Parece inofensivo. O carro está parado no semáforo, o motor ronrona baixinho e, entre um piscar do vermelho e o verde que tarda, surge a tentação: uma olhadela rápida às notificações, uma resposta curta a uma mensagem, talvez até mudar a música. Mas esse pequeno gesto pode custar uma multa mínima de 250 euros — e arruinar o orçamento de Natal.
A razão? As autoridades portuguesas estão a intensificar a fiscalização sobre o uso do telemóvel ao volante, e a nova vaga de operações promete não deixar margem para distrações.
O mito perigoso: “se o carro está parado, posso mexer no telemóvel”
Muitos condutores acreditam que, estando imobilizados num semáforo, estão livres de penalização. Contudo, o Código da Estrada é claro e inflexível:
“É proibido o uso ou manuseamento de qualquer tipo de equipamento ou aparelho suscetível de distrair o condutor enquanto o veículo estiver em circulação.”
E aqui está o detalhe que apanha muitos de surpresa — estar parado num semáforo com o motor ligado é considerado estar em circulação. O controlo do veículo continua a ser total, e qualquer distração, por mínima que pareça, é suficiente para configurar uma infração.
O perigo real das distrações ao volante
Pode parecer um exagero, mas basta um segundo de distração para causar um acidente grave. Segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), usar o telemóvel ao volante aumenta em quatro vezes o risco de colisão.
Os olhos desviam-se da estrada, os reflexos diminuem e a atenção desaparece — tudo em troca de uma notificação que poderia esperar. Muitos acidentes urbanos, especialmente em cruzamentos e zonas de semáforos, acontecem exatamente por causa desse “instante de distração”.
As multas que podem arruinar o Natal
A polícia tem agora equipas de fiscalização dedicadas à deteção de condutores que manuseiam dispositivos móveis. E as penalizações são severas:
- Uso de telemóvel durante a condução (infração grave) – multa mínima de 250 euros e perda de 3 pontos na carta;
- Reincidência (infração muito grave) – multa mínima de 500 euros, podendo levar à suspensão da carta de condução.
Com a chegada do final do ano, quando as despesas familiares aumentam com jantares, prendas e viagens, uma multa deste tipo é o golpe que ninguém quer receber.
Estratégias simples para evitar multas (e acidentes)
Há formas simples de evitar o problema — e todas começam pela disciplina ao volante:
- Silêncio é ouro: antes de arrancar, coloque o telemóvel em modo silencioso ou “não incomodar”. Assim, evita tentações.
- Guarde-o fora do alcance: a melhor forma de resistir é não o ter à mão — a consola, o porta-luvas ou a mala são os melhores locais.
- Use tecnologia a seu favor: se o veículo tiver comandos de voz ou kit de mãos livres, utilize-os apenas quando necessário e de forma segura.
- Se for urgente, pare. Encoste num local seguro, desligue o motor e só então veja o telemóvel.
Estas medidas simples podem evitar não apenas uma multa pesada, mas também acidentes que mudam vidas.
O que muitos condutores esquecem
Mesmo uma ação aparentemente inofensiva, como mudar o GPS ou ver quem enviou uma mensagem, é considerada manuseamento.
Ou seja, não precisa de estar a falar ao telemóvel para ser multado — basta tocar-lhe.
As autoridades têm reforçado a vigilância com câmaras, drones e viaturas descaracterizadas, especialmente nas grandes cidades e vias urbanas.
A mensagem final: segurança antes de tudo
Num tempo em que o ritmo do dia-a-dia parece não permitir pausas, é fácil cair na armadilha da pressa. Mas a verdade é simples: nenhuma mensagem, música ou notificação vale 250 euros — nem a vida de ninguém.
Conduzir é um ato de responsabilidade, e cada segundo de atenção conta. A lei é clara e a fiscalização está atenta — mas, acima de tudo, o que está em causa é a segurança de todos os que partilham a estrada.
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