante o ataque.
O sultão e os seus homens acabam por fugir e, nessa altura, os portugueses começam o saque à cidade, com exceção dos mercadores que haviam prometido proteger.
A instalação dos portugueses em Malaca e a morte de Afonso de Albuquerque
Em 1512, Afonso de Albuquerque levou para a Índia alguns carpinteiros malaios que aprenderam a construir navios ao jeito nacional. Em Malaca, ficaram 13 homens responsáveis por proteger a fortificação e uma armada de oito navios e de mais de 200 homens que defenderam a cidade e o mar.
Porém, três anos depois, em 1515, Afonso de Albuquerque morreu e Malaca começou a revelar alguns problemas, nomeadamente militares, devido à falta de pessoal e, também, de navios. O número insuficiente de portugueses lá presentes está relacionado com os surtos de doenças que afetaram a região, como foi o caso da malária, da febre-amarela e da cólera. Estas doenças eram favorecidas pelo clima húmido, pela má alimentação e por outros fatores.
Quem sobreviveu acabou por sair de Malaca e ir para a China e para as Molucas, para enriquecer. Malaca foi, assim, ficando sem guarnição e mais sujeita aos ataques dos inimigos.
Para evitar a perda deste importante território, foi enviado para lá D. Aleixo de Menezes e a sua armada com aproximadamente 300 homens, duas naus e um junco, além de munições e de armas.
D. Aleixo chegou a Malaca em 1518 e confrontou-se com uma fortificação ao abandono. Nessa altura, nomeou Afonso Lopes da Costa, Capitão da fortaleza, e Duarte de Melo, Capitão-mor da armada. Depois, bloqueou o rio Muar, afastando os avanços dos inimigos.
Contudo, este não seria o fim das batalhas, nem dos ataques inimigos.
Assim, em 1641, os holandeses acabaram por conquistar Malaca.
Curiosidades
Pode ser surpreendente, mas Afonso de Albuquerque continua a ser conhecido em Malaca.
Para a história, ficou como um homem importante, de pulso firme, mas não tirano.
Naquela época, ali falava-se o ‘kristang’, um idioma cristão-português, que atualmente ainda é falado em determinadas comunidades portuguesas de Malaca.
Outra curiosidade interessante é que uma das principais ruas de Malaca foi, precisamente, batizada com o nome do português Afonso de Albuquerque.
Atualidade
Hoje em dia, Malaca é a capital e o terceiro menor estado da Malásia.
Em 2008, foi declarada Património Mundial pela UNESCO. Da presença portuguesa por este território, restaram a nível patrimonial a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca, também chamada de “A Famosa”.
A sua população é de aproximadamente 788.706 habitantes e ao seu comando já não está mais um sultão, mas sim um governador (Yang di-Pertua Negeri). Entre os seus habitantes, estão malaios (57%), chineses (32%), indianos e a comunidade kristang, de origem portuguesa.
A economia deste destino vive, sobretudo, do turismo e da produção de bens manufaturados, alimentos, produtos, autopeças, peças eletrónicas, entre outros bens.
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Naquele tempo, tínhamos raça!!!! “Meia dúzia” com “eles” no sítio…