A Ryanair, conhecida por ser uma das companhias aéreas mais acessíveis da Europa, volta a estar no centro da polémica com uma nova medida que está a deixar muitos passageiros furiosos. Desta vez, o alvo são aqueles que, por algum motivo, chegam atrasados ao aeroporto. O valor da nova penalização? Uns impressionantes 117 euros – um custo que, para muitos, ultrapassa o preço do próprio voo.
Chegar tarde pode sair muito caro
A nova regra, recentemente implementada, prevê que qualquer passageiro que se apresente menos de 40 minutos antes da hora de partida do voo terá de pagar uma multa de 117 euros.
E atenção: esta penalização mantém-se válida mesmo que o passageiro consiga remarcar o voo para outro horário.
Ou seja, se perder o avião e tentar apanhar o próximo, será penalizado na mesma. Este valor aplica-se a quem chegar até uma hora após a descolagem do voo perdido, mesmo que ainda haja voos disponíveis.
Um duro golpe para os mais desprevenidos
A companhia alega que esta medida visa reforçar a pontualidade e incentivar os passageiros a planearem melhor as suas viagens.
No entanto, para quem enfrenta imprevistos de trânsito, filas nos controlos de segurança ou atrasos nos transportes públicos, esta nova multa pode parecer um castigo desproporcional.
Muitos passageiros consideram esta decisão mais uma estratégia da companhia para capitalizar em cima dos erros alheios, transformando uma eventual distração ou atraso num lucro garantido para a empresa.
Check-in online obrigatório: outra armadilha para os distraídos
Esta política alinha-se com outras medidas controversas da Ryanair. Por exemplo, quem não fizer o check-in online até duas horas antes do voo, terá de o fazer no aeroporto, pagando taxas adicionais.
A empresa tem vindo a pressionar os passageiros para aderirem a processos 100% digitais, reduzindo a interação presencial e as filas nos balcões, mas à custa de penalizações que surpreendem os menos informados.
Planeamento rigoroso: a única forma de escapar às penalizações
Para evitar surpresas desagradáveis, a Ryanair recomenda que os passageiros cheguem ao aeroporto com bastante antecedência, façam o check-in online com vários dias de antecedência e estejam atentos a qualquer mudança de horário ou portão. No entanto, mesmo seguindo todas as orientações, basta um atraso involuntário para que se veja a braços com uma penalização que pode duplicar o custo da viagem.
Ryanair em números: crescimento e controvérsia de mãos dadas
Em março de 2025, a Ryanair bateu mais um recorde ao transportar 15 milhões de passageiros num único mês, operando cerca de 84 mil voos com uma taxa de ocupação média de 93%. A nível anual, a taxa sobe para 94%, o que comprova a força da marca no segmento low-cost europeu.
Apesar destes números impressionantes, os lucros da empresa sofreram uma quebra, atribuída à redução do preço médio dos bilhetes. No entanto, isso não impediu a companhia de reforçar políticas rigorosas que penalizam os passageiros, gerando receitas adicionais com multas e taxas inesperadas.
Mais restrições à vista: álcool debaixo de olho
A Ryanair também propôs novas regras para limitar o consumo de álcool nos aeroportos, uma tentativa de reduzir incidentes com passageiros embriagados a bordo. A medida pretende limitar a duas bebidas alcoólicas por pessoa, com controlo através do cartão de embarque. Segundo a companhia, durante atrasos nos voos “há um consumo excessivo de álcool sem qualquer controlo”.
Low-cost? Sim. Mas cada vez mais com letra pequena
Segundo o Postal do Algarve, a imagem de companhia aérea económica mantém-se, mas a realidade para muitos passageiros é outra: tarifas ocultas, regras rígidas e penalizações avultadas tornam a experiência de voar com a Ryanair uma verdadeira prova de paciência.
Enquanto milhões continuam a optar pela transportadora por causa dos preços baixos, há quem comece a ponderar se o “baixo custo” compensa o stress, a imprevisibilidade e os custos adicionais inesperados.
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