Desvendamos o significado e a história por trás de 5 expressões só usadas no Porto. Cada expressão é uma janela para a cultura e tradições desta cidade vibrante. O Porto é uma cidade especial, sem se pretender reduzir a importância das demais cidades portuguesas. O nosso país tem uma longa história, sendo a cidade do Porto um dos destinos históricos mais emblemáticos de Portugal.
A sua cultura é encantadora. A alma do povo portuense espelha-se até na gastronomia, as tripas à Moda do Porto revelam que a garra dos portuenses permite fazer das fraquezas forças. Até no sotaque o Porto se destaca, as gentes da Invicta distinguem-se pela maneira de receber, de acolher, pelos seus trejeitos e maneirismos.
Há várias expressões que só os portuenses usam, fazem-no com tanta regularidade que nem percebem que muitos portugueses nem sabem o que eles querem dizer. Fique a conhecer a origem de palavras e expressões muito estimadas pelos portuenses.
5 expressões só usadas no Porto: descubra a sua história
1 – Vai no Batalha
Há pessoas que tendem a faltar à verdade ou que dão a sensação de que pretendem exagerar a realidade. Os portuenses costumam dizer “oh, vai no Batalha!”, como quem reconhece a criatividade dos outros, em vez de diz “que grande filme estás a fazer”, usam esta expressão portuense.
Para compreender o seu significado, é necessário fazer a ligação entre a expressão portuense e o Cinema da Batalha, que foi reconhecido como um dos espaços culturais mais icónicos da cidade do Porto.
2 – Molete
Os portuenses quando querem pão, pedem X moletes. A palavra molete foi “inventada” pelo povo da cidade Invicta. Curiosamente, a origem por trás desta palavra está em França. O termo molete foi apropriado da língua francesa.
Segundo reza a lenda, a palavra molete passou a ser usada pelos portuenses, num contexto em que havia um ataque dos franceses ao Porto, em 1809. Na época, o general Mollet, aquartelado em Valongo, era um homem que tinha um apreço particular de pão, especialmente ao pequeno-almoço.
Nesse tempo, os pães tinham de ser confecionados em porções reduzidas para que houvesse pão para todos. Como os homens eram muitos, tinha que haver sustento para todos as pessoas que iam combater.
Foi desta forma que se começou a chamar moletes aos pequenos pãezinhos feitos em Valongo (concelho que se revelou muito forte no setor da panificação).
3 – Chuço
Embora o termo “guarda-chuva” seja o mais usado no país, na cidade do Porto, esse termo é frequentemente preterida por outro, chuço. Os portuenses usam esta palavra, mas sabe o que ela quer dizer (além de “guarda-chuva”, para os portuenses)?
O chuço consiste numa vara aguçada que é usada para realizar trabalhos que envolvam a terra. Contudo, a mesma palavra também é alusiva a uma arma que se associa maioritariamente a um modo de combater que eram comum nos tempos antigos, sendo uma espécie de lança com ponta de ferro.
Ora, como o guarda-chuva fechado se assemelha a um chuço, percebe-se o nome dado ao objeto pelos portuenses. Contudo, existe ainda a teoria que a expressão chuço para identificar o guarda-chuva partiu de uma marca que fabricava estes objetos que nos permite abrigar da chuva e manter-nos secos em pleno inverno. A Chussol existe há mais de 50 anos, no entanto, há quem desvalorize esta associação como início da expressão.
4 – Fino como um alho
É frequente os portuenses descreverem alguém como pessoa que é “fina como um alho” quando se pretende elogiar alguém pela sua inteligência e perspicácia. Neste caso, a expressão não está associada ao alimento, o tempero que combina muito bem com a cebola para fazer um refogado. A carne também fica bastante saborosa quando leva alho.
Muitas pessoas desconhecem que a expressão está ligada a um nome próprio. Mesmo os portuenses não fazem ideia que a expressão que tantas vezes usam faz alusão a uma pessoa, não a um alimento.
O nome dessa pessoa era Afonso Martins Alho. Este mercador era reconhecido pela sua inteligência, foi responsável por estabelecer um tratado importante no século XIV com os ingleses. Este acordo foi alcançado em condições extremamente positivas para os portugueses.
A Invicta quis prestar uma homenagem a este homem da terra. Afonso Martins Alho era um mercador da cidade do Porto, os portuenses demonstraram o seu carinho por este senhor que se destacou por apresentar um perfil astuto. Este homem distinguiu-se pela capacidade que evidenciava para defender os seus interesses, os da sua cidade e os de Portugal.
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5 – Carago
Esta expressão tem o carimbo do Porto, o termo carago vem do espanhol. Esta palavra tão usada pelos portuenses significa um pau curto e grosso. Não é necessário ser da cidade para ouvir este termo, contudo, na Invicta este termo faz parte do quotidiano dos portuenses.
Além do seu sentido literal ao qual o termo está associado, a expressão carago também está ligada à tradição dos marinheiros. O carago (ou caralho) encontrava-se nas naus e caravelas, ele consistia numa pequena cesta (gávea) que estava situada no ponto mais alto das embarcações. É a partir do carago (carajo, como os espanhóis diziam) que se podia observar o mar, chegando primeiro a uma visão do que se encontra mais distante.
Contudo, dizer ir para o carago (ou caralho), antigamente, já não era exatamente uma coisa boa, pois, frequentemente, essa deslocação servia como castigo para os marinheiros. A experiência de estar nesse local não era particularmente agradável, pelo contrário. Por exemplo, em dias de inverno, a chuva era farta, além de se ter de lidar com vento muito forte.
O Professor Doutor Marco Neves diz que o quinto exemplo é mito urbano… Tem fontes que permitam afirmar tal coisa?…
De que servem as dúvidas, nada. A gente vai sempre continuar a dizer: carago não…caralho. (cesto da gávea). Melhores cumprimentos
Com certeza essa expressão vai para a casa do caralho vem desse costume de mandar os marinheiros para o cesto da gávea
Gosto de aventuras