Vasco da Gama, o homem que descobriu o caminho marítimo para a Índia e deu a Portugal um domínio do mercado das especiarias.
Ao longo da história de Portugal, muitos foram os acontecimentos marcantes. A descoberta de novos mundos para o mundo revelou-se uma das etapas mais douradas da nossa história. Ajudando o país a estabelecer o seu domínio num mercado importante na época, o das especiarias, Vasco da Gama foi um dos grandes nomes da história de Portugal.
O português que mudou o mundo e deu início à globalização
Vasco da Gama (1469-1524)
Quem foi Vasco da Gama? O homem que ficou para a história por ser um navegador de excelência nasceu em 1469 na cidade de Sines, na região do Alentejo. Vasco da Gama foi um filho ilegítimo de Estevão da Gama (que era casado com Dona Maria Isabel Sodré) que era alcaide-mor em Sines.
Vasco da Gama seguiu os passos do pai e em 1480 juntou-se à Ordem de Santiago. Nessa época, o Príncipe João era o mestre da ordem, mas pouco depois, em 1481, ele assumiu a coroa. Assim, ascendeu ao trono, enquanto Rei D. João II. Este Rei reconhecia a Ordem de Santiago como tendo uma importância elevada, algo que permitiu a Vasco da Gama beneficiar de um contexto que lhe era favorável.
O Rei D. João II
Ao longo do seu reinado, D. João II foi responsável pela realização de várias reformas. Ele pretendia acabar com a dependência (da coroa) da nobreza feudal. Assim, visou criar um tesouro real.
D. João II levou ao crescimento do comércio de ouro e de escravos. No entanto, o Rei pretendia entrar no comércio lucrativo das especiarias, que estava a ser feito por terra.
O contexto
Muitos tentaram, poucos conseguiram, mas só um foi bem-sucedido, Vasco da Gama.
Ao longo de várias décadas, milhares de pessoas morreram, fruto das tentativas frustradas de chegar à Índia pois, nessas tentativas, dezenas de barcos foram destruídos.
A República de Veneza encontrava-se a dominar grande parte das rotas comerciais entre a Europa e a Ásia. O comércio encontrava-se bastante limitado e os custos tinham aumentado desde a tomada de Constantinopla pelos Otomanos.
O plano do Rei
Vasco da Gama era ainda um homem novo quando procurava materializar os seus planos.
Primeiro, enviou Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva numa missão de forma a descobrir os caminhos das especiarias, decorria o ano 1487.
O caminho da descoberta foi feito via Barcelona, Nápoles e Rodes, até chegar à Alexandria que serviria de porta para Aden, Ormuz e Índia. Bartolomeu Dias havia regressado, depois de ter feito a sua travessia pelo Cabo da Boa Esperança.
Ele explorou o “Rio do Infante” (Great Fish River, que se encontra na África do Sul) e constatou que a costa desconhecida se estendia para nordeste. Assim, era necessário um navegador que conseguisse fazer a ligação entre o que foi explorado por Bartolomeu Dias e também por Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva.
Deste modo, facilmente se conseguiria iniciar uma rota de comércio marítimo via Oceano Índico, que potencialmente poderia ser bastante lucrativa!
O primeiro
Vasco da Gama tinha condições para assumir esta importante missão. A descoberta do caminho marítimo para a Índia concedeu ao navegador português um estatuto diferente. Foi a primeira pessoa a chegar à Índia e é uma figura relevante da nossa longa história.
A viagem
O início da viagem foi em julho de 1497, sendo que ocorreu até 1499. Este momento revelou-se histórico, pois foi a primeira viagem a unir por mar a Europa à Ásia.
Vasco da Gama foi o criador da primeira rota marítima entre os Oceanos Atlântico e Índico. Ele conseguiu estabelecer a ligação direta entre o ocidente e o oriente, dando início a uma nova era de globalização. Ele partiu com quatro navios, de Belém, muito provavelmente da zona onde atualmente a Torre de Belém se encontra.
O desafio
Muitos tinham tentando, mas ninguém tinha conseguido… até então. O desafio era árduo!
Esta foi a viagem mais longa da época. Superar um desafio desta envergadura tinha o aliciante da fama, de ser o primeiro, de fazer o inédito, e tinha também o proveito da riqueza inerente.
O sucesso da operação deu a Portugal acesso às rotas de especiarias, o que proporcionou à coroa portuguesa um importante poder económico, realidade que ajudou a impulsionar a expansão do império português.
A expedição
A rota seguida já tinha sido velejada pelos anteriores exploradores ao longo da costa de África, num percurso feito através de Tenerife e do Arquipélago de Cabo Verde. No entanto, Vasco da Gama desviou-se para o sul depois de atingir a costa da atual Serra Leoa, indo em mar aberto, cruzando a linha do Equador.
Ele enfrentou os ventos vindos de oeste do Atlântico Sul, os mesmos que já tinham sido identificados por Bartolomeu Dias, em 1487. A manobra de “volta do mar” foi um sucesso pois, em novembro de 1497, a expedição encontrava-se novamente no litoral africano.
Os navios navegaram durante mais de três meses. Foi a viagem em alto mar mais longa até então, representando mais de 6.000 km em mar aberto.
O sucesso
No dia 20 de maio de 1498, a frota chegou a Kappakadavu, que se encontrava próxima de Calecute, no atual estado indiano de Kerala. Foi assim que ficou estabelecida a Rota do Cabo. Um momento histórico que deixou aberto o caminho marítimo para a Índia.
Vasco da Gama encontrou-se com Samutiri Manavikraman Rajá, o governador local, Samorim de Calecute. O objetivo era estabelecer um acordo comercial. No entanto, as negociações comerciais não foram tão favoráveis assim, não se tendo chegado ao pretendido acordo. Vasco da Gama regressou (em 1499) e a sua viagem foi vista como um sucesso. Por isso, o navegador português recebeu o título de “almirante-mor dos Mares das Índia”. Além disso, ainda lhe foi concedida uma renda de 300 mil réis anuais, que passaria para os filhos que tivesse.
Vasco da Gama
Vasco da Gama comandou outras expedições posteriormente. Devido às dificuldades enfrentadas por Pedro Álvares Cabral, em fevereiro de 1502, o navegador Vasco Da Gama liderou uma nova expedição.
Desta vez contou com uma frota de vinte navios de guerra. Ele tinha a missão de fazer cumprir os interesses do reino no Oriente. Regressou ao reino com muito ouro, em setembro de 1503. Em 1524, seguiu-se outra viagem para o subcontinente indiano, com o objetivo de substituir Duarte de Meneses.
No entanto, pouco depois de chegar a Goa, Vasco da Gama contraiu malária, tendo morrido na cidade de Cochim, era véspera de Natal, em 1524. Ele foi sepultado na Igreja de São Francisco.
A morte e homenagens
Em Sines, existe uma estátua em honra de Vasco da Gama que se encontra propositadamente virada para o oceano. O Mosteiro dos Jerónimos foi construído logo após a viagem do Vasco da Gama, com os primeiros lucros do comércio das especiarias.
Em 1880, data em que ocorreu a trasladação de Vasco da Gama para o Mosteiro dos Jerónimos, ficou ao lado do túmulo de Luís Vaz de Camões. A ponte mais comprida de Portugal tem o nome de Vasco da Gama.
Gostei de ler este artigo sobre a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, no entanto,
quando frequentei em 1977,o primeiro ano de economia na Universidade Nova de Lisboa, recebi, entre outras,
uma sebenta de História em que estava escrito que antes
do Vasco da Gama, tinha havido 7 armadas que
tentaram sem sucesso.
Gostaria que me informassem se realmente isso aconteceu.
Muito obrigado.
Quanta novidade! Adorei ler o argito.