Saiba quais são as ruas com os nomes mais estranhos de Lisboa. Uns revelam inspiração, outros revelam malícia, outros algo diferente…
Lisboa é a capital de Portugal. O nosso país tem a sorte de ter uma capital que se encontra entre os destinos turísticos mais populares do mundo. Existe um conjunto de atrações que faz com que muitos estrangeiros escolham esta cidade para passar férias.
Muitos desconhecem é que esta emblemática cidade portuguesa tem muitas curiosidades fascinantes, como os nomes de determinadas ruas ou locais da capital. Há alguns que não lembram nem ao diabo, mas os lisboetas tiveram uma criatividade incomum. As placas de identificação da rua tornaram-se atrações, levando as pessoas a fotografá-las para mais tarde recordar. As fotografias até servem como elemento de prova, porque contado ninguém acredita que estes nomes sejam reais.
Descubra a história dos nomes mais insólitos destes recantos lisboetas. Prepare-se para um roteiro fascinante e divertido… Saiba quais são as ruas com os nomes mais curiosos da capital. Uns revelam inspiração, outros revelam malícia, outros algo diferente…
As ruas com os nomes mais estranhos de Lisboa
1 – Triste-Feia
Triste-Feia é um recanto curioso na capital. Não é uma avenida, nem uma rua, nem uma travessa. Este recanto lisboeta presente entre a Rua Costa e a Rua Maria Pia, em Alcântara, está por detrás da estação Alcântara-Terra.
Triste-Feia apresenta o topónimo mais insólito de Lisboa. O seu nome deve-se à existência de uma mulher que não tinha grande beleza e estava constantemente triste. Este nome politicamente incorreto, recorda a presença desta mulher que se sentava diariamente à porta do nº 28 desta rua.
Nem os moradores mais velhos da zona se lembram de ter visto esta pessoa. Contudo, recordam que os seus pais e avós contavam frequentemente esta história. O que é certo é que a mulher se eternizou, ganhou direito a uma placa toponímica e ficou “para sempre” recordada.
2 – Azinhaga da Bruxa
Azinhaga da Bruxa está presente no Beato, junto ao Bairro da Madredeus. Esta estreita azinhaga é uma das sobreviventes que ainda pode evocar o passado rural de freguesias tão distintas como o Beato, Marvila ou os Olivais.
Segundo informação presente na secção de toponímia da Câmara Municipal de Lisboa, o nome Azinhaga da Bruxa estará relacionado com a presença de uma bruxa no local. Ela terá vivido ou realizado por ali a prática de bruxaria.
Deixa-se a recomendação de que não vá conhecer este local durante a noite, porque, como dizem nuestros hermanos, os nossos vizinhos espanhóis, Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.
Este dito popular castelhano com origem tão antiga que se perde nos séculos tornou-se universal. Podemos não acreditar que elas (as bruxas) não existem, mas o melhor mesmo é apenas deixar em suspenso a possibilidade de elas existirem.
3 – Beco da Bicha
O beco é bem antigo. Ele permite a ligação da Rua de São Miguel à Rua da Regueira, que se encontra em Alfama. O nome Beco da Bicha já aparecia em registos paroquiais anteriores ao Terramoto de 1755, só que nesses registos aparecia como “Beco da Bixa”.
As razões para este nome são desconhecidas. Poderia ser uma rua com tanto comércio que fazia longas bichas, filas de espera? Esta poderia também ser a morada de uma “cobra” que, no dicionário português, é também considerada bicha.
4 – Beco do Surra (Alfama)
Este nome é polémico, mas uma pessoa fica descansada quando constata que ninguém levou pancada por ali. Pelo menos não é essa a razão do nome do recanto lisboeta. Apesar de não ser consensual a identificação da origem deste nome, há várias teorias sobre o nome Beco do Surra.
Este beco encontra-se presente entre a Rua do Museu da Artilharia e a Rua dos Remédios. Trata-se de um recanto escondido em Alfama. Há teorias que defendem que o nome Beco do Surra se deve ao nome ou à alcunha de uma pessoa que ali viveu. No entanto, a tese tida como provável é que o nome Beco do Surra tem origem numa antiga profissão, a de surrador.
Esta profissão está relacionada com a arte de curtir as peles. Segundo se sabe, no passado, trabalhavam muitos surradores na zona que hoje se conhece como Beco do Surra.
5 – Cunhal das Bolas
Cunhal das Bolas é outro recanto de nome incomum. Não se trata de uma rua, não é largo, não é uma betesga. Este recanto lisboeta é um arruamento que permite ligar a Rua da Rosa à Luz Soriano.
Segundo o dicionário, o termo cunhal é uma esquina ou um “ângulo saliente formado por duas paredes de um edifício”. Desta forma, facilmente se esclarece metade deste topónimo, Cunhal das Bolas.
A segunda parte, das bolas, existe porque os cunhais deste antigo palácio do século XVI (atualmente, Hospital de S. Luís dos Franceses) estão decorados com meias esferas em relevo.
6 – Escadinhas da Porta do Carro
Este lanço de escadas tem um nome intrigante e permite ligar a Rua de São Lázaro à Travessa do Hospital. Escadinhas da Porta do Carro desembocam na entrada do Hospital de São José que atualmente concede acesso direto às Urgências.
Esta entrada é designada por Porta do Carro, porque até aos anos 20 do século XX a morgue ficava no local onde atualmente funciona o serviço de urgência. Por isso, era por este espaço que o carro mortuário (que levava nele os defuntos até aos cemitérios) entrava.
7 – Escadinhas dos Terramotos
Escadinhas dos Terramotos encontra-se junto à Rua Maria Pia (Campo de Ourique). Este nome insólito leva frequentemente muitas pessoas ao engano, inclusivamente os próprios moradores.
A maioria das pessoas pensa que estas escadinhas foram batizadas por causa do terramoto de 1755, mas não foi assim. Segundo os historiadores, especialistas nesta matéria, a verdadeira razão para o nome Escadinhas dos Terramotos deve-se aos muitos aluimentos de terras que aconteceram por aqui no início do século XX. Foram tantos e tão significativos que quase pareciam… terramotos.
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8 – Travessa dos Buracos
Segundo foi possível apurar, o arruamento presente no centro histórico dos Olivais não tem buracos, pelo menos atualmente. Travessa dos Buracos tem este nome, porque em tempos existiu no local uma quinta chamada Quinta dos Buracos. Por isso, a origem toponímica desta velha travessa é fácil de explicar.
Atualmente, ainda é possível encontrar por lá o edifício da quinta. No entanto, embora este ainda exista, ele encontra-se bastante devoluto. O revolucionário republicano José Maria Nunes esteve num dos quartos deste edifício. Por aqui, montou um laboratório de engenhos explosivos.
9 – Jardim das Pichas Murchas
Este é outro nome bastante insólito, uma vez que o Jardim das Pichas Murchas não é um jardim e nele nada tem de murcho ou que possa efetivamente murchar.
Segundo consta, noutros tempos, este pequeno largo situado na Rua de São Tomé, próximo do Castelo de São Jorge, juntava a terceira idade do bairro, em plena contemplação e confraternização.
Carlos Vinagre era um calceteiro local. Ele adorava fazer troça dos muitos idosos que ali se encontravam. Por isso, começou a chamar jardim das pichas murchas àquele sítio. Fê-lo devido ao número de homens (e de sistemas reprodutores masculinos ociosos) que se sentavam naqueles bancos.
O nome tão curioso pegou e eternizou-se ao ponto de se manter, apesar da vontade dos mais puritanos em alterar o seu nome e de ter havido até uma tentativa da Junta de Freguesia em alterar o nome.
No entanto, essa tentativa não demoveu os populares da zona, que defenderam sempre o topónimo atual. A placa do Jardim das Pichas Murchas arranca constantemente muitos sorrisos e gargalhadas a quem por lá passa. Estas pessoas fazem mesmo questão de tirar uma fotografia à placa.
10 – Travessa do Fala Só (São Pedro de Alcântara)
Este nome revela-se mais um exemplar de um Recanto que parece ter sido batizado pelo povo. Embora não haja certezas quanto à origem do nome, muitas pessoas defendem que esta travessa, que se encontra a dois passos do ascensor da Glória, deve o seu nome à constante presença de um homem que tinha o hábito de falar sozinho.
Mesmo os especialistas em toponímia acreditam nesta tese. Apesar de se desconhecer a identidade desta pessoa, ele poderá ter vivido ou trabalhado naquela travessa. A verdadeira identidade deste homem ficará para sempre um mistério…
Provavelmente, nem o homem que falava sozinho alguma vez terá percebido que teve direito a esta homenagem. Ter um nome numa rua não é para todos!