A vida dos reis pode nem sempre ser encantadora. Há episódios que comprovam isso mesmo: D. Afonso III, o rei que ficou indiferente ao castigo do Papa.
Ao longo de quase 900 anos de História, Portugal teve diversos reis. Foram mais de 3 dezenas de reis. Eles fizeram parte de quatro dinastias que foram decidindo os destinos do reino.
Os reis e as rainhas foram, muitas vezes, encarados como deuses. Foram idolatrados, mas revelaram ser de carne e osso, pessoas comuns. Houve uma vasta série de episódios que ocorreram ao longo de todo esse tempo que comprovam como os reis e as rainhas são pessoas que cometem erros; são tão humanas, quanto nós, com virtudes e defeitos.
O NCultura, visando enaltecer isso mesmo, tem vindo a publicar uma série de artigos que revela episódios curiosos e intrigantes sobre reis e rainhas. No presente artigo, centramos a atenção num rei (D. Afonso III) que roubou a coroa ao irmão.
D. Afonso III, o rei que ficou indiferente ao castigo do Papa
O início da Dinastia Afonsina
A primeira Dinastia, que ficou para a história como Dinastia Afonsina ou como Dinastia de Borgonha, começou com D. Afonso Henriques, “O Conquistador”. O primeiro rei e fundador do país reinou entre 1143 e 1185. Foi com D. Mafalda de Saboia, a rainha, que teve D. Sancho I, o segundo rei de Portugal, que ficou conhecido como “O Povoador”.
Ele reinou entre 1185 e 1211. A sua união com D. Dulce de Aragão deu frutos, entre eles D. Afonso II, neto de D. Afonso Henriques e terceiro rei da dinastia. D. Afonso II, conhecido pelo cognome “O Gordo”, reinou entre 1211 e 1223.
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A continuação da Dinastia
D. Afonso II e D. Urraca prepararam a sucessão do rei. D. Sancho II, “O Capelo”, reinou entre 1223 e 1248. Casou-se com D. Mécia Lopes de Hero, mas foi afastado pelo seu irmão do poder.
D. Afonso III, também filho de D. Afonso II e de D. Urraca, ficou conhecido como “O Bolonhês”. Reinou entre 1248 e 1279. Uniu-se a duas mulheres, D. Matilde de Bolonha e D. Beatriz de Castela, tendo sido com esta última que teve D. Dinis, “O Lavrador”, que reinou entre 1279 e 1325.
A dinastia prolongou-se por umas gerações, terminando com D. Fernando I, o Rei que ficou conhecido como “O Formoso”, filho do rei D. Pedro I e de D. Constança de Castela, tendo reinado de 1367 a 1383. Houve, então, um interregno de dois anos, entre 1383 e 1385, tendo sido D. João I “O de Boa Memória” a assumir o trono, dando início à 2ª Dinastia (Dinastia de Avis ou Dinastia Joanina), tendo reinado entre 1385 e 1433.
D. Afonso III, o rei que ficou indiferente ao castigo do Papa
Já se teve oportunidade de explorar o modo como D. Afonso III ascendeu ao poder. Não foi por falecimento do pai, não foi por morte do rei. D. Afonso III, “O Bolonhês”, roubou o trono ao irmão, D. Sancho II, “O Capelo”.
D. Afonso III passou a sua juventude em França, mas regressou para fazer guerra a D. Sancho II. Em França, ficou a condessa Mahaut, a sua mulher legítima. Contudo, apesar de o casamento francês manter-se válido, Afonso casou-se com Beatriz, que foi a sua segunda esposa (era filha bastarda de Afonso X de Castela), acontecimento que despertou a ira do Papa, que o excomungou.
A punição do Papa
O Papa castigou-o à excomunhão, mas o novo rei manteve-se impassível. D. Afonso III não se importou com o castigo do Papa. Esta era a maior punição que, na Idade Média, se podia conceber.
Todavia, D. Afonso III ficou indiferente à pesada punição. Com alguma dose de loucura, prosseguiu a sua vida, indiferente à punição, conseguindo ainda comprovar ser um bom governante. Entre os seus bons contributos, que foram muitos, estão o facto de ter anexado o Algarve e o Alentejo além-Guadiana. D. Afonso III também aboliu o trabalho não remunerado.
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