Portugal tem tido ao longo da história mulheres notáveis que se destacaram em diversas áreas. Desde as artes à ciência, passando pela política e ativismo, estas mulheres foram exemplos de coragem e determinação.
Estas mulheres foram verdadeiras pioneiras, enfrentando preconceitos e desafios para alcançar o sucesso nas suas áreas de atuação. São exemplos inspiradores de determinação e coragem, que continuam a inspirar gerações de mulheres em Portugal e além-fronteiras.
20 portuguesas que marcaram a História de Portugal
1 – Teresa de Leão (1080-1130)
Teresa de Leão casou-se com um nobre quando era ainda jovem e filha de Afonso VI de Leão. Da união, nasceram três filhas e um filho, que se tornou o primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques. Após a morte do marido, Teresa continuou a luta pela conquista de terras e a unificação do Norte da Península Ibérica sob o seu domínio. Governou o condado portucalense por 16 anos, ao lado do conde de Trava, mesmo após serem derrotados por Afonso Henriques. Morreu dois anos depois e foi sepultada na Sé de Braga, ao lado do primeiro marido.
2 – Teresa Henriques (1151-1218)
Teresa era filha do primeiro rei de Portugal e da rainha Mafalda de Sabóia. Era conhecida por sua beleza e muitos príncipes a desejavam. Foi corregente do reino, herdeira do trono e se tornou condessa-rainha. Também comandou exércitos, fez do irmão grão-mestre da Ordem dos Hospitalários e se casou novamente para ganhar outro condado independente. Foi um grande obstáculo à anexação da Flandres pelos franceses.
3 – Antónia Rodrigues (1580-?)
Antónia nasceu em Aveiro e tornou-se António para fugir de casa aos 12 anos. Vestiu-se de marujo e cortou o cabelo para se alistar numa caravela. Chegou a Mazagão como grumete e tornou-se soldado. Aos 15 anos, já era conhecida como o ‘Terror dos Mouros’. Quando uma mulher se apaixonou por ela, Antónia revelou a sua verdadeira identidade e regressou a Portugal, onde recebeu uma tença por ter servido no exército como a ‘Cavaleira Portuguesa’.
4 – Josefa de Óbidos (1630-1684)
Josefa d’Ayala e Cabrera nasceu em Sevilha, filha de pai português e mãe andaluza. Ainda criança, mudou-se para Óbidos e nunca mais saiu da região. Durante a sua vida, dedicou-se principalmente à arte, criando pinturas, gravuras e possivelmente cerâmica. Começou a sua carreira artística com 16 anos, criando gravuras de Santa Catarina e São José. Josefa foi uma artista talentosa e independente, seguindo os passos do pai e deixando a sua marca na arte barroca.
5 – Filipa de Lencastre (1360-1415)
Filha de João de Gaunt e de Branca, Catarina de Lencastre veio para o Porto aos 27 anos para se tornar rainha de Portugal e esposa de João I. Foi uma figura importante na modernização e expansão do reino e educadora dos seus filhos. Antes de morrer, entregou três espadas aos filhos mais velhos, pedindo-lhes que governassem com justiça e piedade, cuidassem da honra das mulheres e dos homens, e olhassem pelos irmãos mais novos. Assim como sua mãe, morreu de peste e foi elogiada por Fernando Pessoa.
6 – Juliana Dias da Costa (1657-1734)
Juliana, filha de um português e de uma escrava, nasceu em Bengala no século XVII e tornou-se a superiora e clínica do serralho imperial do rei mongol Bahadur Xá. Ela foi acarinhada por cinco monarcas mongóis e serviu como intermediária para o reino português e para os jesuítas, além de ter contacto com holandeses, franceses e italianos. Juliana falava várias línguas, incluindo português, persa, latina e francesa.
7 – Antónia Pusich (1805-1883)
Antónia Gertrudes Pusich nasceu em Cabo Verde e aos 15 ou 16 anos participou num combate ao lado do pai. Casada várias vezes e mãe de cinco filhos, foi a primeira mulher a fundar e dirigir um jornal em Portugal. Além de escritora e compositora, era defensora do direito das mulheres à educação e argumentava politicamente. Faleceu em Lisboa aos 78 anos.
8 – Antónia Ferreira (1811-1897)
Nascida em Godim, perto de Peso da Régua, esta mulher casou-se com um primo por conveniência da família, tornando-se viúva com duas crianças pequenas e uma fortuna. Sozinha, ela geriu os seus negócios e ajudou os necessitados, processando inclusive os seus filhos. Morreu octogenária, deixando uma fortuna avaliada em 5.907.323$000 réis, que incluía propriedades, arte, joias e dinheiro. O seu testamento, que dividiu a fortuna entre os filhos e netos, foi respeitado. Em 1887, ela plantou vinha no Monte Meão, contra a opinião geral, resultando no famoso “Barca Velha”. Ela é conhecida popularmente como ‘Ferreirinha’, e muitos a chamam de ‘santa’ e ‘mãe dos pobres’.
9 – Maria II (1819-1853)
Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga, também conhecida como a Educadora, empenhou-se na sua própria educação e na dos filhos, algo pouco comum na sua época. Ela tornou-se rainha de Portugal aos 7 anos e, apesar das conturbações do período em que reinou, conseguiu fazer cumprir a Carta Constitucional. No entanto, morreu aos 34 anos.
10 – Luísa Holstein (1841-1909)
Ela é a herdeira de uma das famílias mais ricas do reino e não permite que o marido administre os bens. Além de ser uma escultora premiada, Maria Luísa Domingas de Sales de Borja de Assis de Paula de Sousa Holstein também era uma filantropa que estabeleceu as Cozinhas Econômicas, um local de refeições acessível para os menos favorecidos. Conhecida como a Duquesa, ela era vista como uma figura nobre em Lisboa.
11 – Adelaide Cabete (1867-1935)
Adelaide de Jesus Damas Brazão, filha de operários em Elvas, trabalhou a dias e aprendeu de ouvido até se casar com um homem 18 anos mais velho e se formar em Medicina aos 33 anos. Defendeu os direitos das mulheres, das crianças, dos pobres e dos animais, propondo a criação de maternidades, creches, asilos para a infância e instituições de solidariedade social. A sua tese de licenciatura propôs uma lei para permitir às trabalhadoras repousarem no último mês de gravidez e beneficiar de um subsídio retirado dos lucros da empresa, do Estado e dos trabalhadores. Lutou por uma sociedade equitativa e saudável e foi republicana, feminista e maçona.
12 – Irene Lisboa (1892-1958)
Irene Lisboa foi uma pedagoga inovadora e escritora que lutou contra a monotonia e repressão na escola. Embora o seu nome apareça em diversas placas, a sua obra é pouco conhecida e muitos dos seus livros foram editados a suas próprias expensas. Proibida de dar aulas pela ditadura, continuou a escrever, mas muitos dos seus artigos foram censurados. Apesar dos obstáculos, colaborou com a revista de oposição “Seara Nova” sob um pseudónimo masculino. Trinta e um anos após a sua morte, foi-lhe atribuída a comenda da Ordem da Liberdade.
13 – Maria Lamas (1893-1983)
Maria da Conceição Silva foi uma jornalista, escritora, feminista e lutadora pela democracia. Nasceu em Torres Novas e foi a primeira dos quatro filhos de uma família de média burguesia. Pagou com a prisão e o exílio a defesa dos seus ideais e tornou-se um símbolo da luta pela emancipação da mulher. Aos 81 anos filiou-se no Partido Comunista Português e é um importante nome a ser lembrado.
14 – Florbela Espanca (1894-1930)
Florbela Espanca, cujo nome constava como “filha de pai incógnito” na certidão de nascimento, escolheu suicidar-se. Apesar de todos saberem que seu pai era João Maria Espanca, ele só a reconheceria oficialmente 19 anos após o seu suicídio, possivelmente para beneficiar dos direitos de autor da sua obra poética. Florbela foi uma poetisa ousada, que às vezes teve dificuldade em enfrentar os preconceitos. Ela morreu com a sensação de que ninguém jamais a amou, apesar de ter escrito “eu quero amar, amar, perdidamente”…
15 – Edmée Marques (1899-1986)
Branca Edmée Marques foi uma cientista portuguesa que recebeu uma bolsa de estudo de Marie Curie, mas que foi forçada a regressar a Portugal devido à falta de apoio governamental. Apesar de ter um doutorado e de ter chegado a diretora do centro de estudos de Radioquímica, só se tornou professora catedrática aos 67 anos, depois de contribuir significativamente para a investigação científica do país na utilização pacífica da energia nuclear.
16 – Vieira da Silva (1908-1992)
Maria Helena Vieira da Silva, pintora portuguesa, foi eleita a francesa do ano em 1956 pela revista “Elle”, mas recusou a distinção, afirmando a sua nacionalidade portuguesa. No entanto, anos depois, em 1956, aceitaria a nacionalidade francesa depois de ser proposta pelo ditador português Oliveira Salazar, que anteriormente a tinha chantageado a renunciar à cidadania portuguesa quando se casou com o pintor Arpad Szenes. Somente na década de 70, Portugal reconheceria o seu talento para a pintura.
17 – Cesina Bermudes (1908-2001)
Cesina Bermudes desejava ter tido mais educação musical em sua vida, mas dedicou-se à investigação científica, formou-se em Medicina, defendeu os direitos das mulheres e combateu o regime ditatorial de Salazar em Portugal. Embora tenha se interessado por literatura e desporto, a Medicina foi o seu foco principal. Ela acreditava em várias passagens pela Terra para aperfeiçoar o espírito.
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18 – Amália Rodrigues (1920-1999)
Amália Rodrigues, uma das maiores artistas do século XX, tinha uma vida fascinante. Embora muitas vezes tenha sido escrita, ainda há muito a contar sobre Amália. Ela não se considerava apenas uma fadista, mas uma artista intuitiva, cujo sucesso se devia à tristeza, ao medo e à timidez. Ganhou o direito de ser chamada apenas de Amália, mesmo que muitos fãs a chamassem de Dona Amália em sinal de respeito. Ela levou o fado ao mundo, gravou mais de 150 discos, entrou em vários filmes e fez inúmeros concertos ao longo de meio século de carreira.
19 – Natália Correia (1923-1993)
Natália de Oliveira Correia, uma açoriana de São Miguel, mudou-se para Lisboa aos 11 anos para estudar, mas dedicou-se a várias áreas, tornando-se numa figura importante do século XX. Era romancista, poetisa, dramaturga, deputada, entre outras coisas. Casou quatro vezes, mas nunca teve filhos, pois considerava a sua maternidade universal. Desde criança, tinha sonhos de se tornar poetisa, detetive e dona de um casino clandestino. Natália era uma pessoa afetiva, apesar da sua aparência entusiástica e exuberante.
20 – Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004)
Maria de Lourdes Pintasilgo foi a primeira mulher em Portugal a desempenhar o cargo de primeiro-ministro. Ela aceitou liderar um governo de homens durante 149 dias, durante uma crise política. Durante esse período, ela estabeleceu as bases de um sistema de segurança social para todas as pessoas, independentemente de trabalharem ou não. Pintasilgo dedicou sua vida à luta por uma sociedade mais justa, influenciada pelos ideais cristãos e pela experiência dos padres operários em França.