Afinal, o famoso chá das cinco inglês foi uma tradição levada por uma portuguesa para Inglaterra. Conheça a história de Catarina de Bragança!
A infanta D. Catarina de Bragança levou para Inglaterra o gosto pelo chá, mas também pela porcelana. Podemos, por isso, dizer que ela revolucionou de certa forma os hábitos da corte inglesa, alguns dos quais se mantêm até aos dias de hoje. Perceba como tudo se passou e como esta portuguesa influenciou a cultura inglesa da época.
Catarina de Bragança: a Rainha portuguesa que levou o chá para Inglaterra
D. Catarina de Bragança nasceu em Portugal, mais propriamente em Vila Viçosa, a 25 de novembro de 1638. Era filha do Rei D. João IV e da sua esposa D. Luísa de Gusmão e veio a casar, em 1662, com o rei inglês Carlos II, tornando-se assim rainha de Inglaterra, Escócia e Irlanda.
A história do chá
Portugal foi um dos primeiros países europeus a importar chá. D. Catarina de Bragança apreciava a bebida e, por isso, o seu enxoval de casamento incluía uma caixa de chá. Diz-se até que nessa caixa diria “Transporte de Ervas Aromáticas”, sendo as iniciais destas palavras que estão na origem da palavra inglesa para chá: tea.
Já em Inglaterra, D. Catarina de Bragança bebia com frequência chá, o que fez com que outros decidissem provar a bebida e ela se tornasse cada vez mais comum na corte inglesa. Pode dizer-se que no final do século XVII já toda a aristocracia inglesa bebia chá. Este tornou-se num verdadeiro ritual que ocorria às 5 da tarde e era composto por bules, chávenas, leiteiras, açucareiros e ainda doçaria, como pães e bolos.
Outras influências
Mas não só de chá se fez a influência de D. Catarina de Bragança em Inglaterra. Diz-se que ela também terá tido influência na criação do “queque”, um bolo feito com massa inglesa e com uma espécie de coroa a toda a volta.
D. Catarina de Bragança teve, assim, um papel importante na gastronomia inglesa, mas não só. Reza a lenda que foi ela a levar para Inglaterra a primeira ópera italiana, a introduzir os pratos de porcelana na corte e a mostrar como se podiam usar os talheres à mesa. Também foi ela que vulgarizou o uso dos leques e levou para lá uma orquestra de instrumentistas portugueses para animar os saraus.
A “marmelade” também foi dada a conhecer pela rainha, através das compotas que levou consigo, além do mobiliário indo-português e do tabaco que os homens passaram a transportar em caixinhas de rapé no bolso do colete.
Organizou ainda vários teatros e bailados; foi patrona da Honorable Company of Bowman; e dominava o arco e as setas como ninguém.
D. Catarina de Bragança e a independência de Portugal
D. Catarina de Bragança foi ainda essencial na independência de Portugal em relação à vizinha Espanha. Mesmo depois da restauração da independência, em 1640, Portugal continuava sob a ameaça das invasões espanholas (o que veio a acontecer até Portugal e Espanha assinarem um tratado de paz em 1668) e o povo encontrava-se exausto e faminto.
Perante este cenário, Portugal decidiu negociar um novo tratado da velha aliança luso-britânica, do qual fez parte o casamento da princesa Catarina de Bragança com D. Carlos II, rei de Inglaterra, mas também outras recompensas, nomeadamente 2 milhões de cruzados pagos em pratas, joias, tesouros de conventos e igrejas, e ainda a cedência de Tânger, em Marrocos, e de Bombaim, na Índia, entre outros bens, como especiarias.
A chegada a Inglaterra de D. Catarina de Bragança
A partida da princesa para Inglaterra teve direito a missa na Sé de Lisboa, cortejos nas ruas, repiques de sinos e trombetas. D. Catarina de Bragança embarcou com quatro damas a 28 de abril de 1662, na nau capitania Grão-Carlos.
Apesar de não saber falar inglês e de ser uma católica entre protestantes, D. Catarina conseguiu integrar-se na corte inglesa, embora a custo. Conta-se que quando chegou a Portsmouth pediu uma chávena de chá para aliviar a dor de garganta e a febre, mas acabaram por lhe servir a bebida num copo de… cerveja!
Além disso, D. Catarina de Bragança foi vítima de diversas suspeitas, intrigas e conspirações, como a que defendia que D. Catarina estaria envolvida num esquema para matar o rei D. Carlos II. Quiseram que fosse para um convento. E nunca conseguiu ter um filho do rei que vingasse.
O parlamento inglês chegou a oferecer 500.000 libras ao rei D. Carlos II para que este se divorciasse de D. Catarina de Bragança. caso este se divorciasse de D. Catarina de Bragança. Mesmo assim, D. Catarina ainda conseguiu reunir algum consenso e apoio e ser estimada por alguns membros da corte, daí que tenha conseguido deixar a sua marca e a sua influência.
O regresso a Portugal
D. Carlos II faleceu em 1685 e, em 1693, D. Catarina de Bragança regressou a Portugal, onde houve uma festa que durou 3 dias. Ela ficou no Paço da Bemposta (Paço da Rainha), em Lisboa, e quando necessário assumiu o trono que à época era ocupado por D. Pedro II. Os seus restos mortais encontram-se no Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Curiosidade
Sabia que além de existir uma estátua de D. Catarina de Bragança no Parque das Nações, em Lisboa, também há uma réplica no bairro de Queens, em Nova Iorque.
Bilhete de identidade
Reinado: 23 de abril de 1662 a 6 de fevereiro de 1685
Predecessora: Henriqueta Maria de França
Sucessora: Maria de Módena
Marido: Carlos II de Inglaterra
Casa: Bragança (por nascimento) e Stuart (por casamento)
Nome completo: Catarina Henriqueta
Nascimento: 25 de novembro de 1638, Paço Ducal de Vila Viçosa, Portugal
Morte: 31 de dezembro de 1705 (67 anos), Palácio da Bemposta, Lisboa, Portugal
Enterro: Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa, Portugal
Pai: João IV de Portugal
Mãe: Luísa de Gusmão
Religião: Catolicismo
Leia também:
- Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras
- O Padre Costa de Trancoso que teve 299 filhos (até com a mãe)
- Bernardo de Claraval: conseguiu a independência de Portugal e tornou-se santo
NCultura
Se leu “Catarina de Bragança: a Rainha portuguesa que levou o chá para Inglaterra” e gostou deste artigo, deixe-nos o seu comentário!
Se gostou deste tema, pode procurar outros artigos sobre Curiosidades no NCultura.
Se tem outros temas que pretende que sejam explorados pelo NCultura, deixe-nos sugestões.
Se é apaixonado/a pelo mundo das viagens, da gastronomia regional fique a saber que há mais artigos no NCultura, sobre essa temática.
Apaixone-se pelo NCultura e explore diferentes temáticas: Língua portuguesa, Lifestyle, Histórias, Receitas, entre outras…
Essa explicação da palavra “tea” é do mais tonto que alguma vez li.