Esta é uma aldeia diferente. Tem qualidades únicas que a fazem distinguir-se das demais. Escaroupim… a aldeia perto de Lisboa que pode desaparecer.
Portugal é um país pequeno, mas no seu reduzido território não faltam atrações turísticas. Há muitas cidades e regiões com tantas qualidades que é impossível ser justo e colocar no presente artigo toda a riqueza dispersa pelo país.
Porto e Lisboa são cidades icónicas que recebem anualmente inúmeras pessoas. Tem o Algarve, a Madeira e os Açores como destinos turísticos. Contudo, no país, existe um património histórico, cultural, artístico e arquitetónico relevante.
Há algumas aldeias históricas no nosso país que atraem todos os que as visitam. São charmosas, intrigantes, fascinantes. Uma destas aldeias está em perigo de deixar de existir.
Escaroupim: A aldeia perto de Lisboa que pode desaparecer
Do isolamento ao abandono
No nosso país, existem dezenas de aldeias que se encontram totalmente abandonadas. Infelizmente, é possível encontrar de norte a sul de Portugal aldeias com pouquíssimos habitantes. Estas aldeias encontram-se em locais isolados, afastadas de outras aldeias e a longas distâncias das cidades mais próximas.
A fuga das pessoas destas aldeias surge da necessidade de elas procurarem uma vida melhor, seja para o estrangeiro, seja para as grandes cidades. A passagem do tempo leva a que muitas aldeias fiquem praticamente desabitadas. Sem futuro, passam a ser esquecidas…
No entanto, algumas destas aldeias têm adquirido alguma vida pela presença de turistas que ficam rendidos aos seus encantos. É o que acontece com a aldeia de Escaroupim.
O melhor da aldeia de Escaroupim
A localização
Esta aldeia histórica encantadora encontra-se no coração do Ribatejo. A aldeia de Escaroupim está presente a cerca de 7 km da vila de Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém.
Escaroupim encontra-se a 1 hora de Lisboa (são cerca de 70 quilómetros) e revela-se uma experiência imperdível. Nesta aldeia, que se encontra entre as margens do rio Tejo e as terras do Ribatejo, não faltam histórias de gerações de gentes ribeirinhas. Quem ainda habita a aldeia pode revelar muito sobre a identidade cultural do Escaroupim.
As pessoas da aldeia
Neste momento, habitam na aldeia menos de uma centena de pessoas. Todas elas encontram-se numa faixa etária mais envelhecida.
Naturalmente, os habitantes das aldeias facilmente se distinguem dos visitantes que chegam a Escaroupim, algo que acontece sobretudo nos finais de semana e nos períodos de férias.
A pesca
Escaroupim é uma aldeia piscatória típica. Ela foi formada em meados dos anos 30. Esta aldeia foi formada por pescadores oriundos da Praia da Vieira (Marinha Grande), que vinham ao Tejo sazonalmente.
Como era muito difícil pescar no mar na altura do inverno, as pessoas iam pescar para o rio. Surgindo assim nessa época, altura em que viviam em embarcações, as chamadas bateiras. Elas serviam tanto como objeto de trabalho, como de habitação.
Nas campanhas de pesca de inverno, era pescado sobretudo o sável (e as enguias). No Tejo, encontravam o sustento das suas numerosas famílias. As pessoas inicialmente regressavam à Praia da Vieira no Verão.
Contudo, muitos dos pescadores foram deixando de ir à sua Praia da Vieira. Eles foram ficando pelas margens do Tejo e formaram pequenas povoações piscatórias ao longo do rio.
O papel da mulher
Navegava-se durante a noite, Tejo acima ou rio abaixo. Nesta vida, deve destacar-se o papel da mulher. Enquanto o avieiro lançava a rede ao rio, a mulher remava.
Na tradição dos avieiros, existe a participação da mulher na arte da pesca, remando e/ou vendendo o peixe. A pesca era feita durante a noite, enquanto no dia a avieira vendia o peixe pelas terras das redondezas.
As características
Esta aldeia tem características únicas, que não passam despercebidas. Esta aldeia piscatória enquadra-se num cenário singular. A paisagem conjuga diversos elementos especiais.
A aldeia destaca-se pelas suas casas de madeira que apresentam portas fechadas e cores vivas. Os tons vibrantes e garridos destas casas chamam à atenção. O mesmo acontece com as típicas embarcações de cores vivas que contrastam com as águas esverdeadas e serenas do Rio Tejo.
Contudo, outro destaque está no facto das casas serem construídas sobre estacas. Um procedimento realizado para proteger as casas das cheias que eram frequentes. Neste momento, a aldeia do Escaroupim encontra-se direcionada para a criação de elementos de bem-estar, lazer e turismo.
O risco
Convém agendar a viagem com brevidade. É que a aldeia de Escaroupim corre o risco de desaparecer. A Aldeia do Escaroupim tem uma história de sobrevivência por muitos desconhecida, mas que merece a nossa atenção.
Recuperação
A Casa Típica Avieira é uma das grandes atrações da aldeia ribatejana. Este espaço foi recuperado pela autarquia. A Câmara Municipal criou um museu (Casa Típica Avieira), visando preservar as vivências das gentes naqueles espaços.
A casa foi restaurada com o objetivo de representar fielmente as antigas habitações das gentes ribeirinhas. A Casa Típica Avieira tem pequenas dimensões. Está pintada com cores vivas e pode ser visitada diariamente.
O acesso é feito por umas escadas, pois está assente em pilares devido às frequentes cheias do Tejo. A cozinha com uma lareira ladeada por tijolos é um dos três espaços no interior que se destaca. A sala é outra divisão que encanta. Tem dois baús que servem para guardar roupa. Na sala também se nota bem a presença de dois manequins a envergar os trajes típicos dos avieiros.
Finalmente, destacam-se os dois quartos, que são de dimensões reduzidas e apresentam camas em ferro. Na casa, também há um sótão que servia para os pescadores guardarem os materiais da pesca.
O Museu “Escaroupim e o Rio”
Este espaço pretende preservar a memória das várias comunidades ribeirinhas do Tejo. Este museu é um lugar de afetos, um espaço de encontro que visa preservar tradições e memórias. A oferta turística da aldeia fica assim ampliada com este espaço.
Além do Núcleo Museológico da Casa Avieira, este museu dispõe de sanitários públicos para servir todos aqueles que visitam o Escaroupim. Quem visita a aldeia pode também realizar passeios de barco no Rio Tejo. A aldeia atrai ainda os adeptos da observação de aves.
O restaurante panorâmico proporciona o melhor da gastronomia local. O miradouro natural revela-se o local perfeito para ver as vistas locais sobre o rio Tejo.
Informação útil:
Morada: Avenida João Belo (ensaiador)
Contactos: 962 411 168 / [email protected].
Entrada gratuita.
O Parque das Merendas
É comum ver famílias inteiras que visitam a aldeia a realizar encantadores piqueniques no Parque das Merendas. Também é frequente ver famílias a navegar pelo rio. Existem empresas de cruzeiros que proporcionam essa experiência singular.
Fazem um percurso entre Salvaterra de Magos, Valada, Cartaxo e Azambuja. O percurso da Rota do Escaroupim e da Cultura Avieira faz-se numa ou duas horas. Duas das empresas que disponibilizam estes cruzeiros são a Promartur e a Rio-a-dentro.
O Parque de campismo
Este parque está presente no meio da Mata Nacional do Escaroupim. O Parque de campismo permite hospedar os vários visitantes que chegam à aldeia, vindos de todos os cantos do País.
Pode conhecer melhor as condições para ficar hospedado no Parque de campismo Escaroupim.
Localização: Mata Florestal, Salvaterra de Magos 2120-018 Portugal.