Portugal foi, ao longo da sua história, um país sempre muito ligado à religião, à Igreja e ao culto católico. A ligação a Nossa Senhora é, provavelmente, um dos melhores exemplos disso mesmo.
Porém, o que muitos não saberão é que a devoção a esta figura remonta a vários séculos atrás, mais precisamente à própria fundação do país e ao reinado do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques. No entanto, foram muitos os reis que, durante os seus reinados, foram manifestando de diferentes maneiras a sua devoção pela Virgem, erguendo-lhe capelas, dedicando-lhe medalhas e até oferecendo-lhe a coroa. Fique a saber mais sobre a história do culto a Nossa Senhora.
A história do culto a Nossa Senhora em Portugal
Desde a altura de D. Afonso Henriques que o culto a Nossa Senhora se afirmou como um culto de grande relevância no nosso país. O primeiro rei português era, de resto, um grande devoto de Nossa Senhora e, por isso, fez várias concessões a Santa Maria Bracarense, pelo seu auxílio na manutenção do território.
Foi por essa ocasião que a Catedral de Braga foi elevada à categoria de templo nacional, adquirindo a designação de Templo de Santa Maria de Braga. Nossa Senhora torna-se, assim, na padroeira nacional.
A manutenção do culto
Mas não foi apenas D. Afonso Henriques a assumir-se como devoto de Santa Maria. O culto a Nossa Senhora foi mantido ao longo de toda a primeira dinastia, sendo que todos os reis agradeciam a Nossa Senhora a ajuda prestada na manutenção da independência do território português.
A mesma prática foi também mantida na segunda dinastia. Em plena Batalha de Aljubarrota D. João, Mestre de Avis, incitou o seu exército em nome de Deus e da Virgem Maria. D. Nuno Álvares Pereira era também devoto de Nossa Senhora, tendo-lhe agradecido o seu apoio nas batalhas de Valverde, Atoleiros e Aljubarrota e, por isso, mandado construir a Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. A imagem de Nossa Senhora da Conceição foi realizada e trazida de Inglaterra. Outro facto revelador da sua devoção foi o facto de D. Nuno Álvares Pereira ter entrado como irmão para o Convento do Carmo, em Lisboa, onde assume precisamente o nome de Frei Nuno de Santa Maria.
São Nuno de Santa Maria, como também é conhecido, foi ainda responsável pela renovação de uma antiga Confraria de Vila Viçosa, a qual consagrou a Nossa Senhora da Conceição.
O expoente máximo do culto
Porém, o culto a Nossa Senhora conheceria o expoente máximo em 1640, com D. João IV. A 8 de dezembro desse ano, o Frei João de S. Bernardino prega na capela Real de Lisboa, onde também se encontrava o Duque de Bragança, já feito rei de Portugal. E é nessa ocasião que ele encerra o seu sermão com a seguinte promessa:
“Seja assi, Senhora, seja assi; e eu vos prometo, em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante um tropheo a Vossa Immaculada Conceição, que vencendo os seculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal.”
A cerimónia em honra de Nossa Senhora
Assim, seis anos depois, em 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, a qual teve como fim agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência portuguesa em relação ao domínio espanhol que se estendia desde 1580.
Para tal, o monarca foi até à igreja de Nossa Senhora da Conceição e ofertou a coroa portuguesa a Nossa Senhora, deixando a seus pés. E é, nesse momento, que a proclama oficialmente como Padroeira Portugal. Nessa ocasião, foram várias as celebrações que se espalharam pelas ruas do país, com cânticos de júbilo ecoados por todos.
Um culto que não se perdeu
Nossa Senhora passou, assim, a Soberana de Portugal. Portanto, deste momento em diante, nenhum monarca português usou a coroa real, pois essa pertencia a Nossa Senhora. Quando havia uma cerimónia real, então a coroa ficava sobre uma almofada, colocada junto ao rei.
Em 1648, D. João IV cunhou medalhas de ouro e prata que foram usadas como moeda e que serviram de homenagem à padroeira nacional, já que exibiam a imagem de Nossa Senhora da Conceição coroada com sete estrelas e colocada sobre o globo e a meia-lua. A imagem sagrada era ladeada pelo sol, o espelho, a casa de ouro, a arca da aliança, o porto e a fonte e tinha como legenda: Tutelaris Regni.
Biografia de D. João IV
D. João IV inaugurou a 4ª e última Dinastia da monarquia portuguesa a Dinastia de Bragança que veio pôr fim a um domínio filipino que se estendeu por 60 anos.
D. João IV nasceu em Vila Viçosa, a 19 de março de 1604 e faleceu em Lisboa a 06 de novembro de 1656. Ficou para a história como “O Restaurador”, pois restaurou a independência do país, pondo fim ao reinado do seu antecessor, Filipe III de Portugal, que ficou para a história como o “Opressor” e que governou o nosso país entre 1621 e 1640.
D. João IV casou com D. Luísa Francisca de Gusmão e foi sucedido no trono pelo seu filho D. Afonso VI que nasceu em Lisboa a 21 de agosto de 1643 e que reinou de 1656 a 1683, ano em que morreu em Sintra, mais concretamente a 12 de setembro. Para a história, ficou conhecido pelo cognome de “O Vitorioso”.
Os sucessores de D. João IV
Apesar de D. João IV ter sido um dos reis mais entusiastas com a devoção a Nossa Senhora, o culto permaneceu, nomeadamente com D. João V que, em 1717, sugeriu que todas as igrejas comemorassem anualmente a Festa da Imaculada Conceição
D. João VI emitiu ainda um decreto, através do qual instituiu a Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, sendo que a Cabeça da Ordem se encontrava na Sua Real Capela.
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