A nossa literatura é, desde sempre, rica em bons escritores. Porém, hoje olhamos a produção no feminino e 11 grandes escritoras portuguesas do século XX.
Portugal tem tido ao longo da sua história diversos escritores de enorme talento. Nomes icónicos como Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa ou José Saramago representam uma pequena parte de uma já longa e rica história, composta por pessoas que fizeram obra e que deixam os portugueses absolutamente orgulhosos. Algumas dessas pessoas são, também, mulheres.
As mulheres possuem sempre um caminho mais árduo para alcançar o sucesso, mas muitas delas tiveram ou têm tanto ou mais talento que muitos dos escritores que hoje são praticamente venerados.
As escritoras portuguesas do século XX merecem especial reconhecimento, pois o contexto no qual produziram a sua obra não era o mais acolhedor e, mesmo assim, conseguiram deixar um legado que convém ao país honrar e homenagear.
Noutros séculos, surgiram outras mulheres que podemos vir a recordar noutros artigos, nomeadamente, Joana Vaz (1500- 1570); Paula Vicente (1519-1576); as irmãs Ângela e Luísa Sigeia ou Públia Hortênsia de Castro (1548-1595).
Todas com uma capacidade e um talento que não era muito bem recebido no seu tempo e, por isso, a sua obra não foi tão reconhecida como merecia. Mas concentremo-nos, agora, nas escritoras portuguesas do século XX.
Florbela Espanca (1894-1930)
Poetisa de grande talento, foi batizada como Flor Bela Lobo, mas conquistou a posteridade como Florbela Espanca. O talento desta grande mulher superou a sua curta existência.
A sua vida foi subitamente interrompida por autoimposição, tinha ela apenas 36 anos. Entre as suas principais obras estão: Livro de Mágoas; Livro de Soror Saudade; Charneca em Flor; Dominó Preto; As Máscaras do Destino e Diário do Último Ano.
Maria Archer (1899-1982)
Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira viveu em diferentes países (Portugal, Moçambique, Guiné-Bissau, Angola, Brasil) o que certamente lhe proporcionou experiências enriquecedoras que contribuíram decisivamente para a sua visão do mundo.
Entre as suas principais obras, podemos encontrar: Três Mulheres (em colaboração com Pinto Quartim Graça); Ela é apenas mulher; Nada lhe será Perdoado; Filosofia duma Mulher Moderna.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Uma mulher brilhante, com um talento que merece todos os louvores. Em 1999, venceu o Prémio Camões. O Panteão Nacional recebeu os seus restos mortais, tornando-se a sua casa uma década após o seu desaparecimento.
Histórias da Terra e do Mar, A Menina do Mar, A Fada Oriana, O Cavaleiro da Dinamarca, Coral e O Nome das Coisas estão entre as suas obras mais emblemáticas.
Ilse (Lieblich) Losa (1913-2006)
Esta escritora de origem judaica nasceu na Alemanha, fugiu da Gestapo e dos campos de concentração, passou por Inglaterra, acabando por se radicar em Portugal, mais especificamente na cidade do Porto.
Acaba por adquirir nacionalidade portuguesa, casando em 1935 com o arquiteto Arménio Taveira Losa, logo um ano após pisar solo português.
Entre as suas obras pode encontrar-se: O Mundo em Que Vivi; Aqui havia uma casa; Silka. Recebeu o Prémio da Fundação Gulbenkian, em 1982, pelo livro Na Quinta das Cerejeiras e foi, ainda, agraciada com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, em 1984.
Maria Judite de Carvalho (1921-1998)
Maria Judite de Carvalho recebeu ao longo da sua vida inúmeros prémios, tais como: Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1995); Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (1995); Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1996); Prémio Vergílio Ferreira (1998).
A sua infância teve as dificuldades inerentes às de qualquer outra criança órfã. O reconhecimento do grande público ainda não é o merecido, tendo em conta a qualidade da sua obra. Entre os seus principais livros estão: Mulher; A Flor Que Havia na Água Parada; As Palavras Poupadas; Seta Despedida.
Agustina Bessa-Luís (1922-2019)
Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa é o nome completo desta escritora portuguesa que tem obras do calibre, tais como: A Sibila; Fanny Owen; Dentes de Rato; Mundo Fechado, entre muitas outras.
Ao longo da sua vida foi colecionando diversos prémios, entre os quais o Prémio Ricardo Malheiros (1966, 1977); Prémio Seiva de Literatura (1988); Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1992).
Maria Teresa Horta (1937 – )
Formou com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa as Três Marias – grupo ligado aos movimentos feministas -, tendo ainda feito parte do Movimento Feminista de Portugal. O controverso livro Novas Cartas Portuguesas foi lançado por este trio de feministas.
Maria Teresa Horta tem diversas obras de poesia, tais como: Tatuagem; Minha Senhora de Mim; Poemas para Leonor; Poesis; Estranhezas. Enquanto nas obras de ficção destacam-se, entre outros livros, Ambas as Mãos sobre o Corpo e A Dama e o Unicórnio.
Maria Velho da Costa (1938 – )
Nascida em Lisboa, Maria Velho da Costa conta com um espólio de respeito, onde se podem encontrar livros como: Maina Mendes; Novas Cartas Portuguesas; Irene ou o Contrato Social; O Amante do Crato; O Livro do Meio e Myra.
Esta escritora portuguesa foi, ainda, Presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1973-1978).
Fiama Hasse Pais Brandão (1938 – 2007)
Fiama Hasse conseguiu explorar e pôr em prática diferentes áreas e atividades, como poetisa, dramaturga, escritora, ensaísta e, até mesmo, tradutora. Entre os livros com o seu cunho, destacam-se: F de Fiama (uma antologia);
O Texto de João Zorro e Epístolas e Memorandos. O Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia (1986, 2001) e, ainda, o Grande Prémio de Poesia APE/CTT (1996, 2000) estão entre as consagrações que recebeu durante a sua vida.
Teolinda Gersão (1940 – )
Silêncio, A Árvore das Palavras, Os Anjos, Prantos, Amores e Outros Desvarios são alguns dos títulos que estão entre as obras de Teolinda Gersão e que demonstram o talento da escritora. Este mesmo ano já foi lançada mais uma obra sua – Atrás da Porta e outras Histórias.
Lídia Jorge (1946 – )
Nascida bem a sul de Portugal, mais especificamente no Algarve, Lídia Jorge tem vindo a conquistar inúmeros prémios que dão ainda mais crédito à sua extensa obra.
Entre os recebidos estão alguns internacionais, tais como o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano (2000); Prémio Internacional Albatroz de Literatura da Fundação Günter Grass (2006) e Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura (2014).
Entre os livros mais emblemáticos desta autora estão O Dia dos Prodígios, A Costa dos Murmúrios, Combateremos a Sombra e Os Memoráveis.
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E Luiza Neto Jorge, uma das grandes poetas portuguesas do século XX a par de Fiama ou de Maria Teresa Horta???