Foi em 1415 que os portugueses conseguiram a conquista de Ceuta. Saiba tudo sobre esta grande conquista.
A história dos Descobrimentos é um momento áureo da história de Portugal, pois foi o momento em que o nosso país “deu novos mundos ao mundo”, explorando mar e terra e descobrindo vários territórios e povos.
A expansão permitiu ao país aceder a novas rotas comerciais que contribuíram para o enriquecimento de Portugal. Se há um acontecimento que marcou o início desta jornada de conquistas foi, sem dúvida, a conquista de Ceuta. Continue a ler para saber mais sobre este feito.
A conquista de Ceuta: o início da expansão portuguesa
Ceuta era um território de Marrocos, que ficava no Norte do continente africano. Em 1415, os portugueses conquistaram esta cidade, acontecimento que marcou o início da expansão marítima nacional e da exploração da costa africana.
A conquista do Norte de África, pelos portugueses, teve início em 1411, sob o comando de D. João I. Ceuta foi a primeira cidade referenciada para uma expedição. Para isso, foi organizada uma expedição, tropa e preparado o confronto com os mouros.
O principal objetivo desta viagem era obter o trigo de Marrocos, além de impedir a pirataria muçulmana no Mediterrâneo. Há também relatos da época que falavam da vontade dos infantes cumprirem feitos importantes, de modo a legitimarem-se enquanto guerreiros e combatentes.
Naturalmente que as razões de ordem económica e social também contavam, pois esta era uma forma de alargar território e, ainda, conquistar terras aos mouros e saquear cidades, tirando proveito das riquezas encontradas.
Outras vantagens da conquista de Ceuta
Dominar Ceuta possibilitava ainda o controlo das rotas comerciais que atravessavam o estreito de Gibraltar e conectavam o mar Mediterrâneo à Europa Ocidental. De lembrar que Ceuta era um importante porto para o comércio saariano.
Com a conquista de Ceuta, Portugal conseguira dominar as rotas marítimas do estreito de Gibraltar e evitar a pirataria na entrada do Mediterrâneo, a qual atacava constantemente a costa algarvia. Deste modo, dominar Ceuta permitia o controlo do Oceano Atlântico e da pirataria, ao mesmo tempo que facilitava a exploração do Norte de África.
O processo de conquista
Ceuta era uma cidade rica e grande, mas seria fácil de cercar, pois estava rodeada de mar. Assim, com o aval papal, Portugal avança para a conquista de Ceuta.
devido estar quase toda rodeada de mar.
Portugal parte, então, à conquista desta cidade com a aprovação do Papa. Antes disso, foram enviados dois homens para espionarem Ceuta e saberem mais sobre o método defensivo da cidade, os pontos mais importantes e as zonas de desembarque preferenciais.
Com essas informações, concluiu-se que Ceuta era facilmente cercada por mar. A invasão foi preparada por 18 meses. Nos navios seguiam mantimentos, fidalgos, barões e escudeiros. A frota era composta por galés, naus e um grupo de navios.
A partida para Ceuta
Foi no verão de 1415 que a armada partiu para Ceuta, primeiro do porto de Lisboa, parando ainda no porto de Lagos, no Algarve. Apesar de terem sofrido uma tempestade, os portugueses avançaram no plano.
A 09 de agosto, os portugueses já se encontravam em Ceuta que, ao aperceber-se, convocou a ajuda das cidades vizinhas. Os confrontos começaram com os disparados trons e bestas sobre as galés portuguesas, sem, no entanto, causarem qualquer dano.
D. João I tentou ainda ganhar algum tempo, de modo a esperar que toda a armada estivesse reunida. Assim, a frota poderia dividir-se em duas partes, de modo a uma distrair os mouros, enquanto a outra iniciaria o ataque na praia.
O desembarque precoce?
A 21 de agosto, o rei não tinha ordenado o desembarque. Nessa altura, alguns homens começam a desembarcar por iniciativa própria e a entrar praia adentro, começando uma luta corpo a corpo. Foi o caso de figuras como D. Henrique e D. Duarte.
D. João I, ferido numa perna, manteve-se na embarcação, de modo a tentar perceber como a batalha estava a decorrer.
O início da batalha
Os infantes estavam a conseguir avançar e, por isso, Salah-bem-Salah mandou os seus homens recuarem para a alcáçova. Foi desta forma que Ceuta foi sendo conquistada, através de batalhas corpo-a-corpo. Porém, o cansaço e o calor fizeram com que os portugueses se espalhassem pela cidade, realizando vários saques. Uma opção arriscada, pois os homens estavam mais frágeis e sozinhos.
Ao mesmo tempo, D. Duarte e D. Henrique focaram-se na conquista da mesquita, pois uma vez conquistada significava que toda a cidade tinha sido tomada. Nessa altura, Salah-bem-Salah aproveitou para fugir do castelo.
A mesquita foi conquistada e, depois de uma noite de sono, os infantes partiram para o ataque à alcáçova, onde tinha sido montado um cerco. A conquista de Ceuta estava, assim, praticamente garantida, através de uma batalha que consistiu, fundamentalmente, no uso de armas de mão e nas lutas corpo-a-corpo.
Do plano à realidade
A conquista de Ceuta foi planeada, tendo-se desenhado para isso vários planos de ataque. Alguns previram o desembarque a Oeste da Cidade, o que não agradou a D. João I. Outros propunham o desembarque no extremo Oeste de Ceuta.
Porém, na prática, o Infante D. Henrique acabou por desembarcar pela direita de Ceuta e, assim, conquistar a praia de Santo Amaro. Posteriormente, o infante entrou na cidade sem quaisquer reforços. Mais tarde, chegam as colunas comandadas pelo Conde de Barcelos e por Martim Afonso de Melo que logo derrotaram os mouros.
Assim, a alcáçova foi tomada pelos portugueses numa conquista que não deveu muito à estratégia ou ao armamento, mas antes à força corporal dos homens que se bateram corpo-a-corpo no campo de batalha. Ceuta estava assim tomada, marcando o início das guerras de expansão em África.
Atualidade
Hoje em dia, Ceuta é uma cidade autónoma, mas pertencente a Espanha e que fica na margem africana da desembocadura oriental do estreito de Gibraltar, numa península chamada de Almina, em frente a Algeciras e a Gibraltar.
Tem cerca de 82.376 habitantes. Tem um património muito interessante e que reflete bem a história rica deste território.
Aprecio muito as informações aqui divulgadas. Mas, sinto falta de legendas que identifiquem as ilustrações que ilustram os textos. A repetição do título na matéria em todas as ilustrações é desnecessária. Ótimo seria que se aproveitasse o espaço para complementar o texto com a descrição da imagem, onde se localiza e outros pormenores. Seria possível?