Em 2020, o hino nacional de Portugal celebra 130 anos de existência. Conheça a história d’ A PORTUGUESA Hino Nacional Português na sua arrepiante versão integral.
O hino nacional foi composto em 1890, mas só em 1911 (já na era da República) é que é adotado como hino oficial de Portugal. A letra é da responsabilidade de Henrique Lopes Mendonça e a música da autoria de Alfredo Keil. Esta canção é, simultaneamente, um hino à República e à resistência lusitana.
Aproximadamente na mesma altura, o nosso país também mudou a sua bandeira, substituindo o símbolo monárquico pelas novas cores da República. Fique a saber mais!
Arrepiante! A PORTUGUESA Hino Nacional Português (versão integral)
‘A Portuguesa’ é o nome da canção que serve de hino ao nosso país. Ela veio substituir a ‘Hymno da Carta’, o hino anterior, da autoria de D. Pedro IV, e que era utilizado desde 1834.
Como já dissemos, ‘A Portuguesa’ foi criada em 1890, mas a versão que conhecemos hoje data de 1957, uma vez que ao longos dos anos ela foi sofrendo alguns ajustes e alterações.
Contexto
Quando ‘A Portuguesa’ foi escrita, Portugal vivia sob uma monarquia e sob o famoso ultimato inglês que impunha que o nosso país retirasse os seus militares das terras entre Angola e Moçambique. De acordo com os ingleses, e tendo por base o conhecido “Mapa Cor de Rosa”, aquele território pertenceria aos britânicos.
Esta disputa que tinha por base, nada mais nada menos, do que interesses comerciais, gerou discórdia entre Portugal e Inglaterra. A pressão inglesa, somada a presença cada vez mais evidente de outros países em terras africanas, fez com que Portugal tivesse de assumir uma posição de resistência, a qual traduziu magistralmente numa canção ‘A Portuguesa’.
A República à espreita…
O facto do rei D. Carlos ceder a essa prepotência inglesa desencadeou uma revolta no nosso país, a qual propiciou a ascensão da República, sob a mão de António de Serpa Pimentel.
Em 1908, ocorre o regicídio e, logo a 05 de outubro de 1910, dá-se a instauração da República, tudo isto precedido e quase antevisto por uma canção que se tornaria hino.
Vídeo de: Deivid H.
Hino Nacional ‘A Portuguesa’
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d’amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Data: 1890 (adaptado em 1957)
Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil
Bandeira Nacional
Após a implantação da República, a 19 de junho de 1911, a Assembleia Nacional Constituinte emitiu um decreto que também aprovava uma nova Bandeira Nacional.
A bandeira divide-se na vertical, exibindo duas cores principais – o verde escuro e o vermelho –, ficando o verde do lado do mastro. Ao centro, exibe-se um escudo com as armas nacionais, orlado de branco, sobre a esfera armilar, em amarelo e avivada de negro.
Simbologia
O branco do escudo representa singeleza, harmonia e paz, sendo acompanhado pela fé, simbolizada na cruz vermelha de Cristo. Esta é uma alusão a uma época marcante da história portuguesa, falamos dos Descobrimentos. A esfera armilar remete, igualmente, para a epopeia marítima portuguesa. Os sete castelos demonstram a integridade e a independência nacionais.
O vermelho remete para o sangue e para o combate, mas também para a vitória e para a alegria.
Já o verde remete para a esperança, para a superação, para a capacidade de ultrapassar obstáculos e desafios, como aconteceu na Revolta de 31 de janeiro de 1891, em que o povo começou o seu combate contra a Monarquia.
A bandeira antes da República: características e símbolos principais
Afonso Henriques (1143-1185): escudo branco com uma cruz azul;
Sancho I (1185-1211), D. Afonso II (1211-1223), D. Sancho II (1223-1248): cinco escudetes de azul em campo de prata, dispostos em cruz, os dos flancos deitados e apontados ao centro. Alusão às cinco feridas recebidas por D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique ou às cinco chagas de Cristo.
Afonso III (1248-1279), D. Dinis (1279-1325), D. Afonso IV (1325-1357), D. Pedro (1357-1367), D. Fernando (1367-1383): as armas do reino receberam uma bordadura de vermelho, com um número indeterminado de castelos de ouro.
João I (1385-1432), D. Duarte (1433-1438), D. Afonso V (1438-1481): armas reais de prata, com cinco escudetes/quinas de azul dispostos em cruz, os dos flancos deitados e apontados ao do centro. Bordadura de vermelho, com castelos de ouro e pontas da cruz verde floretada da Ordem de Avis.
João II (1481-1495): as quinas laterais no escudo são colocadas verticalmente e bordadura de vermelho com 7 a 8 castelos de ouro.
Manuel I (1495-1521), D. João III (1521-1557): armas reais em fundo branco.
Sebastião (1557-1578), D. Henrique (1578-1580), Filipe I (1580-1598), Filipe II (1598-1621, Filipe III (1621-1640): coroa real fechada, com um, três ou cinco arcos à vista.
João IV (1640-1656), D. Afonso VI (1656-1683), D. Pedro II (1683-1706), D. João V (1706-1750), D. José (1750-1777), D. Maria I (1777-1816), D. Pedro IV (1826), Regências (1826-1828), D. Miguel I (1828-1834): bandeira branca com o escudo nacional, encimado pela coroa real fechada com os cinco arcos em vista.
João VI (1816-1826): colocada por detrás do escudo uma esfera armilar de ouro em campo azul.
Maria II (1834-1853), Regência (1853-1855), D. Pedro V (1855-1861), D. Luís (1861-1889), D. Carlos (1889-1908), D. Manuel II (1908-1910): bandeira bipartida verticalmente em branco e azul, ficando o azul junto da haste e as Armas Reais ao centro.
Regime Republicano (desde 1910): após a instauração do regime republicano, a Bandeira Nacional passou a ser bipartida verticalmente em duas cores fundamentais, verde escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro, e sobreposto à união das cores, tem o escudo das armas nacionais, orlado de branco e assentado sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivada de negro.
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