São rosas, Senhor, são rosas! Já se questionou qual o simbolismo por de trás do Milagre das Rosas? Fique conhecer a história e o seu significado.
Certamente que já ouviu falar do milagre das rosas e até sabe, em traços gerais, a história que está por detrás dele. Porém, o que talvez não saiba, é que este não é caso único, já que Europa fora são vários os milagres que se assemelham a este. Mas o que significa, afinal, transformar o pão em flores? Fique a perceber!
A Rainha Santa Isabel e o Milagre das Rosas
D. Dinis
D. Dinis nasceu em 1261, mais precisamente no dia 09 de outubro, em Lisboa. D. Dinis foi filho de D. Afonso III (conhecido pelo cognome de “O Bolonhês”) e de D. Beatriz de Castela.
D. Dinis reinou entre 1279 e 1325 e ficou conhecido pelo cognome de “O Lavrador”. O seu sucessor, D. Afonso IV (conhecido pelo cognome de “O Bravo”), foi fruto da sua união com D. Isabel de Aragão.
O cognome, “O Lavrador”, surgiu devido à sua importante aposta no campo e na agricultura, pois esta sua obra revelou-se extremamente importante. O Rei Lavrador tem a fama de ter mandado plantar o Pinhal de Leiria, sendo que este foi indispensável para fornecer a madeira que permitiu que fossem criadas as nossas embarcações no século XV.
Contudo, o Pinhal de Leiria é anterior a D. Dinis. Por isso, ao rei coube, na verdade, a sua grande proteção. Provavelmente, sem a intervenção de D. Dinis, o Pinhal não teria sido tão decisivo na nossa construção naval.
Cultivo e cultura
D. Dinis foi um rei diferente, pois revelava uma preocupação incomum com a cultura. O “Rei Poeta”, como também ficou conhecido, terá escrito 173 poemas, em galaico-português.
Ele foi um rei inteligente, um homem culto, que procurou demonstrar ser uma pessoa justa e piedosa. Contudo, este homem decidido e inteligente, soube ser cruel, quando achou que era relevante.
Conhece ao pormenor a lenda do Milagre das Rosas? Contamos-lhe tudo!
Comecemos pelo início e, para os mais esquecidos ou desatentos, aqui fica a história por detrás do Milagre das Rosas.
D. Isabel era conhecida por ajudar os mais desfavorecidos, sem que o seu esposo, D. Dinis, soubesse disso. Assim, era frequente dar às escondidas moedas, alimentos, roupa… aos mais pobres.
Porém, numa manhã fria de janeiro, o rei foi informado de que D. Isabel se preparava para sair para ir ajudar os carenciados. Assim, D. Dinis foi atrás da rainha de modo a “apanhá-la em flagrante”. Quando a avistou, reparou que ela escondia pão no seu regaço. Foi aí que lhe perguntou:
– Que levais aí escondido? Novas esmolas?
Ao que a rainha respondeu:
– Apenas rosas para decorar o novo Mosteiro, Senhor.
Porém, D. Dinis insistiu:
– Rosas? Em janeiro? Ousais mentir ao vosso Rei?
Mas D. Isabel não mudou a sua versão, persistindo:
– Enganai-vos. São mesmo rosas, Senhor.
E, depois, abriu os braços, soltou o vestindo, caindo uma série de rosas aos seus pés.
Todo o povo assistiu àquele momento, acreditando ter sido Deus a interceder pela Rainha Santa Isabel, de modo a operar um milagre, neste caso do pão transformado em rosas.
Esta é a versão mais contada deste milagre, embora tenha por base registos escritos que foram feitos sensivelmente 200 anos depois da morte da rainha. Esta narrativa tem por base as descrições de Pedro João Perpinhão, Frei Marcos de Lisboa, e Damião de Góis, entre outros.
Versões distintas
Assim, é possível que já tenha ouvido outras versões desta lenda, em que certos detalhes são alterados. Por exemplo, em alguns relatos, em vez de ter sido o pão a ser transformado em rosas, são antes as moedas que passam a rosas. Outras narrativas contam ainda que as rosas, quando dadas aos pobres, se transformavam em dinheiro.
Localização
Existem versões distintas sobre o local onde decorreu o milagre das rosas da rainha Santa Isabel de Portugal. Assim, existem diferentes versões sobre possíveis cenários onde o momento possa ter acontecido.
Quanto ao local onde ocorreu o milagre, há quem fale no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, no Castelo do Sabugal, no Castelo de Estremoz e até na vila de Alenquer. No entanto, seja qual for a versão, a ideia é sempre justificar a beatificação e canonização da rainha que tinha protagonizado um milagre, independentemente das suas variantes.
E na Europa?
Como já avançámos, não faltam versões europeias do Milagre das Rosas. Eis alguns exemplos:
– Em Itália, é Santa Zita que transforma esmolas em flores.
– Já em Espanha, é Santa Cacilda, uma moura que protegia os cristãos presos dando-lhes pão, que transforma o alimento em rosas, sempre que tinha de mostrar o que levava consigo.
– Em França, é Santa Roseline que é confrontada com o seu pai acerca do que levava consigo ao que responde, como D. Isabel, “São rosas, Senhor, são rosas!”
– Na Hungria, também uma rainha, familiar de D. Isabel, vivencia, segundo a história, um milagre exatamente igual ao do imaginário nacional.
Em comum entre todas estas versões do milagre, está o desejo de divinizar as famílias reais, como se os seus membros fossem distintos do comum dos mortais, como se fossem quase uma espécie de semideuses.
O carácter simbólico presente na lenda
A escolha da flor também não é inocente, já que está ligada ao divino e às mulheres, protagonistas de todas estas histórias.
Na transformação de algo em rosa reside, metaforicamente, a passagem do terreno para o celeste; do corpo para o espírito. Algo que está em harmonia com os valores da religião católica.
A bondade e a generosidade de todas estas mulheres são recompensadas pelo divino, aqui simbolizado na rosa, muito associada ao culto mariano (de Maria).
Arte
Existe uma Estátua da Rainha Santa Isabel no Convento Santa Clara, em Coimbra.
Existe uma Estátua da Rainha Santa Isabel no Largo D. Dinis, em Estremoz.
Existe uma Pintura do Milagre das Rosas na Sé Velha de Coimbra.