A Era dos Descobrimentos tornou Portugal num país poderoso. Outro país, Espanha, também se revelou influente. Um nome tornou-se numa referência, Fernão de Magalhães.
Ao longo da nossa história, com quase 900 anos, foram vários os momentos marcantes. No entanto, poucos momentos terão sido tão notáveis como a Era dos Descobrimentos.
A Era dos Descobrimentos foi a designação dada ao período da história (mais especificamente entre o século XV e o início do século XVII) durante o qual portugueses e espanhóis exploraram intensivamente o globo terrestre descobrindo um novo mundo e importantes rotas de comércio.
Posteriormente, outros países europeus seguiram a mesma filosofia. Nesta Era dos Descobrimentos, surgiram diversos nomes marcantes e um deles foi o de Fernão de Magalhães. Quer saber mais sobre este homem e sobre a sua obra?
Fernão de Magalhães: um herói de Portugal para o mundo
Fernão de Magalhães (1480-1521)
Fernão de Magalhães foi um fidalgo da pequena nobreza, existindo diferentes versões que identificam locais de nascimento distintos. Uns defendem Trás-os-Montes, enquanto outros historiadores defendem que ele terá nascido no Porto.
Datas históricas
Encontrando-se desde jovem em Lisboa, Fernão de Magalhães embarcou na armada do vice-rei D. Francisco de Almeida, aos 25 anos. Assim, em 1505, Fernão de Magalhães foi a caminho da Índia.
A armada percorreu os pontos principais do império do Oriente. Assim, Fernão de Magalhães teve a oportunidade de participar em acontecimentos da Expansão relevantes, nomeadamente a batalha naval de Diu (que ocorreu em 1509) e a conquista de Goa (que ocorreu em 1510).
Francisco Serrão foi um conhecimento que fez na Índia, uma pessoa que veio a tornar-se feitor nas ilhas Molucas. Por lá, interessou-se pelos locais e por determinadas especiarias que eram bastante valiosas e atraíram os portugueses até ao Oriente.
Fernão de Magalhães fez a viagem de regresso a Lisboa, em 1513. Depois, partiu para Marrocos. Encontrando-se sob o comando do duque de Bragança, Fernão de Magalhães distinguiu-se entre os seus pares na conquista de Azamor, pois foi nomeado quadrilheiro-mor.
Fernão de Magalhães encontrava-se nesse cargo quando caiu em desgraça. Quando tinha como uma das suas funções repartir o saque, Fernão de Magalhães foi acusado de o ter feito de forma pouco transparente.
O rei D. Manuel recusou-lhe por duas vezes o pedido de aumento da tença, a pensão dada em remuneração de serviços. Se na primeira manteve-se na corte, à segunda recusa Fernão de Magalhães abandonou-a.
Espanha
Fernão de Magalhães foi propor os seus serviços ao rei de Espanha. Em 1517, chegou a Sevilha, cidade onde conheceu e conviveu com Juan de Aranda e o bispo de Burgos, dois elementos poderosos da corte espanhola.
Enquanto o primeiro era feitor da Casa da Contratação, o segundo era membro do Conselho das Índias. Fernão de Magalhães tinha conhecimentos aprofundados pelo que se tornou fácil convencer os espanhóis de que seria capaz de realizar a descoberta do caminho para as Molucas, as ilhas produtoras das especiarias.
O plano era chegar lá navegando para ocidente. Assim, respeitando o Tratado de Tordesilhas de 1494, fizeram a viagem por mares que, segundo o tratado, não estivessem reservados a Portugal.
Juan de Aranda e o bispo de Burgos foram um apoio importante permitindo que Fernão de Magalhães pudesse abordar o rei Carlos I de Espanha. A negociação foi acordada. Fernão de Magalhães cobrava um soldo de 50 mil maravedis. Ele tinha ao seu comando uma esquadra de cinco naus.
A tripulação de 265 homens distribuía-se pelas naus Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago. Fernão de Magalhães tinha assim o papel de colocar as Molucas na posse da coroa espanhola.
A primeira circum-navegação da Terra
O feito começou em setembro de 1519. O percurso iniciou-se em San Lúcar de Barrameda, espaço em que os navios partiram para rumar às Canárias e daí seguiram para o Brasil.
Fernão de Magalhães e as suas 5 naus chegaram à baía do Rio de Janeiro em dezembro. Posteriormente, seguiram a costa para sul e, em fevereiro de 1520, Fernão de Magalhães e as suas 5 naus atingiram a foz do Rio da Prata.
Mais tarde, chegaram à baía de S. Julião (a 31 de março), local onde passaram o inverno. Os meses seguintes poderiam ser passados a preparem-se para as novas aventuras, mas surgiu uma revolta que causou danos.
A nau Santiago naufragou, enquanto a nau San Antonio regressou a Espanha na sequência de um motim. Por isso, duas naus perderam-se.
Fernão de Magalhães e as suas 3 naus
A 18 de outubro, a esquadra fez-se ao mar novamente, cinco meses depois da paragem, encontrando-se agora com apenas 3 naus. Apenas três dias depois, a 21 de outubro, as naus navegavam num estreito que se encontrava fustigado por violentas tempestades.
Por lá se mantiveram até meados de novembro, momento em que descobriram a saída. Por isso, Fernão de Magalhães batizou-o “Estreito de Todos os Santos”, pois por lá passou o dia de Todos-os-Santos.
O Pacífico
Depois de saírem do estreito, Fernão de Magalhães e as suas 3 naus deixaram para trás o oceânico Atlântico e encontraram-se a navegar num oceano distinto, mais tranquilo. Um oceano a que deram o nome de Pacífico.
Carlos V, como reconhecimento, determinou que a passagem do Atlântico para o Pacífico tivesse o nome de Estreito de Magalhães. No entanto, a viagem não foi nada pacífica, surgindo outros problemas.
Se o oceano não representou problemas de maior, a travessia do Pacífico foi dificultada pela sede, pela fome e pelo escorbuto. Ora, estes problemas causaram diversas baixas na frota.
A continuação
Fernão de Magalhães e as suas 3 naus foram seguindo o percurso como podiam e chegaram a um arquipélago (a que chamaram de S. Lázaro, mas que hoje conhecemos como Filipinas, nome dado em honra de Filipe II), em março de 1521.
Posteriormente, aportou a Cebu, lugar onde, com o rei local, estabeleceu relações comerciais. No entanto, mais tarde, Fernão de Magalhães não teve a mesma sorte com o rei da ilha vizinha de Mactan. O navegador português desembarcou na ilha com um grupo armado, tendo sido abatido (em abril de 1521) pelos indígenas.
A sucessão
Duarte Barbosa e João Serrão foram escolhidos para chefiar a expedição, mas como pretenderam vingar Magalhães, não tiveram grande futuro. Enquanto Barbosa foi morto, Serrão foi preso. Já os sobreviventes fizeram-se ao largo.
Posteriormente, Juan Sebastian de Elcano tornouse no novo comandante. Juan Sebastian de Elcano completou a circum-navegação em setembro de 1522, comandando a nau Victoria. Ela chegou a San Lúcar de Barrameda três anos depois da aventura se ter iniciado sob o comando de Fernão de Magalhães. Apenas 18 homens dos 265 que tinham iniciado a circum-navegação voltaram.
O português
O facto de Fernão de Magalhães ser português não foi algo bem visto pelos espanhóis: os que foram com ele e os que ficaram. Por isso, ter concretizado o seu projeto ao serviço de um rei espanhol e sob diversas pressões, preconceitos e intrigas, concedeu-lhe ainda mais mérito.
Num país que não era o dele, Fernão de Magalhães conseguiu um sucesso notável ao fazer uma expedição desta envergadura. Melhor seria que tivesse chegado a Espanha com vida, de forma a viver todas as honras que merecia.
Leia também:
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Grande parte dos historiadores dão como local de nascimento, não Trás os Montes (Sabrosa) ou a cidade do Porto, mas a vila de Ponte da Barca no alto Minho.
Creio ser da mas elementar justiça, verificarem a veracidade dos factos, para, assim, não induzirem os leitores em (enorme) erro.
Fernão de Magalhães nasceu em Ponte da Barca.