Decidir quem foi o melhor rei de Portugal é uma tarefa complexa e que certamente divide opiniões. Ao longo de séculos, Portugal foi governado por monarcas cujos feitos deixaram marcas profundas na história do país, enquanto outros governantes tiveram atuações menos relevantes ou até desastrosas.
Muitos reis destacaram-se pelas suas campanhas militares, pela expansão do território, pelo combate à ameaça estrangeira, ou ainda pelo apoio à cultura, à justiça e ao desenvolvimento da língua portuguesa. Cada um destes aspetos contribui para a singularidade de certos monarcas, tornando difícil eleger apenas um como o melhor. Neste artigo, apresentamos alguns dos reis portugueses mais notáveis, figuras cujas realizações ainda hoje são recordadas.
1. D. Afonso I (1139-1185): “O Conquistador”
Afonso Henriques é uma figura incontornável na história de Portugal, sendo lembrado como o primeiro rei e fundador do reino. Logo no início do seu reinado, enfrentou o desafio de se afirmar como governante perante o seu primo D. Afonso VII de Leão, que se considerava imperador e a quem todos os reis da Península deviam vassalagem.
Após uma série de vitórias sobre os muçulmanos, nomeadamente na batalha de Ourique, em 1139, D. Afonso Henriques proclamou-se rei. Foi apenas em 1179 que a sua autonomia foi reconhecida pela Santa Sé, o que fez de Portugal um reino oficialmente independente, em troca de um tributo anual ao Papa Alexandre III.
Para além de afirmar a independência de Portugal, D. Afonso Henriques expandiu significativamente o território, conquistando Santarém e Lisboa em 1147, com a ajuda de cruzados estrangeiros.
Palmela, Almada, Évora e Beja também foram conquistadas e reconquistadas, numa incessante luta contra as forças muçulmanas. Este espírito guerreiro e a determinação em consolidar o reino valeram-lhe o título de “O Conquistador”. O seu papel foi fundamental para estabelecer as fronteiras iniciais de Portugal e a identidade nacional que, ainda hoje, perdura.
2. D. Dinis I (1279-1325): “O Lavrador”
Dinis I é lembrado como um dos reis mais visionários de Portugal, conhecido pelo seu apoio à agricultura e à economia nacional. Com o título de “O Lavrador”, D. Dinis implementou políticas que impulsionaram a produção agrícola, incentivando a distribuição de terras e promovendo a posse de pequenas propriedades.
Uma das suas iniciativas mais famosas foi o plantio do pinhal de Leiria, que visava proteger o solo das areias e fornecer madeira para a construção naval, uma visão prática que ainda hoje beneficia o país.
Além disso, D. Dinis dedicou-se à modernização do reino, criando a primeira universidade portuguesa em 1290, originalmente em Lisboa, e mais tarde transferida para Coimbra. O rei tinha também grande apreço pelas letras, sendo ele próprio um poeta reconhecido.
A sua proteção à cultura e o apoio ao desenvolvimento educacional e jurídico foram fundamentais para consolidar o espírito cultural português. No âmbito da defesa, ordenou a construção e o fortalecimento de castelos e muralhas por todo o reino, garantindo segurança contra invasões externas. A sua liderança sábia e estratégica faz dele um dos monarcas mais completos e amados da história de Portugal.
3. D. João II (1481-1495): “O Príncipe Perfeito”
Conhecido como “O Príncipe Perfeito”, D. João II é amplamente considerado um dos monarcas mais influentes e estrategas da história de Portugal. O seu reinado marcou uma transição importante, fortalecendo a centralização do poder real e subjugando a influência excessiva da nobreza, o que lhe valeu a reputação de ser um governante implacável, até mesmo tirânico, aos olhos de alguns.
Contudo, o seu rigor e determinação foram essenciais para assegurar a estabilidade do país, consolidando as bases de um estado moderno e preparando o caminho para os Descobrimentos.
D. João II também foi visionário na esfera diplomática, incentivando uma união ibérica que pudesse trazer estabilidade à Península. Casou o seu herdeiro, D. Afonso, com a infanta Isabel, filha dos Reis Católicos de Espanha. Infelizmente, a tragédia impediu a realização dos seus planos, com a morte prematura do príncipe herdeiro.
Mesmo assim, o impacto de D. João II foi sentido bem para além de Portugal: a rainha Isabel, a Católica, sua prima e rainha de Espanha, ao saber da sua morte, exclamou: “Morreu o Homem!” – uma homenagem ao seu valor e determinação.
A força e o pragmatismo de D. João II, juntamente com o seu papel na expansão marítima, foram cruciais para transformar Portugal numa potência global nos séculos seguintes, preparando o caminho para a era dourada dos Descobrimentos, que enriqueceu cultural e economicamente o país.
Conclusão
Escolher o melhor rei de Portugal é uma questão de perspetiva e de valores, avança a VortexMag. Cada um dos monarcas acima mencionados deixou um legado distinto que contribuiu para o desenvolvimento de Portugal de diferentes formas: D. Afonso Henriques, ao estabelecer o reino; D. Dinis, ao promover a agricultura, a cultura e a justiça; e D. João II, ao consolidar o poder e preparar a expansão ultramarina. Estes reis representam a força, visão e determinação que moldaram Portugal e continuam a inspirar o seu povo até aos dias de hoje.