Existem vários séculos de história e vários escândalos que importa recordar. A polémica também surgia na vida dos monarcas… Reis de Portugal: D. Afonso VI «O Vitorioso» ou… «o Impotente»?
A História de Portugal conta com muitos séculos de existência, quase nove, num percurso longo e repleto de episódios interessantes. D. Afonso Henriques foi o primeiro de 34 reis. Houve espaço para quatro dinastias neste período histórico. Os Monarcas foram responsáveis pelos alicerces em que está assente a história do nosso país.
Ao longo deste percurso, houve projetos incríveis, a ambição desmesurada de alguns reis, construções megalómanas, vários acontecimentos que marcaram a história do país. Se, neste espaço temporal, existiram reis emblemáticos e marcantes, existiram também reis que tiveram feitos mais discretos, que estão na origem de alguns acontecimentos menores, eventos melindrosos, momentos embaraços, ações polémicas. Há polémicas, muitos escândalos e controvérsia que importa recordar!
Na monarquia portuguesa, não houve apenas feitos gloriosos. Houve pequenas preciosidades que não sendo dignas dos valores mais elevados (como traições, traumas, …) revelam-se bastante interessantes para saciar a curiosidade do povo. Quer saber mais sobre escândalos na monarquia portuguesa, não quer? Veja aqui, no NCultura! Neste artigo, iremos centrar-nos em D. Afonso VI…
D. Afonso VI (1643-1683) «O Vitorioso» ou… «o Impotente»?
D. Afonso VI é um dos reis que merece uma análise mais atenta. É um dos representantes portugueses dos escândalos que envolvem a monarquia, mas iremos centrar a nossa atenção em mais.
D. Afonso VI ficou consagrado como “O Vitorioso” na História da Monarquia portuguesa. Ele pode ter até manejado bem a espada no campo de batalha, mas quando a batalha era nos lençóis… digamos que não tinha o mesmo talento.
D. Afonso VI viveu a humilhação de ter mulheres a testemunharem a sua incapacidade na cama, mais precisamente catorze mulheres!
Feito histórico
Normalmente, os reis são elogiados pelos seus feitos, seja na caça, seja na arte da espada ou noutra capacidade. Por isso, quando surge um momento em que se analisam as competências do rei na cama, este só pode estar entre os maiores escândalos dos reis portugueses.
No espaço temporal balizado entre 9 de janeiro e 23 de fevereiro do ano de 1668, ocorreram audiências públicas que visaram avaliar uma possível incapacidade sexual do Rei D. Afonso VI. O momento histórico ocorreu no paço do arcebispo de Lisboa. Foram chamadas para depor 55 testemunhas, distribuídas por segundas, quartas e sábados, sempre à tarde.
A razão
A francesa D. Maria Francisca de Sabóia esteve na origem deste insólito imbróglio, pois ela, dois dias depois de casar com o Rei D. Afonso VI, fez um pedido de anulação do casamento.
Ela, depois de ter conhecido o noivo, desabafou com o jesuíta Francisco de Vila: “Meu padre, parece-me que não terá Portugal sucessores deste Rei.” Posteriormente, a rainha refugiou-se no Convento da Esperança, tendo designado como procurador no processo, o duque de Cadaval.
As mulheres
Neste caso, o destaque vai para 14 testemunhas, as mulheres com quem Afonso VI terá tentado envolver-se, sem sucesso. Elas prometeram dizer toda a verdade e até colocaram a sua mão direita em cima dos evangelhos e as palavras que saíram da sua boca não foram nada abonatórias para o Rei.
Não faltaram detalhes primorosos que estão presentes num manuscrito na Torre do Tombo que foi publicado por António Baião, no ano de 1925. Intitulado Causa de nulidade de matrimónio entre a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya e o Rei D. Afonso VI, este documento revelou os depoimentos das suas 14 parceiras.
Depoimentos
As testemunhas tinham entre 15 e 30 anos (no referido manuscrito havia a referência “pouco mais ou menos”).
Exemplo 1: “Ora se lhe abaixava o membro viril ora derramava semente extravas, sem que nunca nas três noites e três dias o pudesse fazer intravas.” Descrição feita por Jacinta Monteiro, que referiu que esteve três dias despida para nada. Referiu ainda que o Rei “não prestava nem tinha actividade para penetrar mulheres donzelas.”
Exemplo 2: “porquanto o de Sua Majestade, quando derramou semente, ficou como o de uma criança, e muito desigual quando estava erecto, por ser muito mais delgado na raiz do que na extremidade.” Descrição feita por Joana Tomázia.
Exemplo 3: “e reparou ainda nos grãos, pela desigualdade que havia entre ambos, por ser um maior e outro muito mais pequeno.” Descrição feita por Catarina Henriques que “se envolveu” com o Rei 12 vezes. Ao longo de três anos, recebeu 12 mil réis por mês da casa real, mas não deixou de referir a dita incapacidade de D. Afonso VI.
Outras testemunhas foram Teresa de Jesus, Jerónima Pereira, Lourença Maria, Joana de Saldanha, Joana de Almeida, entre outras. Nenhuma das mulheres defendeu D. Afonso VI.
Aliás, ninguém compareceu nas audiências para defender D. Afonso que, posteriormente, foi deposto por decisão do Conselho de Estado.
D. Afonso VI acabou por viver o resto dos seus anos de vida aprisionado (14 anos). Assim, D. Maria Francisca de Sabóia conseguiu o seu objetivo de anular o matrimónio. Depois dessa conquista, casou com o cunhado, D. Pedro II (irmão de D. Afonso VI).
D.Pedro II foi coroado Rei, tendo ainda cumprido bem com o seu papel com D. Maria Francisca. 9 meses depois nasceu uma princesa, Isabel Luísa.
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