A vespa asiática é uma espécie invasora que tem causado muita preocupação. Aprenda informações essenciais para identificar e agir em relação a esta espécie. No território português, tem existido um aumento significativo de ninhos da vespa asiática. Esta realidade tem deixado muita gente preocupada, especialmente em zonas urbanas. Embora estas vespas e as vespas europeias apresentem riscos semelhantes para a saúde humana, convém saber como distinguir ambas as espécies.
No presente artigo, irá aprender muito sobre a primeira espécie e como proceder em caso de picada, para minimizar os efeitos negativos.
Vespa asiática: como identificar e agir
A vespa asiática
Esta vespa é também conhecida como vespa velutina. Esta é uma espécie exótica invasora oriunda do sudeste asiático, introduzida na Europa (França) em 2004 e que chegou ao norte de Portugal em 2011. Ela consiste numa espécie carnívora e predadora da vespa europeia (igualmente reconhecida como vespa crabro).
A vespa asiática instala-se especialmente em áreas urbanas e periurbanas. Esta espécie representa uma ameaça à sustentabilidade da apicultura nacional, podendo gerar consequências negativas na produção de mel e na produção agrícola. No entanto, a vespa asiática também pode apresentar alguns riscos para a população.
Como distinguir a vespa asiática da vespa europeia?
Enquanto a vespa asiática se destaca pela sua cor predominantemente preta, apresentando ainda uma faixa laranja no abdómen e uma faixa amarela no primeiro segmento abdominal, a vespa europeia apresenta um abdómen predominantemente amarelo, com faixas pretas. A vespa asiática apresenta uma cabeça laranja, enquanto a vespa europeia apresenta uma cabeça amarela vista de frente e vermelha vista de cima.
A vespa asiática tem patas amarelas e mede entre 17 e 32 milímetros. A vespa europeia apresenta o tórax e as patas pretas e vermelhas acastanhadas. As vespas obreiras da vespa europeia medem entre 18 e 23 milímetros, enquanto as vespas rainhas desta espécie medem entre 25 e 33 milímetros.
Embora a vespa europeia possa ser confundida com a vespa asiática, ela distingue-se pelo abdómen mais amarelo e pelo tórax, cabeça e patas castanho-avermelhadas. Os ninhos primários de vespas asiáticas podem confundir-se com ninhos de vespa comum (vespula germânica e vespula vulgaris). No entanto, uma observação das obreiras pode ajudar a fazer a distinção.
O ninho primário da vespa asiática é esférico, feito de celulose. Na primavera, as rainhas fundadoras elaboram ninhos primários. Este ninho de pequenas dimensões apresenta cerca de 5 a 10 cm de diâmetro e uma abertura no fundo. Normalmente, ele encontra-se presente em locais abrigados (frequentemente em edifícios).
No verão, a colónia elabora e amplia o ninho definitivo. Estes ninhos, também conhecidos como ninhos secundários, são esféricos, mas também pode encontrá-los em forma de pera.
O ninho definitivo normalmente encontra-se em copas de árvores e apresenta entrada lateral. Este ninho é grande. As suas dimensões vão de 60 a 80 centímetros. Cerca de 73% dos ninhos, encontra-se em árvores acima dos 10 metros de altura.
Não tente proceder à destruição de ninhos de vespa asiática por conta própria! As vespas reagem agressivamente quando são perturbadas. Elas são ainda mais reativas quando se encontram nas proximidades do ninho. Por isso, apenas profissionais qualificados devem realizar a destruição desses ninhos.
Na vespa europeia, o ninho encontra-se em local sombrio. Os ninhos arbóreos desta espécie estão normalmente situados no interior dos troncos, apresentando entrada ampla na base.
Os perigos
Não se pode defender taxativamente que as vespas asiáticas sejam particularmente mais perigosas do que outras espécies (nomeadamente, as vespas europeias) para o ser humano.
No entanto, as vespas asiáticas apresentam determinados aspetos que justificam um número mais elevado de reações alérgicas. Em determinados casos, a reação alérgica à picada das vespas asiáticas pode levar a um choque anafilático que pode originar a morte, se não for tratado com celeridade.
As vespas asiáticas apresentam um caráter substancialmente agressivo. Esta espécie reage em grupo. Quando sentem os ninhos ameaçados, elas atacam o “agressor” (da pessoa que ameaça o ninho). Estas vespas mantêm a perseguição desta pessoa ao longo de algumas centenas de metros.
O comprimento do ferrão desta espécie consegue atingir os vasos sanguíneos superficiais. O facto de o ataque ser realizado em grupo permite multiplicar a quantidade de potenciais picadas. A quantidade de veneno injetado numa picada é multiplicado, aumentando o veneno injetado.
Dada a crescente presença das vespas desta espécie em zonas urbanas, existe uma probabilidade maior de contacto com humanos. As vespas asiáticas são bastante mais perigosas.
Quando há picadas repetidas ou em contextos em que a pessoa picada tem uma reação alérgica ao veneno destas vespas, sofre sintomas graves e, no pior dos casos, resulta num choque anafilático.
Como se identifica um choque anafilático?
Existem alguns sinais que nos permitem perceber que se está perante um choque anafilático. É possível desencadear-se uma reação a envolver o organismo todo em casos de alergia severa ao veneno das vespas. Aliás, a reação até pode ser fatal para a vítima da picada.
Em regra, a reação na vítima ocorre no período de 1 hora, após o indivíduo ser picado. No entanto, ela pode iniciar-se após alguns minutos. Essa reação pode resultar na morte do paciente, se não existir intervenção médica urgente.
Quais os sinais de alerta do choque anafilático:
- Sensação de comichão generalizada, especialmente nas solas dos pés e nas palmas das mãos;
- Urticária, isto é, uma erupção cutânea, com o surgimento de pequenas lesões rosadas ou avermelhadas (pápulas), acompanhadas de uma sensação de queimadura ou comichão;
- Angiodema, manifestada através do inchaço das zonas onde a pele se encontra menos esticada, nomeadamente nas pálpebras, nos lábios, na face e no pescoço. Se o inchaço afetar a laringe, o angiodema pode mesmo originar asfixia;
- Dificuldade em respirar, o que se deve à constrição dos brônquios;
- Náuseas, vómitos ou espasmos abdominais;
- Tonturas ou perda de consciência, que acontecem devido à descida brusca da tensão arterial;
- Estado de choque, apresentação de pulso acelerado, ritmo cardíaco irregular e palidez.
Se sentir algum dos sintomas descritos, peça a alguém que o leve ao hospital ou ligue para o 112 de imediato. Se estiver perante uma vítima, tome essa iniciativa.
Como intervir em caso de picada de vespa asiática?
Primeiro, não aperte a zona atacada, nem deve usar uma pinça, para evitar espalhar o veneno da vespa asiática.
Deve fazer uma lavagem da área da picada com água e sabão.
Depois, arrefeça a área afetada para atenuar a dor e o inchaço. Pode utilizar uma compressa fria ou gelo envolto num pano.
Se for necessário, tome um analgésico (paracetamol ou ibuprofeno são opções válidas para tomar).
Recorra de imediato a um médico, se sofrer uma alergia como reação à picada destes insetos. Faça-o se sentir dificuldade em respirar ou sentir a pressão arterial baixar.
Sem gerar alarmismo ou pânico, há que ter prudência com este inseto e não se aproximar é a melhor maneira de se proteger do seu ataque.