Em 1899, houve um surto de Peste Negra em Portugal. Conheça as consequências e história de como a peste fechou a cidade do Porto.
A história é rica em acontecimentos que, se analisarmos devidamente, podem ajudar-nos a olhar para a realidade de hoje de uma perspetiva distinta.
Recentemente, vivemos um contexto delicado, em que uma pandemia assolou o planeta causando diversas mortes, infetando milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta pandemia, levou os países a optarem por diversas medidas que alteraram profundamente o quotidiano das pessoas (quarentenas, confinamentos, negócios fechados ou com horários muito limitados, uso de máscara obrigatório, afastamento social de 2 metros, entre inúmeras outras medidas).
No passado, já houve outros momentos do género, em que o surgimento de uma doença limitou a liberdade das pessoas. Conheça agora a história de quando a peste fechou a cidade do Porto!
Quando a peste fechou a cidade do Porto em 1899
A morte
Um espanhol de 47 anos de idade terá sido o primeiro a demonstrar os sintomas característicos da peste. O seu nome era Gregorio Blanco. Ele era carrejão de bordo e de armazéns de porto.
Gregorio encontrava-se a carregar trigo para os armazéns da casa Barreto, mas sentia que algo não estava diferente. Já há alguns dias que não se sentia bem. O homem sentia-se adoentado e havia uma pontada que surgia no lado direito do seu corpo, a qual o incomodava.
No dia 5 de junho de 1899, saiu de um dia de trabalho taciturno e cambaleante, o que foi associado a um consumo abusivo de álcool. Contudo, os amigos e os vizinhos perceberam que a sua interpretação era errada, quando viram que ele demorou demasiado tempo, após uma ida à latrina. Eles perceberam que a razão da demora era a pior que se podia esperar. Gregorio encontrava-se morto…
A propagação
Após esse acontecimento, surgiram novas maleitas em pessoas que privaram com Gregorio, que vivia no nº 88 da Rua Fonte Taurina, situada no coração da Ribeira. Depois, as mesmas maleitas foram surgindo nas pessoas que habitavam nas proximidades.
E, posteriormente, as maleitas apareceram nas casas seguintes: passou para a Rua dos Mercadores, atravessou as Escadas dos Guindais, passou o Muro dos Bacalhoeiros… Foram cada vez mais as pessoas a demonstrarem sintomas. Percebeu-se que as pessoas que demonstravam estar afetadas tinham privado recentemente com outras pessoas que apresentavam maleitas.
A informação
No dia 4 de julho de 1899, cerca de um mês após a morte de Gregorio, Ricardo Jorge, que era diretor do Posto de Saúde Municipal, recebeu um bilhete de “um negociante da Rua de S. João”. A mensagem visava alertar para o surgimento de diversas maleitas, tendo muitas delas resultado em óbitos.
Ricardo Jorge enviou um funcionário ao local, o qual informou que havia por ali “uma espécie de febre com nascidas debaixo dos braços”, uns “bubões”. No dia seguinte, no dia 6, o médico assume as rédeas da operação e correlaciona os casos, existindo dez infetados e quatro mortes.
Por isso, recolhe amostras que são analisadas num microscópio, no seu próprio laboratório bacteriológico. Ficou claro de que se tratava da peste bubónica, também conhecida como “peste negra”.
O surgimento da doença
No ano de 1899, o médico investigador Ricardo Jorge comunicou que a peste bubónica tinha surgido no Porto. O acontecimento levou a meses de agitação, pois a imposição de um cordão sanitário levou a um sentimento de revolta face a Lisboa.
Ricardo Jorge informou no dia 12 de julho, por ofício, Pina Callado, que era o governador civil da cidade, fazendo questão de recomendar “internamento e isolamento de todos os contagiados”. Este informou as autoridades em Lisboa.
No dia 8 de agosto, a confirmação seria validada por Luís Câmara Pestana, diretor do Instituto de Bacteriologia de Lisboa, que morreria pouco depois, vítima da própria peste. Todas as pessoas que foram vítimas são importantes, mas esta terá sido a vítima mais famosa.
Medidas
– Imposição de um cordão sanitário em torno da cidade.
– Impedimento de entradas e saídas do Porto.
– Ações de fiscalização e de desinfeção em zonas portuárias.
– Ações de fiscalização e de desinfeção nas estações de caminho de ferro.
– Mercadorias paradas nos portos, sem permissão para chegarem às casas de comércio.
– Casas de comércio e algumas fábricas encerraram portas.
– Os bombeiros fizeram queimadas, combatendo o estado de insalubridade de certos alojamentos, nomeadamente na zona onde Gregorio faleceu.
O “boicote” de Lisboa e a quarentena imposta
A decisão tomada pelo governo central foi mal recebida. Muitas pessoas da cidade Invicta viram esta medida como uma “humilhação”. A “cidade do trabalho”, nomeadamente aos olhos da burguesia e dos comerciantes, via esta medida como uma forma de boicote aos tempos de prosperidade que a cidade do Porto vivia.
A quarentena foi em frente, estando o Porto isolado durante quatro meses. A tropa impôs o cerco sanitário numa cidade pobre e suja, que tinha a sua classe operária a viver em condições insalubres e sem saneamento básico. Havia ratos e pulgas, sendo esta a razão mais provável para a transmissão do bacilo ao homem.
O resultado da peste
No total foram infetadas 320 pessoas, tendo resultado em 132 mortes. Houve muitos que perderam emprego.
Nao sei cá porque desconfio que as lojas nao estiveram fechadas coisa nenhuma… mais propaganda mediática pró-confinamento…