Conheça alguns palavras que foram relevantes no léxico diário, mas deixaram de o ser. São 40 palavras da língua portuguesa que caíram no esquecimento.
As línguas, nomeadamente a portuguesa, são feitas por pessoas. São extremamente úteis e permitem que haja comunicação entre os indivíduos. Sendo feitas por pessoas, os vocábulos não são perenes e, ao longo do tempo, muitas foram as palavras que abandonadas e/ou atualizadas. E os arcaísmos não passam disso mesmo, palavras ou expressões que perderam a sua utilidade e deixaram de surgir na nossa linguagem.
Alguns exemplos de arcaísmos são as palavras «asinha» (depressa), «coita» (sofrimento), «ca» (porque), «aguçoso» (diligente), «fiacre» (tipo de carruagem). Estes são exemplos de palavras que já não possuem utilidade e que, se surgissem no dia a dia, podiam até trazer alguma confusão ou incompreensão. Existem também construções sintáticas que se tornaram ultrapassadas, são os arcaísmos sintáticos.
Ao longo dos tempos, foram vários os escritores que recorreram propositadamente a arcaísmos para enriquecerem as suas obras e darem-lhes um conteúdo mais elegante e erudito. Entre eles estão: Olavo Bilac, Machado de Assis, Eça de Quieroz, Simões Lopes Neto, Almeida Garrett. Exemplos destas construções obsoletas são: “Este é o melhor prato que nunca comi.” e «Nenhum não veio.»
Apesar dos arcaísmos terem caído em desuso, eles estão ainda presentes em bons dicionários. Em sentido contrário, há ainda os neologismos, ou seja, novas palavras que garantem a renovação, dinamismo e constante transformação do léxico português.
Definição de arcaísmo
Do grego arkhaïsmós, “imitação dos antigos”, e do latim archaismu, arcaísmo. Palavra, expressão ou construção que deixou de ser usada numa determinada língua. Maneira de falar ou escrever fora de uso. Qualquer coisa antiga, obsoleta ou fora de moda.
Exemplos de arcaísmos (ou a caminho de se tornarem)
À guisa de: à maneira de.
Alcaide: Antigo oficial de justiça. Antigo governador de castelo ou de província, castelão. Prefeito. No Brasil, objeto velho ou sem utilidade, pessoa muito velha ou sem beleza.
Alcunha: apelido, cognome, epíteto. Qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio em lugar do nome próprio de alguém, ou que é acrescentado a esse nome (geralmente derivado de uma particularidade física ou moral).
Aposentos: Quartos.
Assunar: Amotinar, Agitar.
Balela: mentira, conversa fiada, algo dito sem fundamento, boato falso.
Basbaque: pessoa ingénua, simplório, tolo, pessoa que pasma de tudo, pateta.
Boticário: Farmacêutico.
Cacareco: traste velho, coisa velha, objeto sem valor.
Ceroulas: Peça de vestuário interior, cuecas.
Físico: Usado no sentido de médico.
Gorar: não dar certo, frustrar-se, malograr-se, abortar. Corromper-se o ovo na incubação.
Leda: Alegre, jubiloso, risonho.
Outrossim: também, igualmente, do mesmo modo.
Pachorra: Calma excessiva, paciência.
Petiz: pequeno, menino, criança.
Por obséquio: Por favor.
Vosmecê /vossemecê / Vossa Mercê: Usava-se para indicar a pessoa a que se faça ou escreve.
Janota: Pessoa bem vestida. Que tem muito cuidado com a apresentação, catita, elegante, chique.
Joalhada: Coberta de joias.
Sacripanta: Pessoa desprezível, patife, pilantra.
Sôbolos: uma antiga contração da preposição “sobre” com o artigo definido “o”.
No Brasil…
Bidu: Pessoa que adivinha as coisas.
Bulhufas: coisa nenhuma, nada.
Borocoxô: ficar triste.
Casa da mãe Joana: refere-se a um lugar onde todos mandam, sem dono.
Chumbrega: quer dizer que uma coisa é feia ou estranha, de má qualidade, ordinária.
Convescote: piquenique.
Fuzarca: Festa animada ou ruidosa, farra, bagunça, desordem, confusão.
Lero-lero: conversa fiada.
Lorota: mentira, patranha, peta.
Munheca: Avarento, sovina.
Quiçá: Talvez, porventura.
Radiola: aparelho de som, rádio com vitrola.
Supimpa: Muito bom, excelente, ótimo.
Tabefe: Estalo, tapa, bofetada.
Vitrola: toca-discos, gira-discos.
Sirigaita: rapariga ou mulher espevitada, que tem resposta para tudo.
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Descobri que Boticário não é somente uma marca de perfumes e cosméticos no filme “Dona Flôr e Seus Dois Maridos”, onde o ator Marcos Nanini vivia o papel de um Farmacêutico traído pela esposa, interpretada pela atriz Giulia Gam.
Riqueza de vocabulário é importante. Quando adolescente, meu grupo de amigos gostava de encontrar impropérios desnudados, como, por exemplo, sacripanta, nefelibata, etc. E, doutra feita, amiga que fazia teatro infantil, precisava de algo para substituir “inenarrável”. Sugeri “supimpa”. Funcionou..
Digo, desusados.
São palavras que se usam. Mais ou menos vezes, mas dão corretas…
O pior são esses políticos que falam tudo errado, assassinando a nossa língua…
Concordo plenamente