Conheça 15 mulheres que marcaram a História de Portugal até hoje. Brilharam em diferentes áreas, nem todas nasceram em Portugal, mas todas marcaram profundamente o país.
15 mulheres que marcaram a História de Portugal
Dona Teresa Urraca
Dona Teresa Urraca, que terá nascido por volta de 1080 (talvez na Póvoa de Lanhoso) e falecido em 1130, foi casada com o conde de Portucale, D. Henrique de Borgonha.
Desta relação nasceu o homem que tornou Portugal independente, o nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques. Como é sabido, o filho e a mãe entraram em guerra, pois ambos queriam comandar os destinos do Condado Portucalense.
Em 1128, D. Teresa acabou por reconhecer a superioridade de D. Afonso Henriques na batalha de São Mamede, sendo forçada a abandonar o território.
Rainha Santa Isabel
Natural de Aragão (Saragoça), a Rainha Santa Isabel (1271-1336) foi casada com um dos mais importantes reis portugueses: D. Dinis. Foi decisiva para manter a estabilidade do país ao impedir o confronto militar entre o seu filho D. Afonso (que seria mais tarde o rei D. Afonso IV) e o seu marido, que não se entendiam sobre quem seria o herdeiro ao trono de Portugal.
A rainha, que ao ficar viúva passou a residir no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha de Coimbra (espaço que foi refundado por ela), é associada a vários milagres, sendo o Milagre das Rosas o mais conhecido. Tal faceta levou a que em 1516 o Papa Leão X a beatificasse. Um século depois, em 1616, foi canonizada pelo Papa Urbano VIII.
É frequentemente designada de Rainha Santa. Coimbra, a cidade onde viveu, fez dela a padroeira da cidade e a 4 de julho, o dia do seu falecimento, é feriado municipal. Os seus restos mortais encontram-se o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra.
Neste mesmo espaço é possível ver a exposição que apresenta alguns fios de cabelo e objetos da Rainha Santa. A sua mão, que se encontra em bom estado, pode ser vista de dois em dois anos, no âmbito das festas da cidade de Coimbra em sua honra.
Inês de Castro
A nobre aia galega da princesa D. Constança, Inês de Castro (1320-1355) e D. Pedro (neto da rainha Santa), são os protagonistas da história de amor mais conhecida de Portugal. Enquanto D. Pedro foi casado com D. Constança, a Quinta das Lágrimas, em Coimbra, costumava ser o local onde se encontrava muitas vezes com D. Inês.
A Fonte das Lágrimas tem ainda hoje uma mancha vermelha, que se diz ser o sangue de D. Inês. Quando ficou viúvo, D. Pedro e D. Inês juntaram-se, tiveram filhos e viveram junto ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra.
Mas D. Afonso IV, desconfiado de que este romance poderia ser uma esquema político vindo da Galiza com o intuito de prejudicar Portugal, mandou matar D. Inês. D. Pedro jurou vingança. Quando chegou a rei, aniquilou de forma bárbara os 3 homens que tiraram a vida à sua amada e, apesar de já estar morta, D. Pedro fez de D. Inês rainha. D. Inês e D. Pedro repousam no Mosteiro de Alcobaça.
Brites de Almeida
Quando se fala na épica batalha de Aljubarrota de 1385, Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota natural de Faro, é um nome imediatamente associado a este momento marcante da História de Portugal.
Reza a lenda que a padeira terá encontrado num forno 7 castelhanos e que os terá matado com uma pá.
Carolina Beatriz Ângelo
Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911) foi uma lutadora incansável dos direitos das mulheres. Médica de profissão, criou e dirigiu a Associação da Propaganda Feminista. Em maio de 1911, no âmbito das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, tornou-se na primeira mulher a votar numas eleições. Na época era apenas permitido aos chefes de família, viúvos e aos não analfabetos votarem.
Não existia uma clara referência apenas ao voto masculino. Beatriz Ângelo, que já não tinha marido, criava sozinha os seus filhos e tinha estudos, explicou assim ao tribunal que julgava ter condições para votar. Ninguém a desmentiu. Nas eleições seguintes, as leis já referiam claramente que o voto era só para o homem.
Antónia Ferreira “A Ferreirinha”
A generosa e persistente Antónia Ferreira, conhecida como “A Ferreirinha” (1811-1896) e que era oriunda da Régua, teve um papel bastante importante para a afirmação internacional do vinho do Porto. Vinda de famílias de posses, aos 33 anos, após a morte do seu primeiro marido, decidiu explorar um negócio que já existia na sua família: o vinho do Porto.
A filoxera, uma peste que atacava constantemente as vinhas, foi um problema que a atormentou durante anos. Também a aposta dos governos portugueses no vinho espanhol trouxe-lhe dificuldades para o seu negócio. Várias vezes se deslocou a Inglaterra para compreender como poderia encontrar meios para derrotar a peste.
Apesar disso, conseguiu produzir e vender em grandes quantidades o Vinho do Porto. Também é importante referir é que a “Ferreirinha” foi sempre amiga dos seus trabalhadores.
Catarina Eufémia
Catarina Eufémia (1928-1954) era uma jovem mulher do campo, analfabeta, que nasceu e viveu na aldeia alentejana de Baleizão. A 19 de maio de 1954, acompanhada por 13 colegas ceifeiras reclamou, junto do feitor, melhorias salariais. Este, sentindo-se em perigo, deslocou-se a Beja para chamar o dono das terras e a GNR.
Ao chegarem ao local, Catarina terá dito ao Tenente Carrajola que estavam ali porque exigiam uma vida melhor. A resposta não agradou e o tenente deu-lhe um murro. De seguida, Catarina terá dito que só faltava mesmo matarem-na. Sem hesitação, o tenente Carrajola disparou 3 vezes.
Catarina, que tinha ao colo um dos seus 3 filhos (que era o mais novo, tinha 8 meses), acabou por falecer. Foi assim, sem dúvida uma figura que lutou contra o Estado Novo.
Irmã Lúcia
A Irmã Lúcia (1907-2005) e os seus primos Francisco e Jacinta, todos nascidos em Aljustrel (Fátima), eram crianças quando afirmaram, a 14 de maio de 1917, terem visto na Cova da Iria Nossa Senhora, enquanto guardavam o rebanho.
Essas visões repetiram-se por mais 5 meses (sempre no dia 13) e vinham com mensagens. A 13 de julho a Nossa Senhora terá contado 3 segredos. Numa das outras aparições, Nossa Senhora terá manifestado o desejo de se criar um local para o culto religioso. Após esta história ter sido tornada pública, foi construída a Capela das Aparições no exato local onde se encontraram os pastorinhos com Nossa Senhora.
Com o tempo, o espaço de culto acabou por ser ampliado, surgindo assim o Santuário de Fátima, local que hoje é visitado por milhares de pessoas. Em 1935 escreveu as suas memórias, onde referiu as aparições. Em 1944 revelou dois dos segredos e o terceiro foi contado só no ano 2000. A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, em 2005, no Convento Carmelita de Santa Teresa.
Florbela Espanca
Florbela Espanca (1894-1930), natural de Vila Viçosa, teve uma vida curta marcada por depressões e revoltas interiores. Soube expor a sua instabilidade sobretudo através da poesia.
No entanto, também escreveu alguns contos, um diário, traduziu algumas obras e escreveu ainda para jornais e revistas.
Amália Rodrigues
A lisboeta Amália Rodrigues (1920-1999) é tida como uma das grandes cantoras mundiais do século XX. É a maior voz do fado português.
Foi idolatrada em Portugal e não só. Levou o nome de Portugal bem alto. Graças a ela, o fado começou a ser conhecido e apreciado em vários países. Encontra-se sepultada no Panteão Nacional.
Rosa Mota
Rosa Mota (nascida em 1958, no Porto) é uma das grandes referências do atletismo mundial do século XX. Entre várias conquistas, a que se destaca é a medalha de ouro obtida na maratona dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Um feito que deixou os portugueses surpreendidos e orgulhosos. Foi a primeira portuguesa a conseguir alcançar o ouro na maior competição desportiva do mundo.
E se englobarmos o sexo masculino, até então, só Carlos Lopes tinha conseguido tal feito.
Sophia de Mello Breyner
A portuense, Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), é uma das grandes escritoras portuguesas. Dedicou-se à poesia, aos contos e fez também algumas traduções. Em 1999 recebeu o Prémio Camões, o mais prestigiante galardão da literatura lusófona.
Até então nunca tinha existido um português a receber esta distinção. Em 2003, conquistou o célebre Prémio Rainha Sofia da Poesia Iberoamericana. Está sepultada no Panteão Nacional.
Maria de Lourdes Pintasilgo
Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004) oriunda de Abrantes, foi a primeira (e até hoje a única) Primeira-ministra de Portugal. Ocupou esse cargo entre junho de 1979 e 1980.
Em toda a Europa era a 3ª mulher a assumir um lugar daquela dimensão. Era licenciada em Engenharia Químico Industrial, um curso que, na época, tinha apenas 3 mulheres como estudantes.
Amélia Rey Colaço
A atriz e empresária Amélia Rey Colaço (1898-1990), natural de Lisboa, foi muito provavelmente a figura mais marcante do teatro português no século passado. “Falar no teatro português sem incluir o nome dela seria tarefa impossível, até porque a história do teatro nacional D.Maria II e da companhia Rey Colaço / Robles Monteiro – que Amélia fundou em 1921, com o Marido Robles Monteiro – é grande parte da história do nosso teatro”, conta Cristina Margato, na Revista “100 Anos-100 Portugueses: Figuras que moldaram o século XX”.
Amélia Rey Colaço revolucionou o teatro em Portugal. Cortou com alguns costumes do passado. Apostou muito em peças declamadas. Os espetáculos em exibição foram muitas vezes baseados em obras de grandes escritores portugueses (como Gil Vicente, Garrett, ou Eça de Queirós) e internacionais (Arthur Miller, Tennessee Williams, Shakespeare).
Foi também responsável por lançar muitos dos grandes atores dos nossos dias, como João Perry, Carmen Dolores ou Eunice Muñoz.
Maria João Pires
Maria João Pires nasceu em Lisboa em 1944 e atualmente reside no Brasil.
Embora tenha decidido deixar de ter a nacionalidade portuguesa há alguns anos, pode considerar-se como a pianista portuguesa mais famosa de sempre. Ganhou fama internacional em 1970 quando venceu, em Bruxelas, o concurso internacional que marcava os 200 anos do falecimento de Beethoven.
Desde então tem feito concertos em várias partes do mundo, tocando Bach, Mozart ou Beethoven. Europa, Canadá, Japão, Israel e Estados Unidos, são os locais onde mais toca. Em 2015 conquistou o Gramophone, o prémio de maior prestígio que distingue os melhores artistas da música clássica.
Autor: João Mendes