Há uma história encantadora de um rinoceronte que fascinou sucessivas gerações e que não pode ser perdida! Conheça a incrível história do Rinoceronte de Lisboa.
Conhece a história do Rinoceronte? Há um animal que desempenhou um papel importante na nossa história e que não tem tido o destaque que merece. A história do Rinoceronte de Lisboa encantou sucessivas gerações, tendo-se tornado um símbolo dos Descobrimentos.
A incrível história do Rinoceronte de Lisboa
História
1514
Afonso de Albuquerque foi o fundador do Império Português no Oriente, tendo ainda sido governador das Índias Portuguesas. Neste ano, Afonso de Albuquerque pretendia fazer a construção de uma fortaleza em Diu. Ele teve a autorização do rei D. Manuel I para enviar uma embaixada ao rei de Cambaia.
Contudo, o rei Modofar não tinha a mesma visão para a cidade. Apesar de Afonso de Albuquerque ter feito oferendas recebidas pelo rei Modofar e de ter solicitado autorização para construir a fortaleza, o rei Modofar não cedeu ao pedido, mas, apreciando a gentileza, ofereceu um rinoceronte a Afonso de Albuquerque…
O presente foi recebido e o governador Afonso de Albuquerque decidiu enviar o animal para Portugal, como forma de presentear o rei D. Manuel I.
O Rinoceronte
O rinoceronte tornou-se num animal de estimação para o rei D. Manuel I, tendo sido a primeira vez que um animal de grande porte do género marcava presença no nosso país, algo que só tinha acontecido em território europeu no tempo dos romanos, no século III.
Por isso, o momento foi marcante para todas as pessoas da cidade poderem ver de perto um animal com mais de duas toneladas de peso.
O animal de estimação e o combate entre gigantes…
O rinoceronte ficou instalado no parque do Palácio da Ribeira, tendo-se tornado o animal de estimação do rei D. Manuel I, acabando mesmo por servir para o rei promover um combate entre gigantes, pretendendo colocar o seu rinoceronte em confronto com um elefante.
A ambição era repetir as épicas batalhas que terão acontecido por altura dos romanos. No entanto, a tentativa portuguesa foi frustrada, pois o elefante entrou em pânico e fugiu depois de ver o rinoceronte. Não houve batalha e esse momento teve consequências…
Presente recebido… presente oferecido!
O rei D. Manuel I não ficou satisfeito com esse fiasco. Por isso, rapidamente encontrou outra utilidade para o animal. Tendo a clara intenção de obter o apoio do Papa Leão X nas campanhas além-mar, o rei português decidiu presentear o sumo pontífice com o animal.
Por isso, numa incursão a Roma pretendeu colocar o rinoceronte entre os presentes dados ao Papa. O animal iria adornado com uma coleira em veludo verde, apresentando rosas e cravos dourados. Contudo, o Papa Leão X nunca chegou a receber o rinoceronte com vida…
O fim trágico
Um momento que teria causado grande impacto internacional, mas que nunca chegou a acontecer como desejado, pois, devido a uma forte tempestade, o navio que transportava o rinoceronte afundou, tal como toda a tripulação.
O rinoceronte amarrado e sem se conseguir libertar morreu. Contudo, o rei D. Manuel I mandou recuperar o corpo do animal, dando instruções para empalhar o rinoceronte e ofereceu-o na mesma ao Papa Leão X, como se nada se tivesse passado.
O animal apresentado não fez sucesso junto do Papa. Pelo menos não criou o mesmo impacto que o elefante Hanno, que tinha sido oferecido anteriormente!
Impacto e reconhecimento
Foram quatro meses de viagem (alimentando-se apenas à base de ração seca), mas a chegada do animal criou um impacto tremendo, pois ninguém (ou quase ninguém) da cidade tinha visto um animal daqueles.
A sua chegada a uma zona onde a Torre de Belém estava a ser construída causou grande rebuliço. A encantadora história do Rinoceronte vivida no tempo dos Descobrimentos fez com que este animal se tornasse num dos símbolos da epopeia portuguesa além-mar. Por isso, a cidade reconheceu o valor do rinoceronte, integrando-o num edifício mítico para a religião.
Rinoceronte na Torre de Belém
O Rinoceronte de Lisboa foi homenageado com uma pequena escultura que pode ser vista numa das esquinas da Torre de Belém. Encontra-se virado para o rio Tejo, mais precisamente na zona de onde desembarcou para servir de presente ao rei D. Manuel I.
Quando o animal chegou, o impacto foi tremendo. Algo que não acontece com esta estátua, pois ela passa despercebida à maior parte dos visitantes.
Rinoceronte no Mosteiro de Alcobaça
Além de se encontrar numa das guaritas da Torre de Belém, há também uma representação naturalista do rinoceronte no Mosteiro de Alcobaça, onde o animal assume a função de gárgula, encontrando-se no Claustro do Silêncio.
Rinoceronte de Dürer
O famoso artista alemão Albrecht Dürer fez uma das representações mais populares. A xilogravura do artista foi copiada diversas vezes. Foram vários os outros artistas a redesenhar o animal, por isso este rinoceronte criou grande impacto no mundo das artes.
Dürer desenhou o rinoceronte com base nos relatos feitos na época, baseando-se em relatos escritos que foram enviados por comerciantes. A gravura de Dürer tornou-se numa referência na Europa, mas seguramente que o resultado seria muito distinto se o artista tivesse tido a oportunidade de o ver de perto.