Uma nave espacial a caminho? Na noite de 1 de julho, um acontecimento intrigante deixou a comunidade científica em alerta e as redes sociais ao rubro: astrónomos detetaram um objeto celeste invulgar a atravessar o espaço a uma velocidade impressionante, dirigindo-se na direção do Sol. Batizado de 3I/ATLAS, este visitante cósmico não é um simples pedaço de rocha perdido no vazio — a sua trajetória revela algo extraordinário: trata-se de um objeto interestelar, vindo de fora do nosso Sistema Solar.
A descoberta foi suficiente para que, em poucos dias, rumores sobre vida extraterrestre começassem a multiplicar-se. Alguns acreditam que o 3I/ATLAS possa ser, na verdade, uma nave espacial enviada por uma civilização avançada, com destino à Terra… e com chegada prevista já em novembro. Mas será que há fundamento para este cenário digno de ficção científica?
3I/ATLAS: o visitante mais rápido e misterioso do Sistema Solar
Não é a primeira vez que recebemos visitantes do espaço interestelar. Antes dele, o famoso ʻOumuamua (2017) e o cometa Borisov (2019) já tinham intrigado a comunidade científica. Mas o 3I/ATLAS apresenta características que superam tudo o que foi visto até agora.
Para começar, viaja a 245 mil quilómetros por hora, tornando-se o corpo celeste mais rápido alguma vez observado no nosso Sistema Solar. Além disso, tem um tamanho colossal: cerca de 20 quilómetros de diâmetro e uma massa capaz de eclipsar qualquer cometa comum.
Os cálculos sugerem que o 3I/ATLAS é cerca de 3 mil milhões de anos mais velho do que o próprio Sol, o que significa que carrega consigo a história de um tempo anterior à formação do nosso planeta. Esta antiguidade e a sua velocidade estonteante são precisamente dois dos fatores que alimentam as teorias mais ousadas.
A rare interstellar visitor is passing through. ☄️
Comet 3I/ATLAS was spotted on July 1, but it’s not from around here. It came from outside our solar system and is only the 3rd known interstellar comet.
Astronomers are studying it before it disappears. https://t.co/Kr6mwPQY6h pic.twitter.com/HxHsVvoY5G
— NASA JPL (@NASAJPL) July 9, 2025
A hipótese extraterrestre que incendiou as redes sociais
Foi um artigo ainda não revisto por pares, assinado por Avi Loeb, astrofísico de Harvard, e dois colegas britânicos, que lançou gasolina para a fogueira. A equipa sugeriu que este objeto poderia não ser apenas um cometa, mas sim uma “assinatura tecnológica” — possivelmente uma sonda ou nave espiã enviada por uma civilização distante.
Para Loeb, mesmo que a probabilidade seja baixa, é importante considerar cenários alternativos. Afinal, nós próprios já enviámos sondas interestelares, como as Voyager 1 e 2, para além das fronteiras do Sistema Solar. Então, porque não admitir que outra civilização poderia fazer o mesmo?
Ainda assim, muitos cientistas defendem que o 3I/ATLAS apresenta todas as características de um cometa “normal”, embora extremamente rápido e proveniente de outro sistema estelar.
Como distinguir um cometa natural de uma nave extraterrestre
De acordo com a astrofísica Sara Webb, existem sinais claros que podem indicar se um objeto espacial é artificial:
- Emissão de sinais de rádio — forte indício de tecnologia.
- Reflexos metálicos ou flashes elétricos provocados pela luz solar.
- Mudança autónoma de trajetória ou manobras deliberadas.
- Estacionamento em órbita estável perto de um planeta.
Por enquanto, o 3I/ATLAS não apresenta nenhuma destas evidências. A sua coma brilhante de 24 km, composta por gelo, gás e poeira, é típica de um cometa.
Será perigoso para a Terra?
Apesar das manchetes sensacionalistas, o 3I/ATLAS não representa qualquer ameaça direta. O ponto de maior aproximação à Terra será em 19 de dezembro de 2025, a cerca de 270 milhões de quilómetros — quase o dobro da distância entre o nosso planeta e o Sol, explica o Euronews.
O momento mais próximo do Sol acontecerá a 30 de outubro de 2025, o que permitirá aos astrónomos estudá-lo com mais detalhe e talvez resolver de vez este mistério.
Entre a ciência e a imaginação
O 3I/ATLAS pode muito bem ser apenas um mensageiro gelado de um tempo remoto, atravessando o nosso quintal cósmico antes de regressar ao abismo interestelar. Mas a sua presença recorda-nos algo essencial: o Universo é vasto, misterioso e repleto de surpresas.
E, mesmo que este não seja o primeiro contacto com outra civilização, a simples possibilidade mantém viva uma das mais profundas perguntas da humanidade:
Estamos sozinhos?