Com uma forte ligação a um monarca, devido a um momento histórico marcante, conheça a cidade que Afonso III conquistou aos mouros no Algarve
O nosso país tem diversas cidades, vilas e aldeias que são destinos turísticos imperdíveis. Estes locais apresentam características singulares. Por isso, proporcionam experiências únicas. Entre esses destinos está uma cidade que se destaca pela sua história.
Silves apresenta beleza natural, atrações imperdíveis e uma história fascinante. Fique a conhecer uma cidade com forte ligação a um monarca, devido a um momento histórico marcante.
A cidade que Afonso III conquistou aos mouros no Algarve
O município de Silves tem uma riqueza natural fantástica, além de apresentar um património rico e diversificado. Por isso, visitar este destino presente no distrito de Faro, no Algarve, revela-se uma experiência memorável.
Características
O lado pitoresco de Silves encanta todos os que a visitam. Silves destaca-se pelo conjunto de casas rodeadas de amendoeiras e alfarrobeiras. As extensões de serra são amplas, fazendo com que os visitantes se sintam tentados a explorar a região, fazendo passeios agradáveis em perfeita comunhão com a Natureza.
As fortes muralhas do castelo apresentam-se num vermelho-escuro. A construção domina a cidade e a paisagem em redor. As ruas de Silves apresentam um percurso encantador onde se destacam as casas brancas.
Visitar Silves permite-nos conhecer parte do seu passado. As suas atrações revelam essa história, além de permitirem a formação de recordações que ficam guardadas para sempre em nós.
Beleza natural
Silves apresenta-nos um património natural de grande beleza. O verde dos laranjais destaca-se no cenário, revelando-se elementos atrativos dos vales férteis. O mar azul revela-se outro elemento importante no cenário.
A praia de impacto internacional atrai várias pessoas. Por isso, apresenta um quotidiano intenso nos dias de verão. Não faltam razões para escolher Silves como destino de férias.
História de Silves
A presença do homem do Paleolítico neste território é confirmada por uma estação arqueológica. A área do concelho de Silves foi habitada no Neolítico e na Idade dos Metais. Essa informação foi confirmada em vários achados arqueológicos.
Nesta terra, abundam os monumentos megalíticos, destacando-se os menires em arenito vermelho da região ou em calcário.
O rio Arade foi importante ao longo dos tempos. Este rio serviu como uma via de penetração dos barcos de diferentes povos, nomeadamente por fenícios, por gregos e por cartagineses. Estes povos eram atraídos pelo cobre e pelo ferro extraídos no ocidente algarvio.
A estação arqueológica do Cerro da Rocha Branca (infelizmente destruída) comprova-o. A área foi habitada desde o final da Idade do Bronze. Sabe-se ainda que no séc. IV a.C. o território local teve uma forte muralha de defesa e houve uma ocupação posterior, nos períodos romano e muçulmano.
Silves deve a sua fundação à navegabilidade do rio Arade e à sua posição estratégica. Encontrava-se no alto de um morro, permitindo dominar um vasto espaço. A sua fundação remonta ao domínio romano, possivelmente.
Silves torna-se uma cidade próspera com a ocupação muçulmana, iniciada por volta de 714/716.
No século XI, Silves tornou-se na capital do Algarve. Segundo alguns autores, nessa altura, Silves chegava a ultrapassar Lisboa não apenas em dimensão, mas também em importância. Neste período, Silves torna-se num importante centro cultural. Vários poetas, historiadores e juristas residem em Silves nesta altura.
O mundo islâmico viveu convulsões religiosas e políticas nos sécs. XI e XII. Estes eventos repercutiram-se em Silves, devido às mudanças frequentes dos seus senhores e por causa de cercos e lutas entre fações rivais.
O rei D. Sancho I quis aproveitar este contexto. O monarca quis pôr cerco à cidade em 1189, com o seu exército e o apoio de cruzados do Norte da Europa que se dirigiam à Palestina.
A luta por Silves foi demorada e sangrenta. Segundo as crónicas do tempo, muitos dos habitantes de Silves perderam a vida. Eles foram vencidos pela fome e pela sede, os que não morreram dessa forma trucidados aquando do saque dos cruzados. O domínio português em Silves manteve-se por dois anos, no mínimo.
Em 1191, a cidade foi recuperada pelos mouros.
Silves perdeu muita da sua população e riqueza. A conquista definitiva da cidade aconteceu no âmbito da ocupação cristã do Algarve (1242/1249). Esta operação foi realizada no reinado de D. Afonso III.
Posteriormente, foi elevada a sede de bispado e do governo militar. É com Afonso III que a conquista de Silves se torna definitiva. É feita a construção da Sé Catedral, no mesmo lugar onde se encontrava a Mesquita.
No século XV, a população de Silves é envolvida no movimento dos Descobrimentos, dirigido pelo Infante D. Henrique, que acaba por passar muito por aquela zona do Algarve. No entanto, com a entrada no século XVI, o seu poderio começa a esbater-se.
Nos séculos seguintes, Silves viveu momentos difíceis com a perda do comércio com o Norte de África e pelo assoreamento progressivo do rio. Assim, viu afastar-se o lucrativo tráfego marítimo.
Desta forma, perdeu influência económica, política e militar. Simultaneamente, Silves viu o progresso a surgir noutras localidades, como Lagos, Portimão e Faro que se tornaram mais importantes.
A decadência da cidade foi acentuada devido à ocorrência de catástrofes naturais, nomeadamente a peste, os terramotos e as febres, provocadas pelo pântano em que o Arade se transformara.
Em 1534, foi dado o golpe de misericórdia através da bula papal que permitia a transferência da sede do bispado para Faro, o que aconteceu anos mais tarde. Por isso, Silves nunca mais recuperou o esplendor de outrora. Ao longo de quase três séculos, Silves foi uma cidade com um número de habitantes reduzido.
Na última metade do séc. XIX, Silves adquiriu nova vida com a fruta seca e, sobretudo, a cortiça, elementos que vieram dar prosperidade à cidade.
Atualmente, Silves é uma cidade com orgulho do seu passado, sendo sede de um concelho com uma economia em crescimento, diversificada.
Principais atrações
Noutros tempos
Segundo a descrição de um cruzado que participou na sua conquista, além do castelo, as defesas de Silves compunham-se por três linhas de muralhas.
No entanto, dessas muralhas restam apenas alguns panos construídos em arenito vermelho e taipa (trata-se de uma mistura de argila, cascalho, areia e cal) e permanecem algumas torres que protegiam a área residencial, ou almedina, de Silves.
Das quatro portas da Almedina, permanece o Torreão da Porta da Cidade. Este torreão é composto por uma torre albarrã. A torre foi construída no séc. XII ou XIII, sendo uma construção que dá acesso à cidade através de dois corredores.
No interior da torre, há duas salas e anexos onde esteve instalada a Câmara Municipal durante séculos.
Castelo
Esta construção é uma das obras de arquitetura militar mais notáveis que os árabes deixaram no nosso país. O Castelo de Silves situa-se no ponto mais elevado da colina em que a cidade se encontra.
Esta fortificação forma um polígono irregular. O castelo está rodeado por uma forte muralha em taipa, revestida a arenito vermelho. No seu exterior, encontra-se uma escultura em bronze representativa do rei D. Sancho I. Ela encontra-se junto à entrada principal.
Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia foi erguida no século XII. No início, este templo foi usado para recolher os portugueses e cruzados mortos durante a primeira conquista de Silves.
A igreja foi reconstruída no século XVI e, posteriormente, no século XVIII. O templo apresenta uma fachada principal ao gosto barroco. O denticulado da capela-mor remonta ao período manuelino (séc. XVI).
A Capela-mor do edifício apresenta uma abóbada artesoada, rematada com cruzes de Cristo e símbolos religiosos e militares. O seu retábulo é do século XVI. Na capela, existem ainda dois retábulos provenientes da Sé, em talha dourada (século XVIII).
Sé Velha
Este edifício remonta ao século XVI. A Sé Velha revela a sua origem manuelina num pórtico lateral muito lavrado, encontrando-se colocado acima do solo, possivelmente a primitiva entrada.
A fachada principal destaca-se. O pórtico apresenta linhas clássicas. No interior da Sé Velha, há uma só nave. A capela-mor com abóbada nervurada e retábulo renascentista (séc. XVI) é outra atração, destacando-se a presença de pinturas. Existe ainda um conjunto de bandeiras da Misericórdia, que ainda são usadas em procissões.
Capela de Nossa Senhora dos Mártires
Este templo é símbolo do poder municipal. A Capela de Nossa Senhora dos Mártires foi reconstruída a partir de elementos do século XVI. Esta construção é um exemplar único em todo o Algarve.
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Este espaço foi criado em 1990. O Museu Arqueológico foi construído por iniciativa da Câmara Municipal de Silves.
A criação deste espaço teve como objetivo expor os achados arqueológicos encontrados na cidade e na região, especialmente no castelo e no núcleo arqueológico do Cerro da Rocha Branca.
O Museu Arqueológico foi construído no local de uma casa de habitação do século XIX, onde se descobriu um reservatório de água que se tornou no centro do museu.
Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica
Este espaço foi construído para Matadouro Municipal de Silves nos finais de 1914. Este edifício procura transmitir o esplendor da Silves muçulmana. A cidade de Silves tem na Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica um edifício industrial neomudejar, cujo projeto de recuperação é da autoria do Arquiteto José Alberto Alegria.
Informação Útil
Posto de Turismo de Silves – ERTA
Morada: Estrada Nacional 124, 8300 – 184 Silves
Contactos: 282 098 927
Há alguma (muita) confusão na identificação dos monumentos: Silves não tem uma igreja matriz, tem a Sé do séc. XIII, por ter sido sede de bispado, alterada várias vezes, a Igreja da Misericórdia do séc. XVI (antes do século XVI não existiam igrejas da Misericórdia), e a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires. As igrejas não estão situadas extramuros, o castelo existente hoje, não correspondia às muralhas da cidade, mas era a alcáçova, onde estava o poder central, existiam para além desta, duas outras cinturas de muralhas, uma delas ainda parcialmente visível com a porta principal junto à Câmara Municipal.
A Biblioteca Municipal já tem edifício próprio há muitos anos e fica em frente a ponte, à entrada da cidade.