A história de Portugal está repleta de intrigas, desaparecimentos, controvérsias e segredos que desafiam explicações claras. Durante os 900 anos da monarquia portuguesa, a Família Real esteve frequentemente envolvida em episódios enigmáticos que continuam a alimentar teorias e discussões. Estes mistérios, muitas vezes envoltos em lendas, não só cativam os entusiastas da história como também nos fazem refletir sobre os eventos que moldaram a identidade nacional.
Aqui estão sete mistérios intrigantes que marcaram a história do país:
1. D. Sebastião sobreviveu a Alcácer-Quibir?
A Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, marcou o desaparecimento de D. Sebastião, mas será que o rei realmente morreu nesse fatídico dia? Algumas teorias sugerem que ele sobreviveu e foi visto anos depois em Itália, onde ficou conhecido como o “D. Sebastião de Veneza”.
Entre os indícios que sustentam esta hipótese estão relatos de testemunhas da época, como Sebastião Figueira, que afirmou ter visto o rei sair vivo da batalha. Além disso, no século XIX, foi descoberta uma medalha de ouro com a inscrição “Sebastianus Primus Portugaliae Rex” num túmulo em França, onde a lenda diz estar sepultado um rei português. Este mistério deu origem ao “sebastianismo”, uma crença popular que espera o regresso de D. Sebastião como salvador da pátria.
2. O Marquês de Pombal tinha ascendência africana?
Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal, foi uma figura central da história portuguesa. Reconhecido pelas suas reformas e pela reconstrução de Lisboa após o Terramoto de 1755, há quem afirme que ele tinha ascendência africana.
Diz-se que a sua bisavó era uma escrava negra, o que torna curiosa a sua postura reformista ao aprovar a Lei do Ventre Livre, que libertava descendentes de escravos. Apesar de defender a abolição da escravatura, a sociedade portuguesa da época exigia certificados de “pureza genealógica”, uma contradição que alimenta este mistério sobre as suas origens.
3. Portugal já conhecia o Brasil antes de 1500?
É amplamente aceite que Pedro Álvares Cabral “descobriu” o Brasil em 1500, mas evidências sugerem que os portugueses já conheciam a existência do território antes dessa data.
O Tratado de Tordesilhas, negociado por D. João II, delineou uma divisão territorial que coincidentemente incluía o Brasil na área portuguesa. Além disso, as rotas de navegação utilizadas pelos portugueses no Atlântico Sul poderiam facilmente levar ao Brasil, e há quem acredite que marinheiros portugueses já haviam visitado o território antes da sua “descoberta oficial”.
4. D. Afonso Henriques não era filho do conde D. Henrique?
D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, é também protagonista de uma teoria controversa: a de que não seria filho biológico do conde D. Henrique e da rainha D. Teresa.
A lenda sugere que o verdadeiro D. Afonso Henriques morreu na infância e foi substituído por uma criança criada por Egas Moniz, fiel conselheiro da família. Há ainda teorias que defendem que ele era filho de um pastor transmontano. A sua altura – alegadamente superior a dois metros – e a sua deficiência congénita nas pernas são frequentemente apontadas como inconsistências genéticas em relação aos seus supostos pais.
5. Cristóvão Colombo era português?
Embora oficialmente considerado genovês, muitos historiadores acreditam que Cristóvão Colombo era português, oriundo de Cuba, no Alentejo. Esta teoria baseia-se em erros de escrita nos seus manuscritos castelhanos, que sugerem um sotaque português, e na escolha de nomes para locais na América, semelhantes a toponímias portuguesas.
Além disso, Colombo comunicou a descoberta da América ao rei de Portugal antes de o fazer aos reis de Espanha, para quem navegava, o que levanta suspeitas sobre a sua verdadeira nacionalidade e lealdade.
6. Cristóvão Colombo era um espião português?
Outra teoria intrigante sugere que Colombo era, na verdade, um agente secreto português infiltrado na corte espanhola, avança a VortexMag. O seu objetivo seria desviar a atenção dos espanhóis da rota marítima mais direta para a Índia, permitindo que Portugal mantivesse a sua hegemonia comercial.
A insistência de Colombo em procurar a Índia navegando para ocidente, uma rota claramente menos prática, reforça esta teoria, assim como o facto de os portugueses alcançarem a Índia por volta da mesma época, dobrando o Cabo da Boa Esperança.
7. Os lusitanos eram mais avançados militarmente do que os romanos?
Apesar de enfrentarem o poderoso Império Romano, os lusitanos resistiram por dois séculos, graças à sua superioridade tática e militar. Liderados por Viriato, organizavam emboscadas estratégicas e ataques rápidos que desestabilizavam as legiões romanas.
As suas armas, consideradas mais leves e eficazes, combinadas com um exército híbrido de infantaria e cavalaria, tornaram os lusitanos numa força temida. Esta capacidade militar continuou a ser reconhecida muito depois da sua integração no Império Romano, alimentando o orgulho histórico de Portugal.
A história portuguesa é, sem dúvida, um terreno fértil para mistérios que continuam a intrigar investigadores e entusiastas. Estes episódios são testemunhos da complexidade de um passado que ainda hoje desafia o nosso entendimento e mantém vivo o fascínio por uma das nações mais antigas do mundo.