A Ryanair anunciou uma alteração que vai impactar milhões de passageiros em toda a Europa: a bagagem de mão gratuita vai ter dimensões maiores, permitindo agora transportar volumes até 40x30x20 centímetros, em vez do limite anterior de 40x30x15. A mudança representa um aumento de 33% na capacidade e já está implementada em 235 aeroportos onde a companhia aérea low-cost opera.
Mais espaço para os passageiros, mas regras continuam a aplicar-se
Segundo a transportadora irlandesa, esta decisão pretende oferecer maior flexibilidade aos viajantes, ao mesmo tempo que mantém a política de embarque rápido e controlo de custos que caracteriza a Ryanair.
A mala gratuita deverá caber debaixo do assento à frente do passageiro. Quem quiser transportar uma peça adicional, de maiores dimensões, terá de adquirir o serviço de Prioridade de Embarque, que continua a dar acesso ao transporte de duas bagagens na cabine.
O diretor de marketing, Dara Brady, sublinhou que foram instalados novos medidores de bagagem em todos os aeroportos da rede europeia, adaptados às novas medidas.
No entanto, deixou o alerta: passageiros que não cumprirem as regras e apresentarem malas maiores do que as permitidas terão de pagar a taxa de check-in da bagagem diretamente na porta de embarque.
Uma mudança com impacto direto na experiência de viagem
A alteração, embora aparentemente pequena, é vista como uma melhoria significativa para quem viaja apenas com bagagem de mão. Os cinco centímetros extra de profundidade permitem transportar objetos que antes ficavam de fora — como calçado adicional, pequenos dispositivos eletrónicos ou até roupa mais volumosa, essencial em viagens no inverno.
Para uma companhia aérea frequentemente criticada pelas restrições ao transporte de bagagem, este alargamento pode ser interpretado como uma tentativa de melhorar a relação com os clientes, oferecendo-lhes mais comodidade sem custos acrescidos.
Contexto legal e batalhas judiciais
A decisão surge num momento em que a Ryanair e outras companhias low-cost estão sob maior escrutínio das autoridades. Em Espanha, o Ministério do Consumo multou cinco transportadoras — incluindo a Ryanair — por práticas consideradas abusivas, entre as quais a cobrança de suplementos pela bagagem de mão.
No caso da Ryanair, a coima chegou aos 109 milhões de euros, mas encontra-se suspensa enquanto decorre a análise do Tribunal Superior de Justiça de Madrid. Michael O’Leary, presidente executivo da companhia, mostrou-se confiante de que a justiça europeia acabará por confirmar que as companhias aéreas têm liberdade para definir preços de bagagem.
Recordou ainda que o Tribunal de Justiça da União Europeia já tinha decidido em 2014 que as transportadoras podem cobrar pela bagagem de cabine, desde que os passageiros possam transportar gratuitamente uma mala de dimensões razoáveis para os seus pertences pessoais — o que, segundo a Ryanair, está agora mais do que garantido.
O que muda na prática para os passageiros
- Dimensão da mala gratuita: passa de 40x30x15 cm para 40x30x20 cm.
- Aumento de capacidade: mais 33% de volume disponível.
- Obrigação: a mala tem de caber debaixo do assento da frente.
- Bagagem adicional: apenas disponível para quem compra o serviço de Prioridade de Embarque.
- Fiscalização: novos medidores instalados em todos os aeroportos Ryanair.
Entre conveniência e vigilância apertada
A medida coloca novamente em evidência o equilíbrio entre conveniência e regras apertadas. Por um lado, os passageiros beneficiam de mais espaço sem custos adicionais; por outro, o controlo mantém-se rigoroso, e qualquer desvio pode traduzir-se em taxas elevadas de última hora.
Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada já receberam os novos medidores, pelo que os viajantes portugueses também deverão adaptar-se de imediato às novas dimensões. Para quem viaja frequentemente apenas com bagagem de cabine, a mudança poderá representar uma diferença prática significativa, sobretudo em viagens de curta duração.
A Ryanair continua assim a consolidar a sua estratégia: voos baratos, operações rápidas e regras estritas. Mas, desta vez, os passageiros saem beneficiados com um pouco mais de espaço para levar consigo o essencial.
Dicas práticas para evitar surpresas na hora do embarque
Para quem viaja frequentemente com a Ryanair, a nova medida traz vantagens, mas exige atenção redobrada. O ideal é medir e testar a mala antes da viagem, garantindo que não ultrapassa os 40x30x20 cm permitidos. Escolher mochilas maleáveis ou malas com compartimentos ajustáveis pode ajudar a aproveitar ao máximo o espaço sem arriscar taxas inesperadas. É também recomendável chegar cedo ao aeroporto, pois o controlo de bagagem é feito com maior rigor nas portas de embarque.
Quem pretende transportar mais do que o permitido deve ponderar a compra antecipada do serviço de Prioridade de Embarque, que costuma sair mais barato do que pagar taxas adicionais no aeroporto. Assim, a experiência de viagem mantém-se fluída, económica e sem contratempos de última hora.
Stock images by Depositphotos