Portugal apresenta uma história extensa, com quase 9 séculos. Desde o início da fundação do Reino que houve portugueses a destacarem-se. Foram várias as figuras nacionais que conseguiram criar um legado nestes quase 900 anos. Eles conseguiram brilhar em áreas distintas: ciência, matemática, letras, entre outras.
Estas individualidades nasceram numa aldeia, vila ou cidade. Normalmente, estabelecem uma ligação especial à terra. Ora, como são heróis locais, são frequentemente acarinhados. Essas terras dedicam uma atenção especial às personalidades emblemáticas.
No presente artigo do NCultura, centraremos a nossa atenção em Fernando Pessoa. O poeta foi influenciado pela capital portuguesa. Lisboa está refletida na sua vida e na sua obra, quer de poesia, quer de prosa. Fique a conhecer atrações que estão ligadas à vida de Fernando Pessoa, um enorme vulto da literatura portuguesa.
A cidade que foi berço de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa é um dos nomes mais emblemáticos da literatura portuguesa. Este mítico Poeta nasceu em 1888, em Lisboa, uma cidade muito especial para o homem que teve inúmeros heterónimos.
Fernando António Nogueira Pessoa passou nove anos da infância em Durban, uma colónia britânica da África do Sul, porque o seu padrasto era o cônsul português. Quando ele tinha 5 anos, o seu pai morreu de tuberculose. Fernando Pessoa tornou-se num rapaz tímido e cheio de imaginação.
Ele foi um estudante brilhante. Após completar 17 anos, regressou a Lisboa, com o objetivo de entrar no Curso Superior de Letras. No entanto, ele abandonou o curso dois anos mais tarde, sem ter feito um único exame.
Fernando Pessoa preferiu estudar por conta própria, recorrendo ao vasto espólio da Biblioteca Nacional. Por aqui, ele leu diversos livros, de diversas temáticas, nomeadamente de filosofia, de sociologia, de religião, e de literatura portuguesa (especialmente, mas também outras). Foi desta forma que conseguiu completar e expandir a educação tradicional inglesa que recebera na África do Sul.
A produção de poesia e de prosa em inglês de Fernando Pessoa foi intensa durante este período. O poeta já escrevia também muito em português por volta de 1910. Fernando Pessoa publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária no ano de 1912.
Foi em 1913 que ele escreveu o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do Livro do Desassossego). Os primeiros poemas de adulto de Fernando Pessoa foram escritos em 1914.
Enquanto adulto, Fernando Pessoa poucas vezes deixou a capital e os seus arredores. Por isso, a relação com a cidade foi muito especial. Ele foi vivendo em diferentes contextos, ora com parentes, ora sozinho em quartos alugados. Fernando Pessoa ganhava a vida com as traduções ocasionais que realizava. Ele também fazia a redação de cartas em inglês e francês. Fazia-o para firmas portuguesas com negócios no estrangeiro.
O poeta era solitário por natureza. A sua vida social era limitada e quase não havia vida amorosa. No entanto, na década de 1910, Fernando Pessoa revelou-se um líder ativo da corrente modernista do nosso país. Ele inventou alguns movimentos, nomeadamente o «Interseccionismo» de inspiração cubista e o «Sensacionismo», um movimento algo estridente e semi-futurista.
Apesar de se ter mantido afastado das luzes da ribalta, ele exerceu a sua influência através da escrita e das tertúlias que realizou, tendo contactado com algumas das figuras literárias mais notáveis de Portugal. Por isso, Fernando Pessoa foi respeitado na capital, enquanto intelectual e poeta. Ele publicou trabalho em revistas, regularmente. O poeta até ajudou a fundar e a dirigir algumas revistas. Contudo, o génio literário deste homem singular só foi plenamente reconhecido após a sua morte.
O poeta estava convicto do próprio génio. Por isso, Fernando Pessoa vivia em função da sua escrita. Ele não tinha pressa em publicar. Ele escondia planos grandiosos para edições da sua obra completa, escrita quer em português, quer em inglês. Ele guardou quase tudo o que escreveu. Por isso, não teve a oportunidade de ver como o país veio reconhecê-lo como um dos grandes nomes da Literatura.
A mãe de Fernando Pessoa deixou a África do Sul em 1920. Após a morte do segundo marido, ela regressou a Lisboa. Por isso, o poeta alugou um andar para reunir a família.
Na Rua Coelho da Rocha n.º 16, onde atualmente se encontra a Casa Fernando Pessoa, viveram a mãe, a meia-irmã e os dois meios-irmãos do poeta, além do próprio. Foi nessa casa que Fernando Pessoa passou os últimos 15 nos da sua vida. Nesse contexto, esteve muito tempo com a mãe, que faleceu em 1925. Na casa, ainda viveu com a meia-irmã, o cunhado e os dois filhos do casal. Entretanto, os dois meios irmãos do poeta optaram por emigrar para Inglaterra.
Contudo, o perfil de Fernando Pessoa fazia com que ele escolhesse passar longas temporadas sozinho em casa. Fernando Pessoa morreu em 1935, mais precisamente no dia 30 de novembro. No dia 29 de novembro de 1935, ele foi internado no hospital S. Luís dos Franceses no Bairro Alto. Faleceu no dia seguinte. Fernando Pessoa tinha 47 anos.
Foi sepultado no cemitério dos Prazeres, no dia 2 de dezembro. Posteriormente, no cinquentenário da sua morte, foi trasladado para o Mosteiro dos Jerónimos.
Nesta importante arca, encontraram-se conteúdos dactilografados como escritos ou rabiscados à mão, ilegivelmente. Apresentavam-se em português, inglês e francês. Na arca, foram encontradas mais de 25 mil folhas com escritos muito distintos, havendo obras de poesia, peças de teatro e contos. Na arca, também havia conteúdos de filosofia, traduções, crítica literária, textos políticos, teoria linguística, cartas astrológicas e outros textos sortidos.
Fernando Pessoa escrevia conteúdos em cadernos de notas. Fazia-o também em folhas soltas, no verso de cartas. Escrevia até em anúncios, em panfletos e em papel timbrado das firmas para as quais o poeta trabalhava. Ele escrevia em anúncios e em panfletos dos cafés que frequentava. Tudo era aproveitado. Ele até escreveu em sobrescritos, em sobras de papel e mesmo nas margens dos seus textos antigos.
Para aumentar a confusão, escreveu sob dezenas de nomes, uma prática – ou compulsão – que começou na infância. Chamou heterónimos aos mais importantes destes «outros eus», dotando-os de biografias, caraterísticas físicas, personalidades, visões políticas, atitudes religiosas e atividades literárias próprias.
Algumas das obras mais memoráveis de Fernando Pessoa foram atribuídas aos seus principais heterónimos poéticos, nomeadamente Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Bernardo Soares foi um «semi-heterónimo». Fernando Pessoa assinou conteúdos com muitos outros nomes. Entre eles, encontram-se nomes estrangeiros como Alexander Search e Charles Robert Anon. Jean Seul foi o único heterónimo francês. Era ensaísta.
Principais atrações da Lisboa de Pessoa
Há pontos de interesse imperdíveis para quem pretende ver a Lisboa que Fernando Pessoa amava.
Largo de São Carlos
Foi por aqui que Fernando Pessoa nasceu, mais precisamente no edifício nº 4 deste Largo, em frente ao Teatro São Carlos.
Basílica dos Mártires
Esta é a construção religiosa onde Fernando Pessoa foi batizado. A origem da construção deste templo remonta ao século XVIII. Esta construção religiosa visou substituir a antiga Ermida dos Mártires, que era anterior ao terramoto de 1755.
O local onde o batismo ocorreu encontra-se logo na entrada do templo, numa capela com portões de ferro. Fernando Pessoa foi batizado na antiga igreja dos Mártires, atualmente Basílica dos Mártires, no dia 21 de julho de 1888.
Seguramente inspirado pelo campanário da Basílica dos Mártires que o poeta avistava do prédio onde morava, Fernando Pessoa escreveu:
“Ó sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma”
Café A Brasileira
Este famoso estabelecimento foi um local muito frequentado pelo poeta. Este espaço servia de ponto de encontro entre vários intelectuais, artistas e escritores da época. O poeta dos heterónimos era um cliente tão habitual no café A Brasileira que mereceu uma homenagem.
Quem visita o Café, poderá encontrar a famosa estátua em homenagem a Fernando Pessoa. Naturalmente, quem por lá passa quer tirar uma foto com o poeta.
Morada: Rua Garrett, nº 120-122, no Largo do Chiado
Este espaço está aberto diariamente, das 8 h às 02 h.
Café Martinho da Arcada
Fernando Pessoa também frequentava regularmente o café Martinho da Arcada, o mais antigo de Lisboa. Em homenagem ao poeta, o estabelecimento reservou permanentemente a mesa de Fernando Pessoa.
Nos últimos 10 anos da vida de Fernando Pessoa, este estabelecimento foi quase uma segunda casa. Fernando Pessoa passava os seus fins de tarde escrevendo no café Martinho da Arcada.
Curiosamente, 3 dias antes do poeta falecer, Fernando Pessoa e Almada Negreiros ter-se-ão encontrado para um último café neste local.
Morada: Praça do Comércio, nº 3
Este café encontra-se aberto de segunda a sábado, das 7 h às 23 h. Está fechado ao domingo.
Café Beira Gare
Este estabelecimento também fez parte do roteiro de Fernando Pessoa. O poeta costumava encontrar-se no Café Beira Gare com Carlos Queirós, outro poeta.
Endereço: Praça Dom João da Câmara 4
Este café encontra-se aberto das 9h às 22h
A Licorista
Este estabelecimento funciona atualmente como restaurante, A Licorista. No entanto, no tempo de Fernando Pessoa, era um bar. O poeta costumava passar por aqui para tomar um copo de licor ou outra bebida.
Foi no Licorista que foi tirada uma das poucas fotos conhecidas de Fernando Pessoa! Fernando Pessoa terá enviado a fotografia para a sua amada Ophélia, com a mensagem “flagrante delitro”. Essa fotografia encontra-se eternizada no restaurante, num painel de azulejos.
Morada: Rua dos Sapateiros, nº 218
Este estabelecimento está aberto de segunda a sábado, das 12 h às 15 h e das 19 h às 22h15. Fechado ao domingo.
Livraria Ferin
Fernando Pessoa reuniu um vasto conjunto de livros. Ele visitava regularmente livrarias portuguesas. Esta era uma delas. Ao longo da sua vida, o poeta conseguiu reunir um enorme acervo literário. Ele encontra-se presente na biblioteca particular que se pode conhecer na Casa Fernando Pessoa.
Morada: Rua Nova do Almada, nº 72
Está livraria está aberta de segunda a sábado, das 10 h às 20 h.
Livraria Bertrand
Fernando Pessoa percorria as livrarias do Chiado. A livraria mais antiga do mundo foi outra livraria especial para o poeta. A Bertrand é uma referência para os lisboetas e tornou-se num local de passagem regular para Fernando Pessoa.
Se visitar o Café Bertrand, poderá encontrar um belo painel da artista Tamara Alves, que visa homenagear o poeta.
Morada: Rua Garrett, 73-75 – Chiado
Funcionamento: segunda a sábado, das 9h às 22h – domingos e feriados, das 11h às 20h.
Mosteiro dos Jerónimos
É neste monumento que se encontra o túmulo de Fernando Pessoa. O Mosteiro dos Jerónimos é a atração mais visitada da Lisboa. O túmulo do poeta está presente no claustro do Mosteiro.
Ele foi transladado para lá no ano de 1985. O túmulo de Fernando Pessoa apresenta diferentes faces, revelando versos de diferentes heterónimos do poeta.
Elétrico 28
Este é um dos transportes públicos mais populares de Lisboa. O poeta usou este transporte tradicional que é bastante antigo. Ele passa justamente pelos bairros que Fernando Pessoa frequentava. Ele passa pelo Campo de Ourique e pelo Chiado.
Casa Fernando Pessoa
Este é um espaço de leitura e para a leitura. A fundação da Casa Fernando Pessoa aconteceu em 1993. A Biblioteca Particular de Pessoa revela-se um autêntico tesouro.
Nesta casa, responde-se a questões como: que livros leu Pessoa? Que autores o poeta escolheu ler? Na Casa Fernando Pessoa, encontra-se a biblioteca que pertenceu a Fernando Pessoa. Estão reunidos os livros que o poeta comprou, que recebeu de amigos, que herdou. Estas obras foram lidas pelo ilustre poeta e encontram-se profusamente anotadas.
Por isso, o conjunto tem 1300 títulos no total, mais de metade em língua inglesa, e revela-se o maior valor da Casa Fernando Pessoa.
Neste espaço, também poderá ver uma reconstituição do quarto de Fernando Pessoa, além de muitos objetos pessoais. Esta Casa também nos apresenta muitas obras de outros artistas que estão relacionadas com o poeta. Um dos grandes destaques é o retrato que Almada Negreiros fez de Fernando Pessoa.
Morada: Rua Coelho da Rocha, 16-18, Campo de Ourique, 1250-088 Lisboa
Contactos: +351 213 913 270 / [email protected]
Mais informações, aqui.
- Horário: Segunda a sábado, das 10 h às 18 h. A biblioteca está fechada aos sábados. Preço: 3 € | Descontos para visitantes com até 25 anos ou com idade superior a 65 anos | Gratuito nos sábados e feriado até às 14
Pode conferir o Roteiro Lugares, Trajetos e Afetos de Pessoa da Casa Fernando Pessoa, aqui.
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Quer saber onde pode comer em Lisboa?
Reunimos alguns dos espaços onde pode saborear autênticas especialidades gastronómicas. Estes são restaurantes que colocam na mesa o melhor da gastronomia local.
Ka Sushi Cave
Morada: Travessa Frederico Arouca 9 Travessa da ressurreição 6, 2750-476 Cascais
Contactos: (+351) 924 784 022
Conceito Food Store
Morada: R. Pequena, Urbanização do Viso Lote 1, Loja A Bicesse Urbanização do Viso Lote 1, loja A, 2645-486 Cascais
Contactos: (+351) 21 808 5281
Bistro 100 Maneiras
Morada: Largo da Trindade 9, 1200-466 Lisboa
Contactos: (+351) 910 307 575
Bairro do Avillez
Morada: Rua Nova da Trindade 18, 1200-303 Lisboa
Contactos: (+351) 21 583 0290.
Restaurante Gastronomia Italiana
Morada: Rua Frederico Arouca 36 Loja A, 2750-355 Cascais
Contactos: (+351) 936 535 282
Quer saber onde pode dormir em Lisboa?
Eis algumas sugestões de qualidade:
Hotel Metrópole
Morada: Praça Dom Pedro IV 30, 1100-200 Lisboa
Contactos: (+351) 213 219 030 / [email protected]
InterContinental Cascais – Estoril
Morada: Avenida Marginal, 8023, 2765-249 Monte Estoril
Contactos: (+351) 218 291 100 / [email protected]
Hotel Mercy
Morada: Rua da Misericórdia 76, 1200-273 Lisboa
Contactos: (+351) 21 248 1480 / [email protected]
Teatro Boutique Chiado
Morada: Rua da Trindade 36, 1200-468 Lisboa
Contactos: (+351) 213 472 024 / +351 213 472 024 / [email protected]
Palácio Estoril Hotel Golf & Wellness
Morada: Rua Particular, 2769-504 Estoril
Contactos: (+351) 214 648 000 / [email protected]