Existem diversas batalhas memoráveis, mas a épica Batalha de Aljubarrota é daquelas que se destaca mesmo entre as mais notáveis. Descubra porquê.
A história é uma área fascinante. Muitos acontecimentos que ficaram para a história podem ter sido empolados ou alterados por historiadores, mas a verdade é que há muitos conhecimentos obtidos que foram herdados e que nos permitem perceber um pouco mais sobre a vida noutros tempos.
Da vida dos reis, aos tratados realizados que aproximaram países, são muitos os acontecimentos marcantes. Mas há quem goste é de saber mais sobre batalhas. Portugal é um país com uma longa história, repleta de batalhas para contar. Entre as mais emblemáticas, está a Batalha de Aljubarrota.
A história da épica Batalha de Aljubarrota
Um por todos e poucos contra muitos!
O dia 14 de agosto de 1385 é marcante, pois nesta data ocorreu uma batalha que ficou para a história.
Se não foi uma batalha de David contra Golias, esteve perto, pois o tamanho de um lado da batalha era, claramente, mais expressivo do que o outro. Foi a Batalha de Aljubarrota e podia dar um filme de Hollywood!…
Os portugueses
D. Nuno Álvares Pereira e D. João I lideraram as forças portuguesas no terreno, sendo responsáveis por infligirem uma derrota pesada às tropas castelhanas.
Do lado de Portugal, surgiu ainda o apoio britânico, pois existia um contingente composto por arqueiros ingleses, que estavam devidamente equipados com os seus temidos longbow, um arco longo e eficaz.
Tropas castelhanas
As tropas castelhanas de D. Juan I encontravam-se em maior número. Elas traziam consigo diversos cavaleiros franceses e também tinham do seu lado combatentes italianos.
O motivo
No dia 14 de agosto de 1385, travou-se uma batalha entre portugueses e castelhanos que ficou para a história pela sua singularidade, mesmo sendo uma entre outras batalhas que colocaram em confronto as duas nações.
Neste dia, os dois exércitos batalharam motivados pela luta da sucessão à coroa portuguesa.
O contexto
O rei D. Fernando I, “O Conquistador”, foi o último rei da Dinastia Afonsina (ou de Borgonha) e morreu em 1383 (22 de outubro), seguindo-se um período de interregno, sem reis no trono.
A crise de sucessão (conhecida como Interregno de 1383/85) começou com a morte deste rei que tinha uma única filha, D. Beatriz. A princesa era casada com o rei D. João I de Castela, sendo que esse detalhe não representava um mero detalhe, pois colocava em causa a independência de Portugal.
No entanto, ficou determinado no acordo nupcial que D. João I de Castela ficaria impedido de assumir o trono de Portugal. Mas depois da morte do rei D. Fernando, os portugueses receavam o pior.
A ambição espanhola
O rei D. João I de Castela invadiu Portugal sob o pretexto de fazer valer os direitos de D. Beatriz. No país, estavam a formar-se dois partidos, estando um a favor de D. Beatriz (e D. João I de Castela) e outro contra, pois pretendia uma independência clara.
A morte do conde Andeiro
João Fernandes de Andeiro foi um nobre galego do século XIV que adquiriu um estatuto distinto. Ele ganhou a confiança do rei D. Fernando e com isso tornou-se numa das figuras mais influentes da corte portuguesa da época.
Foi importante nas manobras diplomáticas realizadas por D. Fernando junto da corte inglesa. A sua proximidade com a rainha D. Leonor Teles e o poder e influência que detinha tornavam-no particularmente odiado e temido.
A rainha assumiu a regência e preparou a aclamação da infanta D. Beatriz. O casamento acordado com o rei de Castela gerou grande agitação na corte e no país, levando a oposição a intervir.
O Mestre de Avis preparou um golpe palaciano que levou à morte do Conde Andeiro. O Mestre de Avis foi o rosto dos que lutavam a favor da independência nacional. Por isso, contava com o apoio do povo, dos que estavam contra a rainha.
O Mestre de Avis, na liderança de um grupo de homens, entrou no Paço e matou o Conde Andeiro às punhaladas. Foi o início da crise política, que teve o seu desfecho dois anos mais tarde, na revolução de 1383 a 1385.
O Mestre de Avis foi nomeado “regedor e defensor do Reino”, sendo ajudado por Nuno Álvares Pereira, nomeado Condestável do reino.
D. João I, Mestre de Avis (1357-1433)
D. João I, Mestre de Avis, assumiu o trono e terminou com a crise de sucessão. Ficou conhecido pelo cognome de “O da Boa Memória”. Inesperadamente, teve um reinado longo, de 48 anos, sendo mesmo um dos reinados mais longos da nossa história!
D. João era filho bastardo de D. Pedro, sendo também meio-irmão de D. Fernando. Da sua união com a rainha D. Filipa de Lencastre, nasceu D. Duarte, “O Eloquente”, que veio a ser o seu sucessor.
No dia 14 de agosto de 1433 (Batalha), D. João I faleceu e foi o seu filho, D. Duarte, que assumiu o trono, mantendo-o de 1433 a 1438. Este representou o início da Segunda Dinastia (de Avis ou Joanina).
A preparação da Batalha de Aljubarrota
No dia 13, o Condestável Nuno Álvares Pereira inspecionou o terreno onde estava planificado intercetar o exército castelhano. Esse local encontrava-se a sul da ribeira da Calvaria, existindo no espaço dois ribeiros que protegiam os flancos. Era um planalto que revelava acessos difíceis.
Pelas condições do local, o Condestável percebeu que não só limitavam a frente de ataque do inimigo, como facilitavam o contra-ataque dos portugueses, quando feito pelos flancos.
Os números desiguais
Existem versões muito diferentes sobre os números das duas forças, mas mesmo sem existirem dados concretos, é claro que o efetivo dos dois exércitos era muito distinto, havendo forças bastante desiguais entre castelhanos e portugueses.
O exército português contou apenas com 1700 lanças, 800 besteiros e 4000 peões. A juntar a estes números, estão os 300 arqueiros ingleses. Ora, do lado de Castela, os números foram significativamente mais elevados, pois apresentaram cerca de 5000 lanças (cavalaria pesada), adicionando-se ainda 2000 ginetes (cavalaria ligeira) e 8000 besteiros. Os peões eram 5000!!!
A preparação da Batalha de Aljubarrota, uma batalha épica!
No dia da Batalha, que ocorreu no dia 14 de agosto, fez-se história. Os castelhanos tinham um número mais expressivo, mas cedo perceberam que o exército português se encontrava em posição privilegiada. Por isso, tentaram evitar o confronto.
O exército português reagiu ao sucedido, invertendo a sua posição e assim acompanhando os castelhanos, deslocando-se paralelamente. Assim, acabaram por ocupar uma posição distinta da planificada, 3 km a sul da posição anterior. Os dois exércitos ficaram a uma distância de 350 m de distância, aproximadamente.
Uma batalha épica
O exército português rapidamente cavou fossos e covas de lobo (que tentaram disfarçar) para protegerem a frente. Os portugueses estavam dispostos numa espécie de quadrado, formando um só corpo com a vanguarda e as alas.
Enquanto a vanguarda (com 600 lanças) foi comandada pelo Condestável, na retaguarda, D. João I, comandava os portugueses com 700 lanças, besteiros e 2000 peões. Nas alas, estavam os efetivos restantes.
A vanguarda dos espanhóis era composta por 50 bombardas e 1500 lanças, dispostas em 4 filas, ocupando toda a largura do planalto. Nas alas, o exército castelhano teria outras tantas lanças, besteiros e peões, mas também ginetes na ala direita e cavaleiros franceses na ala esquerda.
Os castelhanos hesitaram entre atacar ou não. Depois de um demorado impasse, a vanguarda castelhana inicia o ataque, já ao fim do dia. Os castelhanos conseguiram romper a vanguarda portuguesa, pois o seu número era elevado, mas logo foram atacados pelo flanco, foram atacados pelas pontas da vanguarda, foram atacados pelas alas e também foram atacados pela retaguarda portuguesa.
A vanguarda castelhana sofreu uma derrota colossal, apesar de apresentar um número total maior. A estratégia portuguesa e a posição ocupada permitiram ao exército português, que se encontrava em muito menor número, criar um forte impacto na vanguarda castelhana, que foi sendo esmagada.
Os que foram sobrevivendo, em pânico, fugiram. A batalha foi concluída em apenas uma hora. Já de noite, o rei de Castela fugiu para Santarém e depois de lá embarcou para Sevilha.
Conclusão
A Batalha de Aljubarrota representou uma grande vitória sobre Castela, não apenas pelo confronto direto, mas por ter o efeito de desmoralizar o inimigo. Foi uma vitória que permitiu assegurar a continuidade da independência nacional.
O papel de Nuno Álvares Pereira foi essencial. O Santo Condestável de Portugal revelou-se uma peça crucial para derrotar as forças de D. João de Castela. Aquele que é considerado o maior estratega português de todos os tempos (maior comandante e maior génio militar), tendo comandado forças em número substancialmente mais reduzido do que o inimigo, também saiu vencedor em todas as batalhas que travou. Por isso, é recordado pelos seus feitos, sendo o patrono da Infantaria portuguesa.
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