Passear por Alfama revela-se uma experiência muito agradável. Mas muitos desconhecem que passam por aquele que é considerado o sinal de trânsito mais antigo do mundo…
A capital portuguesa reúne um conjunto vasto de atrações fantásticas que a tornam numa das capitais mais populares da Europa. Além da beleza das paisagens e dos diversos monumentos que estão presentes em Lisboa, há a gastronomia local e as pessoas que recebem bem quem a visita.
Por isso, esta cidade encontra-se entre os destinos mais populares da Europa. Além de colecionar inúmeros elogios expressos em revistas internacionais relevantes na área do turismo, a cidade de Lisboa também já venceu vários prémios.
A cidade lisboeta até tem diversas curiosidades que lhe dão ainda mais charme. Sabe onde se encontra o sinal de trânsito mais antigo do mundo? Adivinhou! É mesmo nessa cidade portuguesa.
O sinal de trânsito mais antigo do mundo está em Lisboa, sabia?
Localização
Esta placa é uma autêntica joia histórica, uma curiosidade irresistível que pode ser encontrada na capital portuguesa. O sinal de trânsito mais antigo do mundo encontra-se numa das ruelas mais famosas de Lisboa. A placa está presente em Alfama, mais precisamente na Rua do Salvador nº 26, mesmo ao pé das Portas do Sol.
Velhos tempos e novos tempos
Antigamente, a Rua do Salvador foi uma importante artéria de Lisboa. Atualmente, a Rua do Salvador é apenas uma pequena artéria que facilita o caminho entre a Rua das Escolas Gerais e a Rua de São Tomé, tornando o trajeto mais rápido. Normalmente, só passa por lá quem for em passeio por Lisboa.
No século XVII, esta rua fazia parte do percurso que ligava o castelo à zona ribeirinha da cidade de Lisboa. Por isso, a Rua do Salvador era uma das mais concorridas da cidade e era frequentemente utilizada por quem tinha afazeres junto da corte.
Placa histórica ignorada
Normalmente, as pessoas com a azáfama do quotidiano e com as constantes solicitações comuns numa cidade como Lisboa até nem reparam no sinal de trânsito. Há tanto para ver na capital que esta placa até pode passar despercebida aos mais distraídos.
O sinal de trânsito mais antigo do mundo pode ser ignorado por muitos, mas é uma placa de grande importância histórica.
História
A colocação
O sinal de trânsito mais antigo do mundo está presente na capital e é uma atração encantadora. Trata-se de uma placa datada de finais do século XVII, com uma inscrição na parede e o sinal de trânsito tem uma mensagem.
Foi o Rei D. Pedro II que o mandou colocar. No sinal de trânsito, está escrito a seguinte mensagem: “Ano de 1686. Sua Majestade ordena que os coches, seges e liteiras que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte”.
Por ordem do rei D. Pedro II foram distribuídos pela capital vários sinais. Entre as 24 placas mandadas colocar pelo rei, esta é a única que sobreviveu até aos nossos dias.
O contexto
Lisboa já era uma capital vibrante em 1668. Na época, Lisboa tratava-se mesmo da capital de um dos reinos mais importantes do planeta. A ela afluíam a nobreza e os mercadores. Uns e outros tinham de partilhar as ruas com os habitantes da cidade, ainda antes do terramoto que abalou a cidade.
As ruas eram bastante estreitas, o que tornava comum os encontros e os desencontros. Basta imaginar duas liteiras ou coches vindos de direções diferentes para tornar inevitável o confronto pois, naquele tempo, ninguém se sentia obrigado a ceder passagem.
Além disso, se os dois se encontrassem a meio do caminho, nenhum queria ceder a passagem. Os animais não têm a mudança marcha atrás. Portanto, fazer recuar os animais revela-se uma tarefa muito difícil.
Conflitos naturais
Ora, existindo uma rua tão estreita onde podiam passar os cocheiros, os liteiros e os lacaios que transportavam os senhores, os problemas surgiam frequentemente. Era comum rebentar uma discussão acesa que tanto podia terminar em pancadaria, como podia ser ainda pior.
Nesses tempos, era comum a honra ser lavada com sangue. Quando as disputas de trânsito ocorriam podiam facilmente tornar-se num caso sério.
Desta forma, a meio da artéria, a Rua do Salvador tinha uma importância capital em Lisboa, mas como era consideravelmente estreita, tornava-se problemática.
O propósito
Esta placa tinha uma intenção, até porque existe um objetivo para qualquer sinal de trânsito. A mensagem colocada nesta placa visava descomplicar o trânsito. A instrução era dada a quem vinha de cima (ou seja, a quem descia) que perdia automaticamente a prioridade em relação a quem estivesse a subir.
O Rei D. Pedro II ordenava assim que a prioridade estivesse em quem viesse a subir a colina, ou seja, quem seguia em direção ao castelo teria prioridade sobre os outros que estivessem a descer. Os que desciam estavam assim obrigados a recuarem até àquela que agora é conhecida como a Rua de São Tomé.
Como se tratava de uma rua estreita, quando havia coexistência de coches, seges e liteiras, o trânsito complicava-se. Ora, nessa época, quando os conflitos surgiam, podia existir um fim trágico. Esses momentos acabavam frequentemente em lutas e duelos. Esta foi a forma que o Rei D. Pedro II encontrou para evitar disputas de trânsito, para impedir que os conflitos estalassem.
Caraterísticas do sinal mais antigo do mundo
Esta placa está presente numa parede à direita de quem sobe. Este sinal apresenta caraterísticas singulares. Esta é uma placa de mármore que tem uma mensagem que foi importante na época em que foi colocada. Agora, serve como mera curiosidade da cidade. Trata-se do sinal de trânsito mais antigo do mundo.
Trânsito infernal
A agitação na capital era de tal ordem que os problemas de trânsito avolumavam-se para números que levaram à necessidade de colocar diversos sinais por Lisboa. D. Pedro II colocou 24 sinais reguladores do trânsito pela cidade, nomeadamente em São Tomé, no Largo de Santa Luzia e na Calçada de Santa Luzia.
O problema do trânsito era mesmo um caso sério na Lisboa setecentista. O rei também criou o equivalente ao Código de Estrada, existindo penalidades para os incumpridores, as quais não eram nada meigas.
Na época, os cocheiros, lacaios ou liteiros foram proibidos de usar armas. Na segunda metade do século XVII, a proibição de utilizar adagas, bordões ou quaisquer outras armas causava impacto. Temia-se que as armas fossem usadas nas discussões de trânsito.
Por isso, foi publicado um édito real para evitar a discórdia, visando estabelecer a prioridade a respeitar em tal situação. Ora, os incumpridores arriscavam-se a penas pesadas. Quem desobedecesse à ordem real, pagaria um valor elevado. A quantia exata era uma exorbitância de 2.000 cruzados de multa. Podia até correr o risco de ser degredado para Pernambuco, Baía ou Rio de Janeiro!