Durante a visita de Estado do presidente dos Estados Unidos ao Reino Unido, um detalhe chamou particularmente a atenção: no banquete de gala servido no Castelo de Windsor, foi escolhido um vinho português de exceção — um Porto Vintage Warre’s 1945. Avaliado em quase dois mil euros por garrafa, este néctar carregado de história foi o digestivo que encerrou a refeição.
A escolha não foi inocente. O ano de 1945, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial e o início de uma nova era de reconstrução, foi também usado como simbologia para assinalar Donald Trump como o 45.º presidente dos Estados Unidos. Servir um cálice deste vinho raríssimo foi, assim, um gesto carregado de significado diplomático e cultural.

Um vinho português que simboliza prestígio e tradição
Segundo a ABC, tratou-se de um Porto Vintage Warre’s 1945, considerado uma das colheitas mais icónicas do século XX. Este vinho, de tom intenso e estrutura robusta, pertence à prestigiada Symington Family Estates e destaca-se como um verdadeiro emblema da enologia portuguesa.
No website da Garrafeira Nacional, a garrafa está listada por 1.950 euros, embora conste como indisponível, precisamente pela raridade e procura. Trata-se de um Porto Ruby Vintage com 20% de teor alcoólico, ideal para ser servido entre os 16ºC e os 18ºC.
A própria marca Warre’s carrega séculos de história. Fundada em 1670, foi a primeira companhia inglesa de vinho do Porto a estabelecer-se em Portugal.
No final do século XVIII já liderava as exportações deste vinho único e, ao longo dos tempos, a sua trajetória confundiu-se com a própria história do Porto. Servir um Warre’s 1945 numa mesa de gala é, por isso, muito mais do que um gesto de requinte: é afirmar a relevância mundial da tradição vinícola portuguesa.
O que foi servido no jantar no Castelo de Windsor
O banquete, realizado no imponente Castelo de Windsor, reuniu cerca de 160 convidados de destaque, incluindo líderes de empresas tecnológicas como Tim Cook (Apple), Demis Hassabis (Google DeepMind) e Sam Altman (OpenAI). Também estiveram presentes figuras de peso como Pascal Soriot (AstraZeneca) e o lendário golfista Nick Faldo. A princesa Kate Middleton marcou igualmente presença, reforçando a dimensão simbólica do evento.
O menu, fiel à tradição dos jantares de Estado, foi apresentado em francês. Iniciou-se com Panna Cotta de Cresson et Oeufs de Caille sur Sablé de Parmesan — uma delicada panna cotta de agrião acompanhada de bolinhos de parmesão e salada com ovo de codorniz.
Seguiu-se frango desossado, servido com curgete, tomilho e um molho aromático. Para sobremesa, os convidados degustaram um gelado de baunilha com sorbet de framboesa e ameixas frescas.
A carta de vinhos foi igualmente impressionante:
- Wiston Estate, Cuvée, 2016
- Domaine Bonneau de Martray, Corton-Charlemagne, Grand Cru, 2018
- Vinhedos Ridge, Monte Bello, 2000
- Pol Roger, Extra Cuvée de Réserve, 1998
Mas foi, sem dúvida, o Porto Vintage Warre’s 1945 que fechou a refeição com chave de ouro, elevando a noite ao patamar de um verdadeiro encontro entre culturas e histórias.
A ausência temporária de Camilla e o regresso ao lado do rei Carlos III
Embora o jantar tenha decorrido com grande pompa, registou-se um detalhe relevante na agenda da realeza britânica. A rainha Camilla tinha falhado o funeral da duquesa de Kent, realizado na Catedral de Westminster, devido a uma sinusite aguda.
O Mirror noticiou que Camilla sofre de sinusite crónica, condição que pode agravar os sintomas e prolongar os períodos de recuperação. Felizmente, conseguiu estar presente neste jantar de Estado, marcando novamente a sua presença pública ao lado do rei Carlos III e reforçando a união da monarquia britânica em momentos protocolares de grande simbolismo.
O impacto simbólico de servir um vinho do Porto num jantar de Estado
Tal como refere o Notícias ao Minuto, este episódio mostra como o vinho do Porto continua a ser uma referência mundial de excelência e sofisticação. Mais do que uma bebida, é um símbolo de identidade portuguesa, presente nas mesas mais exclusivas e capaz de impressionar figuras da política, da economia e da cultura mundial.
Servir um Warre’s 1945 no Castelo de Windsor não foi apenas uma escolha enológica: foi também um gesto de afirmação do património português, um brinde à história e à diplomacia, e uma lembrança de que Portugal tem, no seu vinho, uma das maiores expressões de prestígio global.
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