Na história de Portugal, houve uma série de episódios que merecem ser mais conhecidos. Sabe a história de D. Manuel I e o Rinoceronte de Lisboa?
Ao longo da história de Portugal, a monarquia teve um papel importante em boa parte dos 900 anos de existência deste país. Portugal esteve sob a liderança de um rei em grande parte deste tempo, sendo que um reinado corresponde a um período especial. Nestes séculos, foram mais de trinta os reis, tendo existido quatro dinastias que reinaram a nação.
Os reis e as rainhas tiveram a oportunidade de desempenhar um papel fundamental no percurso do país. Se é verdade que existiram reis portugueses que realizaram um trabalho notável, houve outros que tiveram feitos bem mais modestos. Se é verdade que existiram reis que lideraram batalhas que levaram ao sucesso de Portugal, também existiram reis que perderam batalhas humilhantes. Se é verdade que houve reis que foram protagonistas na construção de feitos absolutamente memoráveis, não deixa de ser verdade que cometeram atos que ficaram para história por outros motivos, menos honrosos.
Os reis provaram que eram pessoas de carne e osso, com virtudes e defeitos, como qualquer outra pessoa. O NCultura tem vindo a publicar uma série de artigos que retratam essa humanidade dos reis. São feitos interessantes dos monarcas que devem ser mais conhecidos. No presente artigo, centramos a nossa atenção em D. Manuel I.
Reis de Portugal: D. Manuel I e o Rinoceronte de Lisboa
D. Manuel I
Este é um dos reis da 2ª Dinastia (conhecida por de Avis ou por Joanina).
D. Manuel I nasceu no dia 31 de maio de 1469, em Alcochete. O filho de D. Fernando e de D. Beatriz reinou entre 1495 e 1521. O rei que ficou conhecido como “O Venturoso” teve uma união com D. Isabel; posteriormente, uniu-se a D. Maria de Castela; e, por fim, houve uma união com D. Leonor. D. Manuel veio a falecer no dia 13 de dezembro de 1521, em Belém.
D. João III, “O Piedoso”, foi o rei que lhe sucedeu, filho de D. Manuel I e de D. Maria de Castela.
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O presente do rinoceronte
No ano de 1514, o fundador do Império Português no Oriente e governador das Índias Portuguesas, Afonso de Albuquerque, pretendeu construir uma fortaleza em Diu, cidade localizada no reino de Cambaia, sendo este reino governado pelo rei Modofar. O rei D. Manuel I autorizou Afonso de Albuquerque a enviar uma embaixada ao rei de Cambaia, com a intenção de pedir autorização para a construção da fortaleza.
Contudo, o rei Modofar não cedeu ao pedido, mas não deixou de apreciar as oferendas recebidas. Como resposta, ofereceu a Afonso de Albuquerque um rinoceronte como presente.
A viagem do animal para Lisboa
Afonso de Albuquerque percebeu que o melhor seria enviar o rinoceronte ao rei D. Manuel I, como presente, pois não queria mantê-lo em Goa. A chegada do rinoceronte a Lisboa suscitou imensa curiosidade em Portugal e, também, no resto da Europa.
O aspeto do rinoceronte era muito diferente do que se estava habituado. O animal pesava mais de duas toneladas. A sua pele era bem espessa e apresentava-se bastante rugosa, destacando-se três grandes pregas, o que fazia com que parecesse estar a usar uma armadura.
Albrecht Dürer chegou a desenhar um rinoceronte sem nunca ter visto um, tendo por base apenas o relato de um português. O mestre Albrecht Dürer recorreu a uma carta escrita por um mercador português que descrevia e continha um desenho do rinoceronte. Desde o século III que não se via um animal do género. Por isso, desde esse momento que este foi o primeiro rinoceronte vivo em solo europeu.
O “zoo” de D. Manuel I
No início do século XVI, D. Manuel I reinou Portugal, mais precisamente entre 1495 e 1521. Esse tempo foi interessante, pois Portugal viveu um contexto muito favorável, fruto dos descobrimentos que ia fazendo fora da Europa.
Esse contexto foi aproveitado para a criação de uma espécie de zoo, presente no Palácio da Ribeira, no Terreiro do Paço. Os reis tinham-se mudado do castelo para o Palácio da Ribeira e D. Manuel tinha especial apreço pelo elefante e pelo rinoceronte. Contudo, numa inspiração cruel, resolveu organizar um combate entre ambos os animais…
O triste espetáculo
O rei sabia das histórias romanas que falavam sobre o ódio mortal entre elefantes e rinocerontes. Contudo, agora, D. Manuel I tinha a possibilidade de verificar se tal era verdade.
O evento foi realizado em Xabregas, havendo uma assistência assinalável, com muitos cavalheiros e damas. Contudo, o momento não chegou a realizar-se.
No frente a frente, o elefante apresentava-se bem mais nervoso e entrou em pânico. Não houve a ansiada batalha de titãs, pois o «alifante», como diziam na época, assim que viu aproximar-se o «rinocerota» fugiu. Conclusão, match nulo.
Impacto nacional
Como sabemos, na Torre de Belém está a escultura de um pequeno rinoceronte, virada para o Tejo. Essa estátua retrata o rinoceronte de estimação do rei D. Manuel I. Foi o primeiro animal do género a ser visto na Europa, desde os tempos romanos.
O rinoceronte foi imortalizado em Portugal, encontrando-se numa das guaritas da Torre de Belém, mas também no Mosteiro de Alcobaça, onde uma representação naturalista do rinoceronte assume a função de gárgula, no Claustro do Silêncio.
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