“Foi pago” e “Tinha pagado” são erros de português?
Já ouviu falar em verbos abundantes? Perceba connosco o que são. “Foi pago” e “Tinha pagado” são erros de português?
Certamente que já se deu conta que alguns verbos têm dois particípios passados. São os chamados verbos abundantes e são estes que podem gerar alguma confusão na hora de formar os tempos compostos. Afinal, perante um particípio regular e outro irregular, pode surgir a dúvida em relação a qual dos particípios usar em cada ocasião.
Como exemplo desta situação, vamos analisar o caso do verbo “pagar” e também citar alguns outros verbos que possuem esta característica do particípio duplo.
Começando por responder à questão enunciada: não, “tinha pagado” e “foi pago” não são erros. Agora, resta perceber o porquê destas duas construções e se existem outras formulações possíveis.
Efetivamente, “pagado” e “pago” são nada mais, nada menos, do que duas formas equivalentes do particípio do verbo pagar, que se pode classificar como um verbo abundante.
“Pagado”: particípio regular do verbo pagar
A forma regular é, habitualmente, utilizada na voz ativa, com os verbos auxiliares ter ou haver.
Por exemplo: “Quando ele saiu, já tinha pagado o café.”
“Pago”: particípio irregular do verbo pagar
A forma irregular é, geralmente, utilizada na voz passiva, com os verbos auxiliares ser ou estar.
Por exemplo: “O café foi pago por ele.”
Nota: Apesar do exposto anteriormente, o que é facto é que é cada vez menos comum ouvir-se e ler-se a forma regular “pagado”, sendo privilegiada a forma irregular “pago”, mesmo em frases que usam os verbos auxiliares ter ou haver.
O verbo pagar é sinónimo de remunerar, gratificar, desembolsar, custear, reembolsar, indemnizar, quitar e liquidar. Pode também significar cumprir, realizar, retribuir, corresponder e compensar ou, ainda, padecer, sofrer e expiar.
É, ainda, importante lembrar que a forma “pago” é também a forma do verbo pagar no presente do indicativo, na 1ª pessoa do singular. Por exemplo: Eu pago sempre a renda no dia 1.
Verbo pagar – Presente do indicativo
(Eu) pago
(Tu) pagas
(Ele) paga
(Nós) pagamos
(Vós) pagais
(Eles) pagam
Outros casos semelhantes
O particípio permite a formação de tempos verbais compostos e transmite a noção da conclusão da ação verbal, isto é, o estado da ação depois de concluída.
“Pagar” não é o único verbo abundante da língua portuguesa, ou seja, a possuir particípio duplo com uma forma regular e outra irregular. Alguns exemplos são: ganhar (ganhado/ganho), morrer (morrido/morto), extinguir (extinguido/extinto).
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