A monarquia portuguesa está repleta de casos curiosos que merecem ser mais conhecidos. Como este em que D. Pedro II foi enfeitiçado…
D. Pedro II foi um rei fascinante. Era filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. Este rei teve um percurso distinto. Ele nasceu em 1648, mais precisamente no dia 26 de abril. D. Pedro II reinou por mais de duas décadas, num reinado que se prolongou entre 1683 e 1706.
Este Rei de Portugal ficou conhecido pelo cognome de “O Pacífico”. Este cognome deve-se ao facto de ele ter assinado um acordo de paz com Espanha. Em vida, também esteve envolvido militarmente na Guerra da Sucessão de Espanha, sendo que também ficou para a história por ter assinado o Tratado de Methuen.
Este tratado comercial (que muitos referem como Tratado dos Panos e Vinho) foi assinado no dia 27 de dezembro de 1703, tendo envolvido Portugal e Inglaterra. D. Pedro II faleceu no dia 9 de dezembro de 1706. Contudo, este rei viveu uma vida cheia de emoções… e até foi enfeitiçado!
D. Pedro II foi enfeitiçado, mas a história acabou mal
A história controversa do rei “malandro”
D. Pedro II foi um rei importante, mas como pessoa tinha a necessidade de ser muito ativo. A cabeça de um Rei costuma estar muito ocupada com tarefas maiores, nomeadamente com a realização de acordos que visassem engrandecer Portugal e/ou enriquecer o país.
No entanto, na cabeça de D. Pedro II, havia muitas outras preocupações, muitas delas comandadas pela sua líbido…
As mulheres de D. Pedro e os seus filhos…
D. Pedro II teve uma vida plena, profundamente marcada pela sua insaciável fome carnal. Ele procurava, constantemente, saciar os seus desejos carnais. Além dos dois casamentos que teve e que deram lugar a 8 filhos legítimos, ele ainda teve 3 filhos bastardos.
Contudo, a sua atividade libidinosa foi mais acentuada, tendo sido distribuída por diversas amantes. Na verdade, a fome foi tanta que se desconhece ao certo o número de amantes (ou de filhos ilegítimos…) que o rei teve. Contudo, facilmente se constata que tenha sido elevado.
Ao longo da sua vida, D. Pedro II dedicou a sua atenção a amantes de todo o género. D. Pedro II abriu os braços a meretrizes, mulheres negras, mulheres aristocratas, sabendo-se ainda de uma relação com uma criada do Paço, entre muitas outras aventuras amorosas.
O feitiço
No entanto, existe uma história que muitos desconhecem sobre o Rei D. Pedro II. Conheça, agora, a história da amante que lançou um feitiço ao Rei.
D. Pedro II era um infante de apenas 15 anos quando se apaixonou por Francisca Botelha, uma “mulher-dama” (cortesã). Francisca Botelha vivia perto do Terreiro do Paço, sendo uma pessoa que estava determinada a obter privilégios da relação. Sem hesitar, Francisca Botelha recorreu a uma feiticeira. O nome dessa mulher era Francisca de Sá.
Instrução da feiticeira
Francisca Botelha obedeceu às indicações de Francisca de Sá, nomeadamente quando a bruxa lhe disse para Francisca Botelha rasgar um pedaço de tafetá do forro do fato do amante.
Francisca de Sá indicou a Francisca Botelha para que limpasse as partes íntimas do infante no fim da relação sexual ou “ajuntamento”. Francisca Botelha cumpriu ainda a instrução de Francisca de Sá para lançar pós mágicos no chão, que se destinavam a ser pisados pelo príncipe, depois deste sair da cama.
A ladainha
Francisca de Sá indicou a Francisca Botelha para tocar no corpo nu do infante, devendo-o fazer com alguns objetos. Francisca Botelha fez o que a feiticeira mandou, dizendo a seguinte ladainha (que também lhe fora instruída):
“Eu te embuço, eu te rebuço,
com o buço do lobo, com o osso do
homem morto, com o pão da forca e
corda do enforcado para que tu, infante
D. Pedro, andes a meu mandado, tu
me digas o que souberes, tu me dês
quanto tiveres, tu me ames mais que a
todas as mulheres, todas quanto vires te
pareçam burras velhas, só eu te pareço
uma dama bela.”
O feitiço virou-se contra a feiticeira
Apesar de Francisca Botelha ter feito tudo o que devia fazer, de acordo com as instruções da bruxa Francisca de Sá, os seus feitiços revelaram-se pouco eficazes. D. Pedro não só não se comprometeu com Francisca Botelha, como veio a terminar a relação passados poucos meses.
Contudo, a história acabou mal, pois só foi verdadeiramente resolvida anos mais tarde e com a intervenção do Tribunal da Inquisição de Lisboa. Francisca de Sá foi condenada à morte pelo crime de feitiçaria!
Sendo o Rei D. Pedro II, “O Pacífico”, este Rei de Portugal e dos Algarves não foi nada meigo…