Portugal é um tesouro de história e beleza arquitetónica, e por trás de cada colina, escondem-se castelos portugueses que muitos desconhecem! Na passada sexta-feira foi o Dia Nacional dos Castelos. Mas será que todos sabem quantos castelos existem em Portugal? E onde eles se encontram e qual a sua história e principais características?
Claro que há edifícios populares que todos conhecem e que até já tiveram a oportunidade de visitar, mas certamente que os seguintes castelos que vamos apresentar serão uma surpresa e uma novidade para muitos dos que nos leem.
Só no nosso país (ilhas incluídas), haverá quase 250 castelos. O número é significativo, tendo em conta as dimensões do nosso país e, também, o número de castelos de que estamos habituados a falar. Se tentar pensar em alguns castelos seus conhecidos talvez não consigo reunir mais do que duas mãos cheias. Portanto, certamente que o vamos surpreender e deslumbrar com a lista seguinte.
12 castelos portugueses que muitos desconhecem
Quase todas as pessoas guardam em si um encanto especial por castelos. Edifícios imponentes, carregados de história, que nos remetem para outras épocas, para outras vidas, para batalhas, luxos e uma era cada vez mais distante daquela em que vivemos.
Além disso, são geralmente um local privilegiado para admirar a paisagem circundante, por vezes muito distinta daquela que se observava à época da sua construção, mas que ainda assim encanta quem explora estes edifícios.
As escadarias, as pedras frias e as muralhas circundantes são marcas comuns a esta tipologia de construção que marcou uma época e foi decisiva para muitos momentos da nossa história.
A maior parte dos castelos portugueses foram edificados na Idade Média, por altura da fundação do nosso país até a consolidação das fronteiras de Portugal. A principal função dos castelos era, precisamente, defender certa região, daí tratar-se de uma estrutura bem fortificada.
Além disso, os castelos podiam servir de residência permanente ou temporária, embora sem a opulência e o conforto que, mais tarde, encontramos nos palácios nobres e da corte. Assim, não é de admirar que, com o passar do tempo, os castelos tenham vindo a perder a sua relevância e, por isso, já não tenham chegado aos nossos dias no seu melhor estado de conservação.
O principal investimento continuou a ser nos castelos localizados na fronteira com Espanha, pois aí continuava a ser necessário garantir a defesa da independência e a proteção contra potenciais invasores. Isto explica por que muitos castelos se apresentam pouco cuidados, em ruínas e até desconhecidos da maior parte de nós, pois não são considerados ex-líbris locais. Porém, o seu valor histórico e patrimonial não desapareceu e, por isso, merecem ser conhecidos, mesmo que não visitados.
Castelo de Alcanede
Localizado entre Santarém e Porto de Mós, este castelo foi fulcral na conquista e defesa de Portugal, quando este ainda se afirmava como país. Crê-se que terá sido tomado pelo Conde D. Henrique, mas que já existiria desde 1162, quando D. Afonso Henriques doou a localidade a Gonçalo Mendes de Sousa.
Este edifício ficou bastante danificado, anos mais tarde, devido ao sismo de 1531, e assim se manteve até meados do século XX, altura em que foi restaurado. Recuperou a sua importância estratégica durante a 3ª invasão francesa (1810-11), pois era um ponto essencial para vigiar e controlar as movimentações dos invasores franceses.
Trata-se de um edifício simples, com caraterísticas típicas do período medieval, com uma muralha ovalada e duas torres de vigia. Como muitos castelos, este também carrega uma lenda, a Lenda do Pote de Ouro e do Pote de Peste, uma versão mais popular do famoso mito da Arca de Pandora.
Coordenadas: 39° 25.038′ N 8° 49.291′ O
Castelo do Alvito
Mais recente que a maior parte deste tipo de construções, este castelo foi mandado construir por D. Diogo Lobo da Silveira, Barão do Alvito, em finais do século XV. Ele reúne em si várias influências: mouriscas, góticas e manuelinas.
Pode caraterizar-se como uma fusão de arquitetura militar e de residência apalaçada, com planta retangular, quatro torreões cilíndricos que se orientam em função dos quatro pontos cardeais.
Em 1917, passou para património do Estado português, tendo antes disso sido habitado por dezasseis famílias de barões. Desde 1993 que este castelo é uma pousada histórica, inserida na rede das Pousadas de Portugal.
Coordenadas: 38° 15.471′ N 7° 59.512′ O
Castelo de Ansiães
Perto de Carrazeda, no cimo de um monte, é possível encontrar as ruínas do castelo de Ansiães. A ocupação deste território terá ocorrido há mais de 5000 anos, mas a data de construção deste castelo remonta ao século III a.C.
A fortificação estende-se por cerca de 9500 hectares, contando com o castelo, as ruínas e as habitações da povoação que aí residia.
A muralha é oval e possui cinco torreões e três portas assinaladas, uma das quais a chamada Porta da Traição. No complexo, é ainda visível a Igreja de S. Salvador, anexa à Capela de Santa Maria.
Este território foi oferecido pelo rei D. Fernando a João Rodrigues Porto Carreiro, favorável a Castela, durante a crise de 1383-85. Por esse motivo, foi expulso da região pela população local, tendo D. João I doado aquele território às suas gentes, pelo patriotismo demonstrado.
Coordenadas: 41° 12.184′ N 7° 18.354′ O
Castelo de Marialva
Sobre este castelo e as suas muitas ruínas, Saramago, Nobel português da literatura, escreveu algumas palavras na sua obra “Viagem a Portugal”:
“Neste largo onde está a cisterna, onde o pelourinho está, dividido entre a luz e a sombra, adeja um silêncio sussurrante. Há restos de casas, a alcáçova, o tribunal, a cadeia, outros que não se distinguem já, e é este conjunto de edificações em ruínas, o elo misterioso que as liga, a memória presente dos que viveram aqui, que subitamente comove o viajante, lhe aperta a garganta e faz subir lágrimas aos olhos”.
Datado originalmente da época da fundação de Portugal, o castelo manteve-se em boas condições até meados do século XVIII, fruto de várias restauros. Porém, em 1758, devido às ligações do marquês de Távora à suposta tentativa de regicídio de D. José, o castelo acabou por cair no abandono, já que o edifício era propriedade da família Távora. .
Como acontece com muitos destes edifícios, o Castelo de Marialva também está associado a uma lenda, a Lenda da Dama dos Pés de Cabra.
Coordenadas: 40° 54.815′ N 7° 13.919′ O
Castelo de Mértola
Mértola é um destino cheio de história e de património. Por ali passaram romanos, mouros e é nessa altura que este castelo se ergueu. Mais tarde, já em finais do século XIII, foi erguida a sua Torre de Menagem.
Trata-se por isso de uma construção cheia de influências. À entrada do castelo é possível observar a estátua de Ibn Qasi, um muladi ou descendente de cristãos convertidos, de origem romana.
Esta figura terá tido uma vida ligada a esta vila, a qual conquistou aos almorávidas em 1144. Era tido como um homem justo e milagroso e, por isso, considerado como um chefe espiritual e protetor.
Coordenadas: 37° 38.278′ N 7° 39.864′ O
Castelo de Montemor-o-Novo
Este castelo tinha, originalmente, 2 km, tendo sido dos maiores do nosso país. Ele possuía quatro torres, dezanove torreões e quatro portas. Atualmente, o seu aspeto está muito modificado pois, devido ao terramoto de 1755, as suas pedras foram reutilizadas em reconstruções e, por isso, hoje apenas há partes da muralha, três torres e três portas.
No seu interior, foi recuperada a Igreja de S. Tiago (transformada no Centro Interpretativo do Castelo), as ruínas do Paço dos Alcaides (ou Paço Real), a Igreja de S. João Baptista e a Igreja de Santa Maria do Bispo.
O valor simbólico deste castelo é grande, pois foi nele que D. Manuel I decidiu enviar Vasco da Gama rumo à sua viagem até à Índia.
Coordenadas: 38° 39′ N 8° 13′ O
Castelo de Montemor-o-Velho
Este é outro castelo cuja origem é anterior à própria fundação do nosso país. Ele terá sido conquistado em 848 por Ramiro I das Astúrias e pelo seu tio, o Abade João do Mosteiro de Lorvão.
Posteriormente, Ramiro deixou o castelo ao tio que, para o defender, deu origem à macabra Lenda do Abade João. Mas esta não é a única história dramática associada a este espaço. Foi na sua alcáçova que, em 1355, D. Afonso IV e os seus conselheiros se reuniram para decidirem o fim trágico de D. Inês de Castro: a sua cruel morte.
Este é um dos maiores castelos do país e encontra-se em muito bom estado de conservação. No seu interior, podemos encontrar ainda a Igreja de Nossa Senhora da Alcáçova. Uma das portas da barbacã tem o curioso nome de Porta da Peste.
Coordenadas: 40° 10.546′ N 8° 40.987′ O
Castelo de Mourão
O castelo de Mourão fica junto ao Alqueva, pelo que as vistas a partir deste edifício são magníficas. Estima-se que a sua data de construção ronde os séculos XIII e XIV. Atualmente, do castelo, sobrevive sobretudo a sua muralha, a qual combina xisto, mármore e granito e que liga seis torres quadradas.
No século XVIII, este edifício foi fortificado com baluartes, embora discretos e pouco visíveis na paisagem envolvente. A vila de Mourão foi entregue por D. Dinis a D. Raimundo de Cardona, para que este protegesse a fronteira. Só que em 1317, ele acabou por levar a vila a leilão para angariar dinheiro e, assim, a localidade foi comprada por 11.000 libras. Porém, D. Dinis interveio e decretou que a vila fosse à casa real.
Coordenadas: 38° 23.103′ N 7° 20.804′ O
Castelo de Penedono
Este castelo foi construído em granito e xisto e possui planta hexagonal irregular com ameias piramidais, o que lhe confere um elevado grau de originalidade.
Data do século X, tendo pertencido a D. Chamôa Rodrigues (que dá nome à torre do edifício), sobrinha de Mumadona Dias, fundadora do Castelo de Guimarães.
Há ainda quem designe este castelo de Castelo do Magriço, devido à alcunha dada a Álvaro Fernandes Coutinho, um dos “Doze de Inglaterra”, referido por Camões no canto VI dos Lusíadas.
O Castelo de Penedono é ainda associada a uma lenda, a de uma moura bela e rica, a Lenda das Duas Pedras.
Coordenadas: 40° 59.403′ N 7° 23.639′ O
Castelo de Penha Garcia
A partir deste Castelo, temos acesso a outra paisagem deslumbrante e que merece toda a nossa atenção. Estima-se que este edifício tenha sido construído durante o reinado de D. Sancho I, sendo mais tarde doado aos Templários.
É mais um castelo que fica na fronteira e cujas muralhas ajudaram na proteção do território contra os vários exércitos inimigos que tentaram invadir e atacar o nosso país. Associada a este edifício, existe a Lenda do Penhor da Justiça, que defende que o fantasma decepado do alcaide D. Garcia continua a passear-se por lá…
Coordenadas: 40° 04′ 28″ N 7° 01′ 59″ O
Castelo do rei Wamba
Também chamado de Castelo de Ródão, foi aqui que, no século VII, viveu Wamba, o último grande rei dos Visigodos. É impossível falar deste castelo sendo contar a lenda acerca de um suposto triângulo amoroso entre Wamba, a sua mulher e um rei muçulmano.
Deste complexo, sobrevive uma torre, que oferece uma vista ímpar e privilegiada sobre o rio Tejo e as Portas de Ródão.
Coordenadas: 39° 38.852′ N 7° 41.419′ O
Conheça a história de alguns castelos portugueses:
- Montemor-o-Velho, o castelo mais antigo de Portugal
- Castelo de Santa Maria da Feira: a obra emblemática da arquitetura medieval
- Castelo do Adriano: construiu com os filhos um castelo de sonho em Portugal
Castelo de Trancoso
Este edifício inclui-se no grupo de castelos que, construído cerca do século X, teve como principal missão proteger o território português dos ataques dos mouros e de outros invasores.
Este castelo também foi propriedade de D. Chamôa Rodrigues. Este edifício mantém caraterísticas do século X, como a porta de entrada da atual torre de menagem, a qual exibe um arco de ferradura moçárabe. Além disso, este castelo apresenta uma forma e uma técnica de construção diferentes dos das torres dos castelos românicos.
Por aqui, também se contam muitas lendas, como é o caso das profecias de Bandarra ou a lenda de João Tição, um soldado que terá pregado uma partida aos mouros, durante um cerco ao castelo, mas que cujo resultado não foi o melhor…
Coordenadas: 40° 04′ 28″ N 7° 01′ 59″ O
Se ficou tão surpreendido como nós ao descobrir tantos castelos, histórias e lendas, faça-se à estrada e comece a explorar património por descobrir que ainda existe no nosso país.
Deixe-se levar pela beleza, a austeridade e o encanto destes edifícios, onde no passado tantos e tantos momentos importantes da nossa história ocorreram. Descubra o Portugal que permanece desconhecido para tantos de nós…
Feliz por ler todas estas escritas sobre elementos que fizeram parte da história do nosso passado e são preciosidades deste “Nosso Belo País á Beira-Mar Plantado”.
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