D. Pedro II, um imperador caloteiro
Nos meados do século XIX, D. Maria Henriqueta de Mello Lemos e Alvelos era uma das mais distintas mulheres da sociedade portuense do seu tempo. Como o próprio nome deixa adivinhar era uma aristocrata mas, também, uma empresária de sucesso.

Dirigia o Grande Hotel do Louvre, um dos mais luxuosos que havia no Porto daquela época e que ocupava todo o edifício que faz esquina da rua de D. Manuel II para a rua do Rosário, hoje em deplorável estado de degradação.

Nos fins de Fevereiro de 1872, D. Maria Henriqueta recebeu no seu hotel um hóspede muito especial: o imperador do Brasil D. Pedro II, filho do nosso rei D. Pedro IV, que veio em visita particular e, por isso, viajava incógnito, sob o título de duque de Alcântara.

Com ele veio a mulher, D. Teresa Cristina Maria e uma pequena comitiva composta por sete individualidades muito próximas do imperial casal e mais dez criados.

A viagem dos imperadores brasileiros a Portugal tinha um objetivo: visitar o Palácio de Cristal Portuense que havia sido inaugurado (1865) sete anos antes com a presença, então, da família real portuguesa. E o Louvre, como costuma dizer-se, ficava ali a dois passos…

A estadia de D. Pedro II e respetiva comitiva no hotel de D. Maria Henriqueta durou somente três dias. No último dia da hospedagem, a hoteleira apresentou a conta a Nicolau António do Vale da Gama, mordomo da casa real brasileira. Totalizava 4.500$00 reis.
Submetida à aprovação do imperador este ordenou ao seu mordomo que não pagasse a fatura por achar exagerada a quantia pedida. Mais, incumbiu Manuel José Rebelo, ao cônsul do Brasil no Porto, de apresentar uma queixa em tribunal contra a dona do hotel que acusou de especulação indevida.

E a queixa correu os seus termos. Cinco longos anos andou a querela em tribunal. A sentença saiu no dia 6 de Outubro de 1877. O tribunal da segunda vara civil do Porto deu razão a D. Maria Henriqueta. A conta por ela apresentada ao imperador brasileiro era justa e não especulativa.
(cont.)
Sinceramente, sem questionar a veracidade da narrativa, mas não acho adequado o termo atribuído, ao imperador brasileiro. Isto porque, o fato deste contestar o valor apresentado, não o faz desonesto, e sim, crítico, contestador, e deve ter tido motivos para isso. Podem dizer que, após a análise da autoridade competente, e constatado que o valor era justo, não o poderia negar-se a pagar. Mas, a própria narrativa faz referência, que a tal cobrança de dívida, não foi entregue ao devedor, seja por qual motivo fosse. E isto, não fica difícil de entender, uma vez que, naquela ocasião, a situação da família imperial, não era das melhores, atravessando por dificuldades, não unicamente financeiras, que a impedissem de pagar seus débitos, mas política, com inúmeros ataques promovidos pelos apoiadores da república, que como sabemos, acabou acontecendo. Pagar tal valor, promovido pelos imperadores, independentemente da vontade destes, com certeza que não deve nem ter sido cogitado, dada a crise se que já enfrentavam. Certamente pelo mesmo fato, a aproximação da proprietária do hotel, foi impedida. E pelo mesmo motivo, certamente o pagamento tenha sido feio por portugueses, com posses, em apoio a família imperial, sabedores do que estes estavam a passar. Se a dívida foi no final paga, em nome do imperador, por aqueles que lhe entendiam as razões, porque o rotularem de “caloteiro”? Por certo, este não o merecerá, por tantos feitos, que lhe são atribuídos. Sendo assim, sua memória digna de respeito e admiração.
Pois o Problema e que o Imperador, esqueceu uma coisa,
pedir um orcamento de estadia!
Imagino tambem, que como Imperador, e pessoa inteligente que era..
deveria ter uma ideia dos custos!
Portanto a alcunha de caloteiro ate lhe fica bem.
Essa tal Maria Henriqueta deveria agradecer ao monarca sua estadia mesmo que fosse por uns minutos no seu hotel… Isso lhe valeu o nome na História, Sinhá Dona! E vocês fofoqueiros, vão se queixar ao Papa, pra ver o que é bom escutar!
Naquela altura ainda não havia os low Costa e os Booking senão teria pago com antecedência mas diga se em boa verdade que a tal dita D. Maria Henriqueta de Mello Lemos e Alvelos não era mulher para brincadeiras. Faz me lembrar a minha princesa…
Caro Germano, isso é mesmo um costume das autoridades desde dos tempos dos portugueses. Pois nos anos 70 quando o vice-presidente do Brasil era o Sr. Antônio Aureliano Chaves, ( in-memoris) ele foi convidado pelo prefeito local, para um almoço em Três Pontas, e este almoço ficou uma pequena bagatela de trinta milhões de cruzeiros na época!
E nós pagamos! E nem fez falta pra nós! KKKKKkkk