As loucuras de D. João V, o rei português que mais investiu em construções e era viciado em afrodisíacos para temperar as suas diversões…
Em Portugal, existiram reis com uma história de relevo, mas nenhum ousou usufruir da riqueza que D. João V apresentou ao longo de quase todo o seu reinado. Este rei português gozou de uma enorme riqueza que investiu na construção de monumentos colossais. Um investimento assinalável que deu um património ímpar ao nosso país, mas fez voar boa parte da riqueza que se conseguiu obter.
Este rei viveu uma vida de luxo, gastando o seu poder económico em construções loucas. D. João V também investiu o seu tempo em loucuras, recorrendo a vários afrodisíacos para se perder em diversões.
O rei viciado em afrodisíacos e obcecado por freiras
D. João V (1689-1750)
No dia 22 de outubro de 1689, nascia D. João V, filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuburgo. D. João V foi aclamado rei no dia 1 de janeiro de 1707, tendo reinado desde então até 1750, ano da sua morte.
D. João V foi um dos reis portugueses que teve um reinado bastante longo. Do seu casamento com D. Maria Ana da Áustria (esta mulher era irmã do imperador austríaco Carlos III), que ocorreu no dia 09 de julho de 1708, nasceu (no dia 6 de junho de 1714, em Lisboa) D. José I, “O Reformador”.
O uso de afrodisíacos
A obsessão pelo sexo levou D. João V a fazer um uso descontrolado de afrodisíacos, nomeadamente de cantáridas, que lhe terão apressado a morte. D. João V era um católico fervoroso. Era tão católico que adorava visitar conventos. Os historiadores até deram a este rei o cognome de “O Freirático”… É que este rei perdia a cabeça com freiras.
O convento de Odivelas era visitado por ele quase todas as noites, mas seguramente que rezar não estava nas suas prioridades. Uma madre ficou para a história como a sua amante mais duradoura, pois encheu a freira Paula Teresa da Silva de luxos assinaláveis. Fruto desta relação, nasceu D. José. Este filho bastardo do Rei, que tinha a curiosidade de ser homónimo do príncipe herdeiro D. José, tornou-se inquisidor-geral.
Filhos bastardos
Fruto dos afrodisíacos ou não, a verdade é que D. João V explorou diversas paixões, por freiras e não só. Foram várias as amantes e muitos os filhos bastardos.
No dia 6 de agosto de 1742, foi escrito um documento em que o rei português reconheceu a paternidade de três filhos ilegítimos, mas teve muitos mais. Os “Meninos de Palhavã” eram filhos bastardos que foram colocados no palácio onde hoje se encontra a Embaixada de Espanha.
Condições ímpares
D. João V foi o vigésimo quarto rei de Portugal, tendo recebido o cognome de “o Magnânimo”. Ele reinou em condições invejáveis, pois havia um poder económico assinalável que lhe permitiu investir em diversos setores: na educação, na cultura, na literatura, na arte e na ciência. Ele desenvolveu uma obra interessante, realizando na arquitetura construções com arrojo, que na época representaram uma autêntica loucura, mas que hoje representam construções de valor incalculável.
A riqueza de D. João V e de Portugal
D. João V terá reinado no período mais faustoso, pois foi o chefe de Estado mais rico da história do país. Pela capacidade de investimento e pela obra criada, tornou-se conhecido pelo cognome de “o Magnânimo”.
D. João V (1689-1750) ocupou o trono durante a primeira metade do século XVIII. O seu imposto de 20% de todo o ouro extraído no Brasil permitia reverter para a coroa muito poder económico. Só para ter uma ideia, no ano de 1725, chegaram 25 toneladas de ouro a Portugal.
Contudo, esse é um valor recorde. A média anual terá andado nas oito toneladas por ano. A juntar a este património, há os diamantes, que também eram extraídos no interior brasileiro em quantidades significativas.
Investimentos e obra realizada
D. João V investiu muito dinheiro em obras fabulosas que, sendo resultado da riqueza do reino, revelaram-se símbolos de Portugal, um património de valor incalculável. Entre as obras que foram construídas a mando do rei estão ícones do património nacional.
Palácio e convento de Mafra
Esta obra emblemática tem uma história incrível, com mais de 300 anos. O Palácio Nacional de Mafra, ou Convento de Mafra, começou a ser construído em 1717, mais precisamente a 17 de novembro, momento em que foi colocada a primeira pedra.
Johann Friedrich Ludwig foi o arquiteto alemão que esteve na direção desta construção. Por cá, o arquiteto ficou conhecido como João Frederico Ludovice. Os números desta construção revelam a megalomania do rei.
Nas grandes dimensões do edifício estão presentes um palácio real, um convento e uma basílica. O Convento de Mafra tem uma área total de 38 mil metros quadrados, num espaço com 1200 divisões e mais de 4700 portas e janelas.
Há ainda outros números reveladores da loucura da obra, pois existem 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Tudo isto implicou muito trabalho. Foram necessários 52 mil operários! Há ainda uma biblioteca com 36 mil valiosos livros.
Só para esta obra foi destinada boa parte do ouro e diamantes provenientes do Brasil. Além disso, para o convento, foram comprados mármores preciosos e madeiras exóticas. Também foram compradas peças de escultura em Itália.
Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra
A bela Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra é um monumento incrível. Esta obra de rara beleza revela-se uma obra-prima do Barroco. A sua construção foi iniciada em 1717.
Foi mais uma prova de que o rei português valorizou o conhecimento e soube investir parte da riqueza do reino em obras que perduraram. Os dourados sumptuosos da Biblioteca estão bem acompanhados pelas exóticas madeiras. Nesta biblioteca, trabalharam os melhores mestres, os especialistas em pintura de frescos e os melhores douradores e entalhadores.
A vastíssima coleção de milhares de livros é uma das diversas riquezas da biblioteca, possuindo vários livros raros e livros antigos e muito valiosos. A primeira edição dos Lusíadas, a Bíblia Hebraica ou o 1º de 3º volumes manuscritos do Antigo Testamento são 3 exemplos do património lá presente.
O Aqueduto das Águas Livres
Neste aqueduto fabuloso, é possível encontrar o maior arco em ogiva (em pedra) do mundo. Ele apresenta-se com 65,29 metros de altura e 28,86 metros de largura.
Esta emblemática obra resistiu ao terramoto de 1755. A sua utilidade atravessou séculos, tendo abastecido de água os moradores da capital, até à década de 1960.
Gostei de saber sobre esse importante rei português, e sua grandiosa obra deixada à posteridade como marcos históricos do país.
Aproveitando a sugestão do autor, tenho a curiosidade de também saber mais sobre os mouros, de onde vieram, sua cultura e época da dominação de Portugal e o legado cultural ao país.