A sexta-feira 13 é considerada, em muitas culturas, um dia de má sorte e infortúnio. A data carrega consigo um peso simbólico de mistérios, superstições e receios que se propagaram ao longo dos séculos. Mas de onde vem essa reputação tão obscura?
O número 13: um símbolo de azar em várias culturas
O número 13, em particular, sempre foi associado a presságios sombrios. Na tradição cristã, ele está ligado à Última Ceia, onde treze pessoas estavam presentes, sendo Judas, o traidor, o décimo terceiro. No livro do Apocalipse, é no capítulo 13 que aparece o número da besta, 666, associado ao anticristo.
Além disso, na Cabala judaica, há referências a 13 espíritos malignos. Já na mitologia nórdica, o deus Loki, uma figura conhecida pela sua astúcia e travessuras, era frequentemente descrito como o “décimo terceiro convidado” indesejado em banquetes divinos.
A sexta-feira: um dia de presságios obscuros
A sexta-feira, por si só, também é vista com desconfiança em várias tradições. Acredita-se que Jesus Cristo foi crucificado numa sexta-feira, e algumas interpretações bíblicas sugerem que Adão e Eva cometeram o pecado original ao sexto dia da semana.
Até mesmo na história bíblica de Caim e Abel, é apontado que o fratricídio ocorreu numa sexta-feira. Este dia da semana, ao longo do tempo, tornou-se um símbolo de finais abruptos e traições.
A união entre a sexta-feira e o número 13
A combinação entre a sexta-feira e o número 13 tem a sua origem num dos eventos mais marcantes da história medieval: a perseguição aos Cavaleiros Templários.

A queda dos Templários: a sexta-feira 13 que marcou a história
A 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, o rei Filipe IV de França ordenou a prisão em massa dos Cavaleiros Templários. A Ordem, que outrora fora uma das mais poderosas e ricas da Europa, foi acusada de heresia, idolatria e outros crimes sem fundamento.
Este ataque foi movido por interesses económicos e políticos, já que o rei francês estava profundamente endividado com os Templários e via a sua extinção como uma oportunidade de tomar os seus vastos bens e riquezas.
Jacques de Molay, o último grão-mestre da Ordem, foi capturado e, anos depois, condenado à morte na fogueira. Antes de morrer, teria lançado uma maldição tanto sobre o rei como sobre o Papa Clemente V, que apoiara a perseguição. Ambos morreram no prazo de um ano, alimentando a crença de que a sexta-feira 13 estava envolta em má sorte e vingança divina.
Outras tragédias associadas à sexta-feira 13
Muito antes da queda dos Templários, a zona dos Guindais, no Porto, foi palco de um desastre a 27 de janeiro de 1879. Uma enorme rocha desmoronou, destruindo prédios e tirando a vida a várias pessoas. Este trágico evento reforçou a ideia de que certas datas e acontecimentos carregam consigo uma aura de infortúnio.
Sexta-feira 13 nos dias de hoje
Apesar de todo o misticismo em torno da sexta-feira 13, o dia não é encarado de forma igual em todas as culturas, refere o Observador. Enquanto em países como Portugal e os Estados Unidos o número 13 é evitado ao ponto de não ser utilizado em andares de edifícios ou filas de aviões, em outras partes do mundo, como a China, é o número 4 que representa má sorte.
Superstição ou realidade?
A sexta-feira 13 pode ser encarada como um símbolo do desconhecido, um reflexo das nossas crenças e receios. Para uns, é apenas mais um dia no calendário; para outros, é uma data que evoca cuidado e atenção redobrada.
Independentemente do significado que atribuímos a esta data, a sua origem histórica e cultural é fascinante e um testemunho do poder que o simbolismo e a tradição têm sobre a nossa visão do mundo. Afinal, será a sexta-feira 13 realmente um dia de azar ou apenas mais um exemplo do mistério que o ser humano atribui ao inexplicável?