Muitos pensam que Colombo viu algo que nunca ninguém tinha visto antes, mas há provas que indicam que essa descoberta já tinha sido realizada. A história acontece todos os dias. No entanto, hoje, tal como no passado, há fatores que podem fazer com que algo falso fique a ser reconhecido como verdadeiro. Atualmente, temos de lidar com as fake news que apresentam uma mentira como uma verdade. No passado, era ainda mais difícil esclarecer os dados, se eram ou não verdadeiros.
As fontes de informação eram escassas. Há acontecimentos históricos tidos durante séculos por verdadeiros que mais tarde foram confirmados como incorretos. Muitos pensam que Colombo viu algo que nunca ninguém tinha visto antes, mas há provas que indicam que essa descoberta já tinha sido realizada.
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150 anos antes de Colombo marinheiros italianos já sabiam da existência da América
Cristóvão Colombo (1451-1506) foi um navegador de Génova (o que também pode não ser correto). Ele foi comandante da frota espanhola. No dia 12 de outubro de 1492 (Dia de Cristóvão Colombo), chegou às terras do “Novo Mundo”. Os historiadores defendem que ele pensava que tinha chegado à Índia pelo caminho do Ocidente.
Para eles, o navegador italiano morreu sem saber que tinha pisado as terras de um novo continente, na região da atual América Central. Após a sua chegada à América, abriu-se o caminho que levou a um período de colonização, ao qual os europeus chamaram de “novo mundo”.
Apesar de ser comum defender-se a ideia de que o explorador alcançou o continente por mero acaso, pode não ter sido bem assim. Os historiadores defendem que ele queria chegar à Índia, mas chegou à América por erro de cálculo. No entanto, segundo um novo estudo, antes de Colombo lá ter chegado, já havia um conhecimento sobre a existência da América do Norte.
Um estudo veio a público com uma conclusão surpreendente. Numa análise realizada a uma obra de 1345, constatou-se que marinheiros de Génova, Itália, já sabiam da existência do território que atualmente reconhecemos como América do Norte, 150 anos antes de Cristóvão Colombo ter lá chegado.
O estudo centrou-se na análise de um documento antigo, que foi escrito em 1345. Este documento só foi descoberto em 2013. O autor do documento chamado “Cronica universalis” foi o italiano Galvaneus Flamma.
Galvaneus menciona no documento algumas histórias de navegadores islandeses sobre “Markland” (ou “Marckalada”). Esta era uma terra que se situava no noroeste do Atlântico. Atualmente, pode ser referente a Terra Nova e Labrador, no Canadá.
Mas quem foi Galvaneus? Ele era um frade que vivia em Milão. Galvaneus tinha ligação a uma família que governava a cidade. Ele foi autor de muitas obras em latim, destacando-se nas suas obras registos históricos como este.
A sua “Cronica universalis” terá sido a última obra do frade, provavelmente. No entanto, ela não chegou a ser concluída. Esta obra revelou-se uma tentativa de contar a história de todo o mundo.
O projeto era ambicioso, porque pretendia relatar desde o seu surgimento (considerado como fruto de uma criação divina) ao momento da escrita. O investigador Chiesa dedicou-se à transcrição, tradução e análise do documento. Foi esta obra que levou às suas descobertas.
Naturalmente, os investigadores defenderam a nova descoberta, que as viagens de Colombo ocorreram após as expedições escandinavas ao Canadá, que aconteceram no século XI.
Ora, esta tese é contrária à ideia que ficou para a história de que Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a colocar os seus pés em território americano. A investigação realizada apresenta uma teoria que contraria a história, defendendo a ideia de que mesmo antes de Colombo nascer, já havia informações sobre a América a circular no norte de Itália.
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Paolo Chiesa, investigador da Universidade de Milão e responsável pelo estudo, defendeu: “Estamos na presença da primeira referência ao continente americano, ainda que de forma embrionária, na região do Mediterrâneo”.
Segundo o estudo deste investigador, na cidade de Génova, havia conhecimentos relevantes. Esta cidade teria sido uma fonte de notícias para o frade Galvaneus. Este homem terá ouvido na cidade portuária histórias de marinheiros que identificavam terras no extremo noroeste para eventuais benefícios comerciais.
O investigador Chiesa defendeu: “Essas noções sobre o Noroeste provavelmente chegaram a Génova por meio das rotas de navegação para as Ilhas Britânicas e para as costas do Mar do Norte”.
Paolo Chiesa revelou ainda que: “Os habitantes de Génova podem ter trazido notícias que ouviram nos portos do Norte [da Europa] de marinheiros escoceses, britânicos, dinamarqueses e noruegueses, com quem eles estavam a negociar”.
Os rumores chegaram a Itália. Provavelmente, eles também terão chegado a outros locais do continente europeu. No entanto, os rumores seriam considerados muito vagos e não mereceram crédito.
Por isso, não receberem representações cartográficas adequadas. Desta forma, na época, Markland não era reconhecido como um novo território pela maioria da população.