Portugal continental prepara-se para enfrentar a força da natureza com a aproximação da tempestade pós-tropical Gabrielle, que já deixou marcas profundas nos Açores e agora se dirige para o território continental. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu aviso laranja para cinco distritos e a Autoridade Marítima Nacional alerta para condições meteorológicas e marítimas extremamente adversas.
Depressão Gabrielle chega ao continente com força redobrada
A Gabrielle, inicialmente prevista para passar pelos Açores como furacão de categoria 1, transformou-se em tempestade pós-tropical, mas nem por isso perdeu intensidade.
No arquipélago, foram registadas 196 ocorrências, incluindo quedas de árvores, inundações, danos em infraestruturas e dezenas de pessoas realojadas.
Apesar de não se terem registado vítimas, os estragos evidenciam o poder destrutivo desta tempestade.
Agora, o continente prepara-se para enfrentar a sua chegada, que promete ser marcada por chuva intensa, ventos fortes e mar alteroso.
Ondas gigantes e ventos devastadores
O mar será um dos grandes protagonistas desta tempestade. A Autoridade Marítima Nacional prevê ondas de sete metros de altura significativa, podendo atingir os 12 metros nos picos máximos.
Estas massas de água têm um poder arrasador, capazes de arrastar carros, destruir molhes e surpreender até os mais experientes pescadores e surfistas. Paralelamente, ventos que podem atingir 150 km/h em rajadas levantam o risco de queda de árvores, postes de eletricidade e telhados, com impacto direto na segurança das populações e no funcionamento das infraestruturas.
IPMA eleva risco para aviso laranja
Os distritos de Faro, Setúbal, Lisboa, Leiria e Beja encontram-se sob aviso laranja, numa escala em que apenas o vermelho é mais grave. As previsões apontam para ondas entre 5 e 6 metros, com máximos de 11 metros.
Já Porto, Braga, Aveiro e Coimbra estão sob aviso amarelo, com previsão de ondas entre 4 e 5 metros, que ainda assim representam um risco elevado. Estes alertas estarão em vigor entre sábado à noite e domingo de manhã, sendo um período considerado crítico pelas autoridades.
Autoridades pedem máxima precaução
Perante este cenário, as autoridades reforçam que a prudência é essencial. A recomendação é clara: evitar passeios em zonas costeiras como arribas, falésias e molhes, onde uma onda inesperada pode arrastar pessoas em segundos. A Marinha e a AMN alertam ainda para o reforço da amarração de embarcações, a vigilância apertada em barcos fundeados e a suspensão da pesca lúdica, sobretudo em locais de rebentação intensa. O apelo é ao bom senso coletivo, porque cada gesto de precaução pode salvar vidas.
Açores: um retrato do que pode acontecer
A passagem da Gabrielle pelos Açores serve de aviso. No Faial, foram registadas 52 ocorrências, com seis pessoas realojadas devido a danos em habitações. Em São Caetano, na ilha do Pico, 16 casas foram afetadas numa das situações mais graves.
Em São Jorge, as Velas também sentiram a força da tempestade, tal como a Praia da Vitória, na Terceira, onde houve 23 ocorrências e famílias foram retiradas das suas casas por precaução.
A Proteção Civil mobilizou centenas de operacionais e dezenas de viaturas para dar resposta. O que aconteceu nas ilhas é uma antevisão daquilo que pode acontecer no continente, caso a população não adote medidas de autoproteção.
Domingo de risco elevado
As previsões meteorológicas apontam para um domingo particularmente complicado. No litoral oeste e nas regiões centro e sul, esperam-se aguaceiros fortes, acompanhados de trovoada.
Nas terras altas, os ventos podem intensificar-se ainda mais, aumentando a probabilidade de quedas de árvores e cortes de energia. A Proteção Civil está em alerta e recomenda que sejam evitadas viagens desnecessárias, sobretudo em estradas próximas da costa ou sujeitas a alagamentos.
O lado humano da tempestade
Muito para além dos números e dos comunicados oficiais, há um lado humano que não pode ser ignorado. A Gabrielle deixa famílias desalojadas, agricultores a braços com culturas devastadas e comunidades inteiras em sobressalto perante o desconhecido.
O mar, que tantas vezes é sinónimo de sustento e lazer, mostra agora a sua face mais cruel e implacável. Este é o momento de solidariedade, de união e de responsabilidade partilhada, para que se possa reduzir o impacto desta tempestade na vida das pessoas.
Conselhos de segurança em caso de tempestade Gabrielle
Para proteger vidas e reduzir danos, a Proteção Civil e a Autoridade Marítima Nacional recomendam:
Para a população em geral
- Evitar deslocações desnecessárias, sobretudo junto ao litoral ou em zonas propensas a inundações.
- Reforçar portas, janelas e telhados para prevenir danos causados pelo vento.
- Retirar objetos soltos de varandas, terraços e quintais, como vasos, mobiliário ou ferramentas que possam ser projetados pelo vento.
- Manter sistemas de escoamento limpos, como caleiras e algerozes, para prevenir inundações.
- Evitar atravessar estradas alagadas, já que a água pode esconder buracos ou arrastar veículos.
Para os marítimos e pescadores
- Reforçar a amarração de embarcações em portos e marinas.
- Recolher ou vigiar embarcações fundeadas para evitar que se soltem com a agitação marítima.
- Evitar toda a atividade de pesca lúdica ou desportiva, sobretudo junto a zonas de rebentação ou molhes.
- Suspender a prática de desportos náuticos, incluindo surf, kitesurf ou mergulho.
- Respeitar as interdições que possam vir a ser impostas pela Autoridade Marítima.
Para situações de emergência
- Tenha sempre à mão lanternas, rádio portátil e pilhas suplentes, em caso de falha elétrica.
- Guarde água potável e alimentos não perecíveis para eventuais situações de isolamento.
- Mantenha o telemóvel carregado e evite chamadas desnecessárias para não sobrecarregar as redes.
- Siga apenas fontes oficiais, como o IPMA, Proteção Civil e Autoridade Marítima Nacional, para informação atualizada.
A importância da prevenção
A Gabrielle recorda-nos, uma vez mais, que a prevenção é a chave para enfrentar fenómenos extremos. Garantir que telhados estão seguros, limpar sistemas de escoamento de águas pluviais, proteger bens materiais e, sobretudo, respeitar as recomendações das autoridades pode fazer a diferença entre uma noite de sobressalto e uma tragédia anunciada. O alerta está lançado: cabe agora a cada cidadão fazer a sua parte.