“Porta-te bem ou vem aí o Bicho-Papão para te levar”. Quem é o Bicho-Papão que gosta de devorar crianças mal-educadas e malcomportadas?
Existe um conhecimento sobre esta criatura em diferentes culturas. O folclore do bicho-papão encontra-se espalhado por diversos países dispersos pelo mundo. Ele, tal como outras ameaças sobrenaturais, tem o propósito de colocar as crianças na linha.
Esta criatura é uma entidade assustadora que surge em diversos países ajudando os pais a terem filhos mais obedientes. É um último recurso parental ou dos educadores que permite usar o medo para domesticar as crianças mais “selvagens”.
O Bicho-Papão é um ser sombrio que tem uma dieta rigorosa e curiosa: devora crianças malcriadas!….
Quem tem medo do Bicho-Papão? A origem da lenda…
Os nomes do Bicho-Papão
O “Boogeyman”, como é chamado em diversos filmes, pode ser conhecido por vários nomes. Este monstro também pode ser conhecido por nomes como: Bitu, Papa-Gente, Papão, Tutu, Manjaléu, Bebe Papão, Papa-Figo, Coca ou Mumuca.
Presença do Bicho-Papão no mundo
O Bicho-Papão é um ser imaginário que faz parte das mitologias infantis. As culturas portuguesa e brasileira podem ser muito diferentes, mas ambas têm nesta criatura uma matéria de interesse.
Mas, na Península Ibérica, esta criatura também pode ser encontrada, nomeadamente na Galiza, na Catalunha e nas Astúrias, locais em que o Bicho-Papão é apresentado como tendo um tamanho gigantesco, sendo dotado de uma boca enorme, revelando olhos de fogo e um estômago de forno ardente.
No cinema, existem diversas produções com esta criatura, que é conhecido como “Boogeyman”.
Caraterísticas do Bicho-Papão
O Bicho-Papão revela-se a personificação do medo. Ele costuma ser retratado como um ser mutante, ou seja, pode assumir diferentes formas, de acordo com os medos das suas vítimas.
Ele pode ser a encarnação do mal, sendo retratado com um aspeto monstruoso ou como um ser animalesco, comedor de crianças. Também pode ser uma criatura peluda, com garras afiadas e olhos vermelhos…
Assim, apesar das diversas versões do seu aspeto físico, eles partilham a sua missão. A sua principal função é devorar crianças. Ele tem um gosto particular por crianças desobedientes e malcomportadas. Por isso, os pais e educadores usam a frase “porta-te bem, senão vem o bicho-papão!…”
Onde vive
O medo infantil do Bicho-Papão é natural, pois esta criatura é sempre retratada como um ser horroroso, gigantesco e assustador. Ele surge do inesperado, aparece à noite ou na escuridão.
Ele pode surgir no telhado das casas, onde fica a avaliar o comportamento das crianças. Depois, pode surgir do escuro que se esconde debaixo da cama, dentro de gavetas, por detrás de uma porta ou dentro do armário, entre outras opções. Certo é que esta entidade está sempre pronta a assustar as crianças.
A utilidade do Bicho-Papão
O bicho-papão é um dos seres míticos criados (como o homem do saco) que revela uma utilidade, inspirando o medo. Assim, esta entidade revela-se um recurso usado por pais e educadores para assustar as crianças, como forma de as impedir de ter comportamentos incorretos.
Ajudam os pais desesperados que não conseguem colocar os seus filhos na cama na hora adequada, entre outras situações. As crianças tendem a desobedecer, a fazer asneiras, a desrespeitar as regras impostas, a desarrumar o quarto, a desrespeitar os pais ou amigos, a desrespeitar os horários (como demorar a comer), a realizar comportamentos inadequados. Por isso, convém “inspirar” as crianças a agir de forma correta. Por vezes, usa-se o medo. Por isso, até existem canções de embalar com esta criatura…
Em Portugal, existe uma antiga cantiga de embalar com o bicho-papão, que é a seguinte:
“Vai-te papão, vai-te embora
de cima desse telhado,
deixa dormir o menino
um soninho descansado.”
A sua presença na arte
Não é apenas no cinema que o Bicho-Papão se revela uma inspiração, como fica comprovado na obra do famoso pintor Francisco de Goya, “Que viene el Coco” (“Que venha o bicho-papão/O bicho-papão está vindo”, de 1797).
Cultura ortodoxa
Embora esta lenda tenha sido uma estratégia em vários países para inspirar o medo nas crianças, levando-as a fazer o que está certo (ir para a cama na hora certa, comer a sopa, evitar asneiras, pedir desculpa depois de uma asneira, entre outras), esta é uma solução inadequada.
Criar medos nas crianças é errado e recorrer a mentiras e ficções mal-intencionadas pode gerar um bom resultado no imediato, mas é apenas aparente, pois não gerará bons frutos a médio e a longo prazo.
Os pais, avós ou outros cuidadores de todo o mundo que no passado usaram este tipo de estratégias cometeram um erro. Além de poderem ter feito com que as crianças com mais imaginação desenvolvessem certos traumas, o procedimento mais adequado é ensinar a criança que as (más) ações geram consequências.
A visão atual
Por isso, os seus (maus) comportamentos terão efeitos indesejados. As histórias assustadoras como as do Bicho-Papão podem desencadear nas crianças diversos problemas, nomeadamente consequências indesejadas como pesadelos, medo de dormirem sozinhas, fazerem xixi na cama ou terem medo do escuro.
Por isso, convém explicar à criança que, quando faz uma asneira, existem consequências, punições e castigos, tal como acontece com os adultos que fazem outro tipo de asneiras, nomeadamente crimes.
Quando a criança tem idade de entender, deve refletir sobre o seu comportamento de forma a posteriormente optar pelo procedimento mais adequado perante os diferentes contextos que possa encontrar. Recorrer sempre a este monstro pode até resultar no imediato, impedindo que ela opte por determinadas escolhas.
Isto pode fazer com que a criança vá para a cama na hora certa, coma a sopa, não diga asneiras, respeite as regras impostas, peça desculpa após fazer uma asneira, mas depois de crescer deixará de ter medo do Bicho-Papão. Aí, já será tarde para educar, pois não haverá medo como critério para distinguir os comportamentos incorretos dos corretos.
Educar com a verdade, com a informação adequada, pode levar mais tempo a apresentar resultados, mas seguramente que será melhor para o adulto em que a criança se tornará.
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